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Desfalques, sustos na defesa e falta de concentração: os muitos problemas do Flamengo de Domènec Torrent

Luiz Ferreira analisa a vitória do Mengão sobre o Athletico Paranaense na coluna PAPO TÁTICO

Por Luiz Ferreira em 05/11/2020 12:03 - Atualizado há 3 anos

Alexandre Vidal / Flamengo

Luiz Ferreira analisa a vitória do Mengão sobre o Athletico Paranaense na coluna PAPO TÁTICO

Por mais que o torcedor reclame e critique seu time do coração, é preciso sempre lembrar que toda análise PRECISA levar em consideração o contexto no qual uma equipe de futebol está inserida. Não somente pela pandemia de COVID-19, mas por todo o conjunto da obra que envolve um calendário insano, inúmeros desfalques por lesão e a já conhecida e amplamente comentada falta de tempo para treinar. Essa é a mais ou menos a situação de Domènec Torrent no Flamengo. É bem verdade que o time venceu o Athletico Paranaense e se garantiu nas quartas de final da Copa do Brasil, mas a vitória por 3 a 2 escancarou ainda mais os problemas do escrete carioca. Erros individuais, uma certa displicência em determinados momentos e um desequilíbrio enorme entre os setores. Se o ataque corresponde lá na frente, a defesa segue sendo um problema grave do Fla de Dome.

O Flamengo iniciou a partida contra o Athletico Paranaense se impondo através do 4-2-3-1/4-1-4-1 de Domènec Torrent. Gerson e Thago Maia se lançavam bastante ao ataque e ajudavam a abrir espaços para as chegadas de Éverton Ribeiro, Bruno Henrique e Pedro. Não foi por acaso que o escrete da Gávea chegou a dois gols de vantagem através do oportunismo do seu camisa 21 em jogadas bem trabalhadas pelo meio-campo. Do outro lado, o Furacão tentava sair para o ataque através do 4-2-3-1 proposto por Paulo Autuori, mas esbarrou na falta de competitividade da equipe paranaense e na lesão do argentino Lucho González ainda no primeiro tempo. Mesmo assim, o Athletico levava perigo muito ao gol de Hugo por conta do espaço que existia entre as linhas do Flamengo e da falta de concentração do sistema defensivo de Dome em vários momentos do jogo no Maracanã.

Thiago Maia e Gerson participavam ativamente das jogadas de ataque do Flamengo, mas abriam espaços generosos e sobrecarregavam Willian Arão na cobertura. Não foram poucas as vezes em que Reinaldo, Carlos Eduardo e Ravanelli (substituto de Lucho González) recebiam a bola na frente com a defesa do Fla completamente desarrumada.

A falta de concentração se torna ainda mais evidente no lance do primeiro gol do Athletico Paranaense. Willian Arão recupera a bola e tem bastante espaço para fazer o lançamento longo ou cadenciar o ritmo na frente da área. O camisa 5, no entanto, tenta o passe para Gerson, que não vê o volante Erick se aproximando. E a postura corporal dos comandados de Domènec Torrent diz muito sobre como o sistema defensivo estava desorganizado. Ninguém tenta bloquear o chute do camisa 26. Thiago Maia, Willian Arão, o próprio Gerson e toda a primeira linha do Fla apenas observam Erick dominar a bola, ajeitar o corpo e acertar um belo chute. Cobra-se demais da zaga flamenguista, mas o que quase ninguém viu foi a falta de concentração na saída de bola a dose cavalar de displicência do Flamengo em lances como esse. É como se o time de Dome se “desligasse” em determinados momentos.

Willian Arão erra o passe para Gerson e os volantes do Flamengo apenas observam Erick roubar a bola, ajeitar o corpo e acertar o gol defendido por Hugo. Ao mesmo tempo, os espaços à frente da última linha defensiva são enormes e não foram corrigidos por Dome nesse primeiro tempo de jogo. Foto: Reprodução TV Globo.

Vale lembrar que o Flamengo foi bem no setor ofensivo apesar dos desfalques de Gabigol e Arrascaeta e dos problemas citados anteriormente. E um jogador foi fundamental para o sucesso da equipe de Domènec Torrent nesta quarta-feira (4): trata-se do lateral Matheuzinho. O camisa 34 não comprometeu na defesa, chegou ao ataque com bastante consistência e ainda formou boa dupla com Éverton Ribeiro no lado direito. Tanto que foi dele a assistência para Pedro marcar o segundo gol do Flamengo na partida. São lances que mostram que Dome (mesmo com todos os problemas) vem conseguindo fazer o Flamengo produzir muito no ataque. Falta, é claro, acertar mais as conclusões a gol e transformar o volume de jogo em gols. Mas o que se viu diante do mar de desfalques é, sem dúvida, um alento para quem temia que a equipe carioca fosse cair de produção nesse quesito.

Mas o Fla ainda permite que seus adversários cheguem com muita facilidade perto de sua área. Foi assim no jogo de ida contra o próprio Athletico Paranaense e contra o São Paulo no último domingo (1). Assim como Jorge Jesus, Domènec Torrent também quer que sua equipe marque a saída de bola e chegue com muito volume e intensidade ao ataque. O grande X da questão está no balanço defensivo. A defesa demora para acompanhar o meio-campo que, por sua vez, não recompõe com a rapidez necessária. Além disso tudo, o Flamengo (mesmo depois que Michael fez o terceiro gol) ainda sofreu com os “apagões” no seu sistema defensivo. O lance do gol de Bissoli é emblemático nesse sentido. Willian Arão e Thuler tiveram a oportunidade de bloquear o ataque do Furacão, mas vacilaram de maneira incrível em lance relativamente fácil. Erros que poderiam ter custado a classificação.

Paulo Autuori mandou o Athletico Paranaense ao ataque no segundo tempo, mas só conseguia ser levar perigo ao gol de Hugo por conta da péssima noite do sistema defensivo do Flamengo. Dome fez as cinco substituições, mas os problemas da sua equipe permaneciam. Falta equilíbrio e coordenação em todos os setores do Fla.

Este que escreve começou esta análise falando de contexto. É preciso lembrar que o Flamengo jogou nove vezes no mês de outubro e vai realizar mais nove partidas em novembro. Com dois jogos por semana, o treinamento e a correção dos problemas defensivos do time se torna praticamente impossível para Domènec Torrent ou qualquer outro treinador do mundo. É como se o catalão fosse tentando trocar o pneu do carro com ele andando. Fora isso, os desfalques de Rodrigo Caio, Arrascaeta e Gabigol ainda são bastante sentidos por todo o time. Não somente pela qualidade desses três, mas pela experiência adquirida desde os tempos de Jorge Jesus. Mesmo assim, a vitória em cima do Athletico Paranaense ligou o sinal de alerta na Gávea. São 34 gols sofridos em 25 partidas com Dome no comando do Flamengo. É muita coisa para um time que tinha uma consistência enorme não faz muito tempo.

Que o torcedor rubro-negro não se engane. Enquanto o Fla não esvaziar seu departamento médico, a vida de Domènec Torrent vai ficar ainda mais complicada. E jogar a responsabilidade no colo de jovens valores como Noga, Natan e Ramon não vai adiantar de nada. Não há tempo para treinamentos e a equipe está sentindo isso. Preocupante demais. Ainda mais com as oitavas de final da Libertadores chegando.

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