Clube teve sorte com Jorge Jesus, mas não com Dome
O ex-técnico da seleção brasileira, Dunga comentou sobre as escolhas de treinadores estrangeiros feitas pelo Flamengo Além disso, ele também falou sobre a chegada de Rogério Ceni.
Dunga questionou o trabalho apresentado por Domènec Torrent, que foi contratado para substituir Jorge Jesus e foi demitido do clube após resultados negativos.
“Acho que foi por uma forma que nós estamos achando que todos os estrangeiros são bons, que todos eles vão resolver o problema. Tem que contextualizar, o seu time, a forma de pensamento, de que forma vai trabalhar. Eu fico ouvindo algumas coisas que me impressionam. O cara vai lá e traz um treinador estrangeiro, mas não sabe a forma do treinador trabalhar. Se vai se encaixar com o seu time, com a sua filosofia, da forma de pensamento que tem o clube. Temos que contextualizar antes de começar a falar. Ele foi o auxiliar do Guardiola, tá, mas qual é o trabalho que ele fez? Qual é o trabalho que deu certo? Como é que ele fazia o seu time jogar? Que característica tinham os seus jogadores? Acho que também é bom para a gente observar”, disse Dunga ao site Espn.com.br.
“Quando você chega num time como o do Flamengo, com os resultados que teve o Jesus, você não pode chegar e mudar tudo. Tem que ir lá e dar seguimento e com o tempo você vai colocando as suas ideias. Você não pode chegar lá e querer mudar tudo de uma hora para a outra, tem que ter humildade de saber que deu certo daquela forma, tudo bem, você pensa diferente, você tem a sua filosofia, sua forma de trabalhar, mas você não pode chegar e mudar tudo porque aí, é com o que eu fico mais intrigado, todo mundo fala do aspecto psicológico, esse é um aspecto psicológico. Os jogadores deram certo, ganharam daquela forma, a torcida ganhou daquela forma, os dirigentes ganharam daquela forma, aí você chega e quer mudar? Você vai mexer no psicológico do jogo, da confiança do jogador. Se estava dando certo assim, continua assim pelo mais uns dois meses, três meses, até os jogadores adquirirem confiança no treinador que está chegando e depois você vai mudando, vai dando aos poucos, vai trocando essa confiança entre um e o outro”, completou ele.
O treinador com duas passagens pela seleção brasileira ainda apontou o diferencial de Rogério Ceni, que foi contratado para o lugar de Dome, mas ainda não venceu no comando da equipe.
“Acho que não é nem uma questão de respeito. O jogador pensa, olha, vê. O trabalho que o Rogério fez, ele adquiriu confiança, os jogadores têm confiança naquilo que ele diz. Também tem a questão da língua. Querendo ou não, tem palavras que não querem dizer a mesma coisa, que são diferentes em você passar. Eu não estava lá, mas pelo o que eu li, assim, é uma frase que eu leio muito, não adianta você querer entre o bom e o bem, você querer ser muito bonzinho, agradar todo mundo. Tem que agradar pelo seu trabalho, pelas coisas, ideias que você coloca, às vezes fica complicado. Essa questão da língua é importante porque eu vejo muitos comentários, ‘ah, mas você viu o treinador’, eu olhando a televisão, vendo a televisão, às vezes eu não entendo o que o treinador está passando para o jogador de outros países. Imagina o jogador na correria, no dia a dia, isso porque não tem torcida agora no estádio. Acho muito mais o papel de um treinador estrangeiro no treinamento, no dia a dia, do que no dia do jogo. Pela questão da língua e da questão de você conseguir entender. Nesse aspecto, acho que o Rogério vai ter uma grande vantagem, pela facilidade que ele teve como jogador, era um treinador dentro de campo. Era um goleiro, muito observador e ele conhece o futebol brasileiro, conhece os jogadores que tem no Flamengo. É só encaixar as peças, tem tudo para dar certo”, concluiu Dunga.
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