Estreia de Ricardo Sá Pinto mostra que Vasco tem condições de ser mais organizado e muito mais competitivo
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota do Trem Bala da Colina para o Corinthians
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota do Trem Bala da Colina para o Corinthians
Este que escreve já falou mais de uma vez que derrotas costumam deixar lições valiosas para o futuro de uma equipe. Esse é o caso do Vasco. A derrota por 2 a 1 para o Corinthians nesta quarta-feira (21) dentro de São Januário deixou o Gigante da Colina numa situação extremamente delicada no Campeonato Brasileiro. Não somente pelo quinto revés seguido na competição, mas pela possibilidade do time entrar na zona do rebaixamento ainda nessa rodada. Por outro lado, a estreia do português Ricardo Sá Pinto no comando do escrete cruzmaltino deixou a impressão de que a equipe pode melhorar no decorrer dessa temporada. O Vasco esteve mais organizado e mostrou que pode ser competitivo apesar da clara necessidade de um maior equilíbrio entre os setores. Ainda é cedo para uma avaliação mais profunda, mas certo é que ainda há muita coisa em jogo lá pelos lados de São Januário.
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De acordo com as estatísticas do SofaScore, o Vasco teve 63% de posse de bola na partida, finalizou 17 vezes a gol e teve um acerto de 83% nos passes ao longo de toda a partida em São Januário. Os bons números mostram que houve sim uma mudança de postura da equipe. Ricardo Sá Pinto apostou num 4-2-3-1/4-1-4-1 que dava mais liberdade para Henrique apoiar o ataque e que forçava as jogadas pelo lado direito com Cayo Tenório e Vinícius avançando pra cima de Fábio Santos. A equipe estava organizada em campo, mas ainda abusava dos erros de posicionamento e nas tomadas de decisão (coisas que só poderão ser corrigidas com tempo e treinamento). A primeira grande boa surpresa era Carlinhos. Sem os argentinos Benítez e Germán Cano, o camisa 23 assumiu a responsabilidade, distribuiu bem as jogadas no meio-campo e justificou a confiança de Ricardo Sá Pinto. Ótima atuação.
Carlinhos avançava ao ataque e contava com Vinícius dando profundidade pela direita (aproveitando os espaços deixados por Fábio Santos) e Talles Magno entrando em diagonal a partir do lado esquerdo. O camisa 23 foi um dos melhores do Vasco em campo e mostrou que pode ser muito útil. Foto: Reprodução / TV Globo
É preciso deixar claro que o Vasco está “aprendendo uma nova linguagem” com seu novo treinador. São métodos novos e toda uma filosofia de jogo bem diferente dos treinadores que passaram pela equipe nos últimos anos. A começar pela linha alta de marcação e pela pressão pós-perda. Ao invés de uma postura mais reativa, o técnico Ricardo Sá Pinto quer uma equipe mais ofensiva e mais agressiva nas transições. Há também um apreço pela posse da bola. Não foi por acaso que Talles Magno jogou mais próximo de Ribamar e Henrique teve mais campo para atacar. Por outro lado, o Vasco ainda precisa de ajustes nessa marcação e no posicionamento defensivo. Não foram poucas as vezes em que o promissor Cayo Tenório se afobou na marcação e abriu espaços às suas costas (como aconteceu no lance do gol de Gustavo Mantuan). Mesmo assim, são coisas que precisam de tempo para serem corrigidas e aperfeiçoadas.
Ricardo Sá Pinto quer um Vasco marcando no campo adversário, mais agressivo e intenso nas transições para o ataque e que também valorize a posse da bola. Por outro lado, ainda é preciso corrigir o posicionamento defensivo de Cayo Tenório e dos demais jogadores de defesa. Foto: Reprodução / TV Globo
Outra grata surpresa na partida desta quarta-feira (21) foi a entrada do argentino Leonardo Gil na segunda etapa. O camisa 7 reorganizou o meio-campo e fez a equipe melhorar consideravelmente com seus passes certeiros e boa visão de jogo. Não foi por acaso que as melhores chances criadas pelo Vasco aconteceram nos 45 minutos finais. Mesmo assim, ainda há a necessidade urgente de se corrigir a transição defensiva. Por mais que o segundo gol do Corinthians tenha acontecido a partir de um chute despretensioso de Everaldo (que desviou em Henrique antes de entrar), Ricardo Sá Pinto ainda precisa encontrar esse equilíbrio e fazer os ajustes necessários para que sua equipe não sofra com os contra-ataques dos adversários. Apesar da derrota, o Vasco teve volume de jogo e mostrou evolução com a chegada do português. Há um caminho a ser seguido e ele parece bastante promissor.
A transição defensiva é hoje um dos problemas mais graves do Vasco e aquele que mais merece a atenção de Ricardo Sá Pinto. Há a clara necessidade de se buscar um maior equilíbrio entre defesa, meio-campo e ataque e fazer os ajustes necessários para que a equipe continue competitiva. Foto: Reprodução / TV Globo
A tarefa de Ricardo Sá Pinto no Vasco não é nada fácil. A falta de tempo para treinar e os desfalques por lesões e suspensões tornam praticamente impossível a implementação de qualquer novo conceito na maneira de se jogar futebol. Fora isso, o elenco ainda sofre com os constantes atrasos salarias e o clima quente nos bastidores deixam tudo ainda mais complicado. Por outro lado, a estreia do treinador português deixou a impressão de que há como jogar um futebol mais eficiente apesar de todos os problemas bem conhecidos do torcedor vascaíno. E vale destacar ainda que o escrete de São Januário conseguiu mostrar um bom futebol APESAR dos desfalques de Benítez e Cano, os melhores jogadores da equipe. Há um norte, um caminho a ser seguido dentro de toda uma nova filosofia de jogo. Não é fácil e o tempo é praticamente inexistente. Mas há como essa equipe jogar mais e melhor.
Pode não parecer muita coisa. Mas a derrota para o Corinthians deixou mais pontos positivos do que negativos no Vasco de Ricardo Sá Pinto. É ajustar o time e conquistar os pontos necessários para se afastar da zona do rebaixamento e, quem sabe, ainda sonhar com alguma coisa nesse Campeonato Brasileiro. Apesar de todos os problemas citados aqui nesta coluna.
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