Terceira vitória seguida na Liga dos Campeões não esconde os problemas crônicos do Barcelona de Ronald Koeman
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória de Messi e companhia sobre o Dínamo de Kiev
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória de Messi e companhia sobre o Dínamo de Kiev
O Barcelona praticamente encaminhou sua classificação para as oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA ao vencer o Dínamo de Kiev por 2 a 1 nesta quarta-feira (4). Mas é preciso deixar bem claro que nem mesmo a terceira vitória seguida na competição continental foi capaz de esconder os crônicos problemas da equipe comandada por Ronald Koeman. Mesmo tendo a perfeita noção de que a temporada ainda está no começo e que o contexto imposto pela pandemia de COVID-19 torna a preparação das equipes muito mais complicada, é preciso notar o escrete blaugrana cometeu erros bobos no confronto contra a equipe ucraniana. Principalmente na recomposição defensiva, onde De Jong jogou improvisado e Busquets já não entrega mais o bom futebol de outros tempos. Não foi por acaso que Ter Stegen foi considerado um dos melhores em campo. E isso diz muito.
The Wall. Is. Back. pic.twitter.com/YwWcTsOGPN
— FC Barcelona (@FCBarcelona) November 4, 2020
Sem Philippe Coutinho (lesionado), Ronald Koeman manteve o seu 4-2-3-1 com Griezmann no comando de ataque e Messi jogando logo atrás do francês com liberdade para circular por todo o campo. Ansu Fati e Pedri ficavam mais pelos lados, mas também apareciam por dentro e abriam o corredor para as subidas de Dest e Jordi Alba. A construção ofensiva do Barcelona seguia um padrão estabelecido e até que conseguia gerar um bom volume de jogo em determinados momentos. E o pênalti sofrido (e convertido) por Messi logo aos quatro minutos do primeiro tempo deixava a impressão de que (finalmente) a equipe catalã não sofreria muito para vencer o Dínamo de Kiev (armado por Mircea Lucescu num 4-1-4-1 que concedia espaços demais entre as suas linhas). Mas bastou que o Barcelona diminuísse o ritmo para que os velhos problemas reaparecessem com força no Camp Nou.
Messi parte da intermediária e ataca o espaço vazio enquanto Pjanic passa para Jordi Alba (que se posiciona mais por dentro) com Pedri abrindo o campo pela esquerda. O Barcelona seguia um padrão de jogo bem definido na hora de atacar e levou perigo quando aplicou intensidade nas transições. Foto: Reprodução / Esporte Interativo
Conforme foi diminuindo o ritmo e a intensidade nas suas transições ofensivas, o Barcelona permitiu que o Dínamo de Kiev crescesse na partida e levasse perigo ao gol defendido por Ter Stegen (que fazia seu primeiro jogo na temporada e seguia salvando a pátria catalã com grandes defesas). Nem mesmo o gol de Piqué (em belo cruzamento de Ansu Fati) conseguiu dar um pouco de tranquilidade ao escrete blaugrana, que seguia errando demais na recomposição defensiva. Ronald Koeman tirou De Jong da zaga com a entrada de Lenglet no lugar de Busquets e tentou dar mais velocidade ao time com Trincão, Demeblé e Sergi Roberto, mas sem conseguir ser efetivo. Enquanto o ataque errava passes bobos, a defesa sofria com a velocidade do adversário. Tal como aconteceu nos erros de posicionamento de Lenglet e Jordi Alba no lance que originou o gol de Tsygankov.
Lenglet permite que Verbic tome sua frente em cruzamento vindo da esquerda. Ter Stegen chega a salvar no primeiro chute, mas Tsygankov aproveita o vacilo de Jordi Alba na recomposição e toca para o gol vazio. Os erros de posicionamento são constantes no Barcelona de Ronald Koeman. Foto: Reprodução / Esporte Interativo
O gol do Dínamo de Kiev ligou o sinal de alerta no Barcelona. Tanto que Demebelé e Trincão criaram boas chances, mas pararam no bom goleiro Neshcheret. Mesmo assim, os comandados de Ronald Koeman entregaram muito pouco nessa partida. Não somente pela qualidade do adversário, mas pela maneira como todo o time se comportou durante o jogo no Camp Nou. Não foi por acaso que o treinador holandês resolveu fechar ainda mais o meio-campo com a entrada de Aleñá no lugar de Pedri e a adoção de uma espécie de 4-1-4-1 que tinha Messi jogando muito isolado no comando de ataque e com Sergi Roberto como “assistente” de Dest na lateral-direita. A falta de intensidade e de competitividade do Barcelona tem muito sim a ver com aspectos técnicos e táticos, mas também diz muito sobre o momento do clube e as escolhas da sua diretoria nessas últimas temporadas.
O Barcelona terminou a partida no Camp Nou jogando numa espécie de 4-1-4-1 que isolou Messi no campo de ataque e que demostrava muita preocupação em não levar mais gols. Se o ataque vacila demais nas conclusões a gol, a defesa segue como uma das grandes pedras no sapato de Ronald Koeman. Foto: Reprodução / Esporte Interativo
Mesmo tendo perfeita noção de que o calendário do futebol mundial exige jogos a todo momento e que o tempo para treinamentos (e correção de problemas) é cada vez mais escasso inclusive na Europa, é preciso dizer que o Barcelona vem jogando muito abaixo do que se espera dele. Este que escreve até viu coisas boas no início da temporada, quando Ronald Koeman tentava encontrar meios de acabar com a “messidependência” na sua equipe (relembre clicando aqui). O grande X da questão está na falta de consistência e de regularidade. O Barcelona mostra boas ideias, tem um padrão de jogo definido, mas parece se “desligar” nas partidas. Foi assim contra o Real Madrid e foi assim contra o Dínamo de Kiev. E impressiona também a postura de Messi em campo. Parece que o camisa 10 perdeu o brilho que tinha nos olhos em tempos não tão longínquos assim. Preocupante.
Apesar de todos os problemas, a classificação na Liga dos Campeões parece encaminhada para o Barça muito mais pela fragilidade dos seus adversários do que por mérito próprio. Mas é preciso abrir o olho para a sequência da temporada, onde o sarrafo vai subindo e exigindo ainda mais qualidade e consistência das equipes. Ainda mais no principal centro do futebol mundial.
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