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Cruzeiro mantém série invicta, mas ainda precisa de mais consistência para se livrar do calvário na Série B

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate dos comandados de Felipão com o Figueirense nesta sexta-feira (20)

Por Luiz Ferreira em 21/11/2020 02:01 - Atualizado há 4 anos

Bruno Haddad / Cruzeiro

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate dos comandados de Felipão com o Figueirense nesta sexta-feira (20)

É bem verdade que o Cruzeiro ainda não perdeu com Luiz Felipe Scolari. Desde a partida contra o Operário (disputada no dia 20 de outubro), a Raposa venceu três jogos e empatou outros três, com nove gols marcados e cinco sofridos. Bons números para quem sofria com a possibilidade de ser rebaixado para a Série C não faz tanto tempo assim e que ainda precisava buscar um norte em meio à crise na Toca da Raposa. Por outro lado, também é preciso notar que o Cruzeiro também sofre com a falta de consistência em todos os seus setores e com uma irregularidade grande durante os jogos da Série B. Prova disso foi o empate com o Figueirense (que contou com a estreia de Jorginho no comando da equipe) nesta sexta-feira (20), no Mineirão. Os comandados de Felipão sofreram com o jogo mais vertical e objetivo do escrete catarinense dentro dos seus próprios domínios.

É bem compreensível que Felipão queira mandar a campo uma equipe mais experiente para “segurar o rojão” na Série B. Marcelo Moreno (33 anos) foi a referência ofensiva do seu 4-2-3-1 que tinha Rafael Sóbis (35 anos) jogando mais por dentro, Régis (27 anos) iniciando a partida jogando mais à esquerda e o garoto Airton (21 anos) colocando velocidade e fazendo boa dupla com Raul Cáceres pelo lado direito. O time celeste iniciou bem o jogo ao povoar o campo ofensivo com a chegada dos volantes Ramon e Jadsom Silva e o apoio constante dos laterais. O grande pecado da Raposa, no entanto, estava nas tomadas de decisão e na transição defensiva. Não era raro ver o Cruzeiro tentando colocar intensidade no ataque, mas indo muito mal na cobertura e abrindo espaços generosos na frente da sua dupla de zaga. Não foi por acaso que o time de Felipão viria a sofrer tanto no jogo.

O 4-2-3-1 de Felipão tinha Marcelo Moreno e Rafael Sóbis por dentro, Régis e Airton pelos lados e apoio constante dos laterais Raul Cáceres e Patrick Brey (este último chegando mais por dentro em alguns lances). O problema estava na recomposição defensiva e nas tomadas de decisão. Foto: Reprodução / SPORTV

Não foi por acaso que o gol do Figueirense (marcado por Léo Arthur em belo toque de cobertura) nasceu de um desses momentos de desatenção da defesa do Cruzeiro e dos erros de posicionamento dos jogadores depois de um escanteio mal cobrado. Jorginho (que fazia a sua estreia no Figueira) entendeu bem o cenário e tratou de montar a sua equipe de modo a explorar esses problemas no seu adversário dessa sexta-feira (20). Matheus Neris e Patrick protegiam bem a linha defensiva e tratavam de acionar rapidamente o quarteto ofensivo formado por Bruno Michel, Lucas Barcelos, Diego Gonçalves e do já mencionado Léo Arthur. Bola roubada na intermediária era sinônimo de passe longo para o camisa 11 do Figueira segurar a bola e aproveitar os espaços às costas de Cacá e Manoel a partir do posicionamento dos extremos do escrete comandado por Jorginho pelos lados do campo.

O Figueirense de Jorginho soube bem como explorar os problemas defensivos do Cruzeiro de Felipão. A começar pelos espaços entre meio-campo e ataque e a falta de cobertura dos volantes nas laterais. A Raposa poderia ter se complicado de verdade se o escrete catarinense tivesse mais capricho nas finalizações. Foto: Reprodução / SPORTV

Os números do SofaScore mostram que o Figueirense (mesmo jogando fora de casa) não se intimidou com o adversário e fez seu jogo. O escrete catarinense tentou trabalhar a bola e finalizou mais do que o Cruzeiro que, por sua vez, tentava criar situações de perigo sem muito sucesso apesar de uma leve melhora após o intervalo. Principalmente depois das substituições promovidas por Felipão. Mesmo assim, o que se via era uma Raposa mais afobada e até mesmo atrapalhada nas tramas ofensivas e um Figueira mais atento aos contra-ataques e falhando nas conclusões a gol. Régis (um dos “cascudos” que não está rendendo o esperado) encontrou problemas para se adaptar ao lado do campo na adaptação que Luiz Felipe Scolari fez para que Rafael Sóbis pudesse jogar mais perto da área. O empate acabou sendo o resultado mais justo.

Régis sofreu para se adaptar no lado do campo enquanto Rafael Sóbis jogava mais próximo da área no 4-2-3-1 de Felipão. O Cruzeiro até conseguia chegar na intermediária ofensiva, mas sofria demais com a boa marcação do Figueirense. Ao mesmo tempo, faltava velocidade para abrir espaços. Foto: Reprodução / SPORTV

Luiz Felipe Scolari já deixou bem claro que o primeiro objetivo do Cruzeiro é se manter na Série B e se livrar de qualquer possibilidade de rebaixamento. A sua preferência por um time mais “cascudo” se justifica por conta do peso que todo o elenco carrega e por toda a crise que pode se abater sobre o clube caso a Raposa não retorne para a elite do Brasileirão. Por outro lado, diante de tudo aquilo que se vê nos jogos e diante do rendimento dos jogadores mais experientes, Felipão poderia pensar na possibilidade de se colocar um meio-campo mais rápido (principalmente nos lados do campo) sem que tenha que sacrificar um para adaptar outro dentro do seu 4-2-3-1 usual. É lógico que a chegada de reforços é praticamente impossível. Mas este que escreve se pergunta até onde os “cascudos” aguentam essa maratona toda sem que o time perca consistência.

O pior já parece ter passado lá pelos lados da Toca da Raposa e a equipe parece começar a entender o que Luiz Felipe Scolari deseja que os jogadores façam dentro de campo. Mesmo assim, há como o Cruzeiro apresentar um futebol mais sólido e consistente do que o que vem apresentando. Mesmo com a sequência sem derrotas. São os pontos perdidos por conta dos problemas mencionados aqui que vão fazer diferença lá na frente.

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