Especialistas e historiadores citam desempenho individual do camisa 10 da Argentina em 1986 como um dos mais marcantes das copas do mundo. Nós concordamos
Mais do que a estéril discussão de quem foi melhor, Pelé ou Maradona, para preencher a falta de assunto das resenhas futebolísticas, sobretudo nesta data (25), que marca a despedida do “mais humano dos deuses”, como bem dizia o escritor uruguaio Eduardo Galeano, o craque argentino eternizou seu nome como um dos desempenhos individuais mais marcantes do torneio em 1986, fazendo o mundo conhecer Deus, ou pelo menos, a mão dele.
México, 1886
Você provavelmente já ouviu a frase “Maradona ganhou a Copa de 1986 sozinho”. Por mais que vencer sozinho seja impossível no futebol, é incontestável o peso do camisa 10 da Argentina no caminho daquela conquista. E os números estão a favor dessa argumentação:
o jogo que ficou na história foi o encontro de quartas de final contra a Inglaterra – um duelo cheio de antecedentes e tensões acumuladas, dentro e fora de campo, como a Guerra das Malvinas. Naquele 22 de junho, o futebol viu Diego Armando Maradona no seu auge: um craque com suas artimanhas e malandragens. O site statsbomb, especializado em estatísticas, buscou os números de Maradona naquele 2 a 1 contra os ingleses.
Deixando “A Mão de Deus” um pouco de lado, vamos nos concentrar primeiro no gol antológico: desde o momento em que pegou a bola, até o singelo toque para o fundo das redes de Peter Shilton, Maradona completou quatro dribles. Segundo o statsbomb, apenas naquela jogada Diego conseguiu mais do que 95% dos jogadores que hoje militam nas principais ligas nacionais da Europa conseguem na média por 90 minutos.
Em toda a partida, além de chamar o jogo para si, distribuir passes, criar chances e marcar os gols, Maradona completou 12 de 14 dribles que tentou. Na atual temporada europeia (2019-20), o máximo que Lionel Messi conseguiu em uma partida foi completar 11 dribles – em partida contra o Borussia Dortmund, pela Champions League, segundo a Opta Sports.
Além dos números
Se os números são fervoráveis, o espetáculo é ainda maior. Por mais que um dos gols tenha sido de mão, esse lance de malandragem só corrobora com a mística dessa partida, desse personagem. E se existem deuses do futebol mesmo, eles trabalharam bem para que esse lance irregular não fosse anulado.
A final contra a Alemanha
Se a partida com a seleção inglesa foi a mais marcante na competição, a final contra os alemães não ficou para trás. Diferentemente de muitas finais de Copa do Mundo, que geralmente são jogos mais truncados, tivemos um 3×2, com chances de todos os lados e emoção até o fim.
A Argentina dominou o primeiro tempo e saiu na frente, com gol de Brown. Na segunda etapa, Valdano ampliou para 2 a 0. Quando a seleção alemã parecia entregue, Rummenigge, diminuiu e deu novo ânimo ao time. Poucos minutos mais tarde, Voeller empatou e renovou as esperanças da Alemanha.
Muito marcado, Maradona teve poucas chances durante toda o jogo. No entanto, com a empolgação dos dois tentos e querendo fazer a virada, a seleção alemã subiu sua marcação e bastou um descuido alemão para o craque argentino decidir a partida e a Copa. Aos 38 minutos, O camisa 10 fez um belo lançamento, entre dois adversários, que encontrou Burruchaga livre para marcar o gol do merecido título mundial, o segundo da Argentina.
Melhor até mesmo que Pelé?
Podemos voltar ao velho debate/comparação com Pelé em seus desempenhos nos mundiais 1958 e 1970. Ou até mesmo de Garrincha em 1962, mas em nenhum os craques brasileiros foram tão marcantes, sejam com os números ou com a mão, quanto Dieguito, que hoje se despediu do mundo só em matéria, porque seu futebol já é eterno.
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