Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo vai ganhando forma, jogo coletivo e muito conteúdo
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Vanderlei Luxemburgo sobre o Bolívar em jogo válido pela Libertadores
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Vanderlei Luxemburgo sobre o Bolívar em jogo válido pela Libertadores
O Palmeiras iniciou nesta quarta-feira (16) uma verdadeira maratona de dez partidas em pouco mais de um mês. Se revezando entre o Campeonato Brasileiro e a retomada da Copa Libertadores da América, não restava outra alternativa ao técnico Vanderlei Luxemburgo senão utilizar o elenco qualificado que tem à sua disposição e montar a equipe alviverde na base da inteligência e da malandragem para superar o Bolívar por 2 a 1 em jogo válido pela terceira rodada da fase de grupos da competição continental. E o melhor de tudo: Luxa vai encontrando (aos poucos) o equilíbrio entre defesa e ataque na união entre experiência e juventude. Mesmo que seja na base de um estilo de jogo um pouco mais reativo e pragmático do que seu histórico vencedor aponta. Destaque para Rony (o melhor em campo de acordo com a Conmebol), Gustavo Gómez, Marcos Rocha e Gabriel Menino.
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Sem Luiz Adriano e Patrick de Paula (lesionados) Luxemburgo montou o Palmeias com Willian Bigode no comando de ataque, Rony solto pela esquerda e Zé Rafael fechando o lado esquerdo na variação do 4-3-3/4-1-4-1 para um 4-4-2 em duas linhas. O objetivo do treinador alviverde era soltar Rony a partir do lado esquerdo nas costas da defesa do Bolívar. A estratégia era bem simples: deixar a bola com o adversário e acelerar as jogadas para o camisa 11. Tudo para poupar fôlego na altitude de La Paz. A estratégia deu tão certo que Rony sofreu o pênalti que Willian cobrou com perfeição no canto direito de Javier Rojas. É bem verdade que o Bolívar não fazia uma partida oficial desde de março e que a falta de ritmo também foi mais um adversário para a equipe boliviana. Mas nem isso diminui a correta atuação do Palmeiras. Inteligência e precisão nos passes.
Enquanto o Bolívar tentava acelerar as jogadas pela direita com Bejarano e Saavedra procurando Arce e Riquelme na área, o Palmeiras se fechou no seu campo. Luxemburgo trouxe Zé Rafael para o lado esquerdo, posicionou Ramires na frente da zaga e soltou Rony em diagonal para receber os passes longos.
Embora o Bolívar tenha ficado com a bola na maior parte do tempo (confira as estatísticas do excelente SofaScore logo abaixo) e a partida tenha sido marcada pelo grande número de finalizações, o Palmeiras acabou sendo mais perigoso e mais efetivo no ataque. Não por acaso, a equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo finalizou mais vezes na direção do gol: oito contra três do escrete boliviano. Tudo por conta da estratégia do treinador alviverde, que manteve sua equipe próxima e compactada na defesa e apostou nos passes longos (e certeiros) buscando a dupla de ataque. Quando as coisas complicaram, Gabriel Menino (outro que também jogou demais) acertou um lindo chute de fora da área e deu a tranquilidade que o time do Palmeiras precisava para controlar a partida e guardar um pouco de fôlego para suportar a pressão do Bolívar nos minutos finais.
🆚| #BOLxPAL 1-2
⚽️| Marcos Riquelme
⚽️| Willian e Menino
———
📊 Estatísticas:📈 Posse: 63% – 37%
👟 Finalizações: 17 – 14
✅ Finalizações no gol: 3 – 8
👊 Faltas: 11 – 10
🛠 Grandes chances: 2 – 2
☑️ Passes certos: 472 – 263💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/0gEw2VDhNU
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) September 17, 2020
Riquelme (que fazia seu centésimo jogo pelo Bolívar) descontou para a equipe boliviana aos 21 minutos da segunda etapa (sendo que já havia obrigado Weverton a fazer grande defesa no lance anterior). No entanto, os comandados de Claudio Vivas só conseguiam ser perigosos na base do abafa e das bolas levantadas para a área. Luxemburgo agiu e deu sangue novo ao Palmeiras com as entradas de Bruno Henrique, Danilo e Gabriel Verón na metade do segundo tempo e com Gustavo Scarpa e Vítor Hugo mais perto do final da partida no estádio Hernando Siles para segurar mais a bola e fechar ainda mais seu sistema defensivo. Enquanto Claudio Vivas empilhava atacantes no Bolívar, o escrete de Vanderlei Luxemburgo aproveitava os espaços na defesa adversária para encaixar mais contra-ataques. Bom jogo coletido do Palmeiras e ótima noite do “Pofexô” na escalação e nas mexidas.
O técnico Vanderlei Luxemburgo fechou o Palmeiras com a entrada de Vítor Hugo e controlou o espaço no meio-campo até o apito final. O Bolívar, por sua vez, só ameaçou na base do abafa e dos cruzamentos para a área. Bom jogo coletivo e boas ideias do “Pofexô” num time que vem ganhando forma e conteúdo a cada dia que passa.
É óbvio que a quebra do jejum de 37 anos sem vitórias de times brasileiros em La Paz deve ser comemorada. Por outro lado, é preciso notar também que o resultado desta quarta-feira (16) foi construído a partir das ideias e conceitos de Vanderlei Luxemburgo. Mesmo sendo um pouco mais pragmático do que seu histórico nos mostra. O treinador, além de aproveitar a falta de ritmo de jogo do Bolívar, montou sua equipe para explorar justamente essa deficiência de uma maneira que seus jogadores não desperdiçassem fôlego à toa na altitude da capital boliviana (3.600 metros acima do nível do mar). Ao mesmo tempo, o Verdão vai ganhando forma e um jeito bem característico de jogar futebol. Pode não ser o da preferência do torcedor e algo que encha os olhos. Mas é algo que se destaca facilmente. Ainda mais nessa retomada da Libertadores. Resultado justo e vitória importantíssima.
A maratona de jogos do Palmeiras (e de vários clubes brasileiros) começou nessa semana. E diante do cenário difícil que se desenha, Vanderlei Luxemburgo vai mesclando experiência e juventude para dar liga a uma equipe que promete surpreender muita gente ainda em 2020. Mesmo sem agradar os fãs de um jogo mais bonito e mais solto.
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