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Derrota para o Botafogo é o choque de realidade mais do que necessário para o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os problemas coletivos do Verdão na partida desta quarta-feira (7)

Por Luiz Ferreira em 08/10/2020 11:10 - Atualizado há 9 meses

César Greco / SE Palmeiras

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os problemas coletivos do Verdão na partida desta quarta-feira (7)

Este que escreve já havia elogiado a estratégia utilizada por Vanderlei Luxemburgo na vitória do Palmeiras sobre o Bolívar no dia 16 de setembro. A partida (válida pela Libertadores) dava a impressão de que o escrete comandado por Vanderlei Luxemburgo havia encontrado um estilo de jogo coeso e bem definido. No entanto, as últimas atuações da equipe alviverde diziam exatamente o contrário (com a exceção da goleada sobre o mesmo Bolívar no dia 30 de setembro). O Palmeiras tinha defesa sólida, mas carecia de ideias na hora de atacar. Só que esse panorama piorou na derrota (justa) para o Botafogo nesta quarta-feira (7), no Estádio Nilton Santos. A equipe do “pofexô” foi extremamente previsível, perdeu consistência defensiva e só conseguia ameaçar seu adversário na base do “abafa”. Muito pouco para quem era apontado como um dos candidatos ao título do Brasileirão.

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É bem verdade que Luxemburgo pode (e deve) reclamar das ausências de Weverton, Gabriel Menino, Gustavo Gómez e Viña, todos servindo as suas seleções. Mesmo assim, o Palmeiras fez uma partida extremamente pobre de ideias diante do Botafogo. Principalmente quando tinha que colocar mais intensidade nas suas transições. O escrete comandado por Bruno Lazaroni começou o jogo com as suas linhas adiantadas e apostando na rápida troca de passes no campo do adversário. O Verdão só melhorou quando o Glorioso diminuiu o ritmo e baixou um pouco a guarda já na metade final da primeira etapa. Mesmo assim, o Palmeiras só ameaçava o gol defendido por Diego Cavalieri através dos chutes de longe e das bolas levantadas na área. O Botafogo fazia partida correta dentro dos seus domínios explorava justamente as falhas de um adversário mais forte tecnicamente.

O Botafogo começou melhor a partida no Engenhão e criava muitas dificuldades para o Palmeiras na saída de bola. Os comandados de Vanderlei Luxemburgo (armados num 4-2-3-1 estático e sem mobilidade) só conseguiram chegar no setor ofensivo através dos chutes de longe e das bolas levantadas na área. Faltava criatividade.

Muitos dos problemas do Palmeiras eram causados pelos equívocos na estratégia adotada por Vanderlei Luxemburgo. Willian Bigode até dava certa fluidez ao ataque. O grande problema era a falta de movimentação no setor ofensivo. Raphael Veiga, Wesley e Rony (o trio de meias do 4-2-3-1 utilizado pelo “pofexô”) acabaram encaixotados pela marcação adversária e não conseguiam criar espaços no ataque. Os planos ruíram de vez no início do segundo tempo, quando Pedro Raul e Caio Alexandre balançaram as redes de Jailson aproveitando a lentidão na saída de bola do Palmeiras e também na troca de passes no meio-campo. Ao mesmo tempo, o escrete comandado por Vanderlei Luxemburgo pecava demais num dos seus pontos mais fortes nessa temporada: a solidez defensiva. O Palmeiras jogava sem compactação entre seus setores e facilitava demais a vida do Botafogo nos contra-ataques.

Os números do SofaScore (no tweet acima) mostram que o Palmeiras tinha a posse da bola, mas não sabia o que fazer com ela. Nem quando Luxemburgo mandou Gabriel Verón, Gustavo Scarpa, Ramires, Zé Rafael e Lucas Lima para o jogo. A equipe insistia nas jogadas pelo lado esquerdo (onde o Botafogo se defendia bem) e acabava tendo que apelar para as bolas levantadas na área. O gol de Willian Bigode deu a impressão de que o Verdão conseguiria aproveitar o campo que teria para jogar depois das mexidas erradas de Bruno Lazaroni (Honda e Rhuan faziam boa partida e poderiam ter jogado mais alguns minutos). Só que o camisa 29 desperdiçou penalidade confirmada pelo VAR aos 39 minutos da segunda etapa. O Palmeiras não conseguiu criar mais nada na partida mesmo com o acréscimo de oito minutos dado pelo árbitro Rodolpho Toski Marques. Era o fim da invencibilidade no Brasileirão.

Luxembrugo empilhou atacantes no Palmeiras após os gols do Botafogo e viu sua equipe pecar demais na criação das jogadas e tomadas de decisão. O gol de Willian Bigode deu a (falsa) impressão de que o time conseguiria reagir, mas Diego Cavalieri acabou com as esperanças do time paulista após defender pênalti do camisa 29.

O “choque de realidade” causado pela derrota desta quarta-feira (7) vem num momento mais do que perfeito para o Palmeiras e para Vanderlei Luxemburgo. Se a sua equipe vinha mostrando alguma consistência e um estilo de jogo mais definido, a derrota para o Botafogo expôs todos os problemas da equipe paulista. Principalmente quando o lado mais frágil da defesa palmeirense era o direito, onde joga Felipe Melo. Sem a devida proteção, o camisa 30 (já com 37 anos e sem a mobilidade de outros tempos) se trasforma no “mapa da mina” para ataques mais velozes. O jogador falhou no empate contra o Flamengo e também pecou demais no posicionamento na partida contra o Botafogo. A impressão que fica é que o Palmeiras vem jogando num “modo aleatório” e sem jogadas trabalhadas. Mesmo mantendo a posse da bola, a equipe simplesmente não sabe o que fazer com ela. Preocupante.

O fim da invencibilidade do escrete comandado por Vanderlei Luxemburgo traz uma lição importante para jogadores e comissão técnica: é preciso muito mais do que um bom elenco para se dar bem no Campeonato Brasileiro. E isso sem mencionar a Libertadores e a Copa do Brasil. O Palmeiras não vem jogando bem há tempos e recebeu esse “choque de realidade” até com um certo tempo para se recuperar. Agora é trabalhar e corrigir os erros.

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