Jorge Jesus já deixou o Flamengo e voltou ao futebol europeu para comandar o Benfica, mas o que o português fez no Brasil entre 2019 e 2020 segue rendendo discussão
Jorge Jesus ficou cerca de um ano no futebol brasileiro, tempo suficiente para conquistar Brasileirão, Libertadores, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Campeonato Carioca, além de ter criado um clima pouco amistoso com alguns técnico brasileiros. Em entrevista ao programa ‘Aqui com Benja’, do Fox Sports, Vanderlei Luxemburgo voltou a negar qualquer problema pessoal com o português, mas reforçou que tudo o que ele fez no comando do Flamengo já era feito por outros técnicos brasileiros no passado.
“Fazíamos tudo isso com outro nome”, disse Luxemburgo ao comentar o desempenho dos técnicos estrangeiros no futebol brasileiro – além de Jorge Jesus no Flamengo, Sampaoli foi vice-campeão Brasileiro no comando do Santos.
“A CBF trouxe treinadores portugueses, deram aula nos primeiros cursos e mudaram os nomes, criaram coisas que já existiam com nome que eles adotam em Portugal. E todo mundo achou que trouxeram isso como moderno e que estávamos com ciúmes. Não! Isso tudo nós já fazíamos com outro nome. Então, por exemplo: ultrapassagem é o que o Coutinho usava como overlapping. Ponto futuro já se fazia. Fechar a casinha é reativo. Marcação alta é marcação sob pressão. Contragolpe é transição ofensiva… Sabe? Tudo isso já existia. Trouxeram, colocaram esses nomes e muita gente começou a colocar isso como moderno”, avaliou Luxemburgo.
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“Moderno não está nisso aí. Moderno está na estrutura que você tem hoje, para te oferecer o melhor e preparar o seu time. Sabe onde está o moderno? Você corria 10 ou 11km por jogo em 2006 e fazia 3% dessa distância em alta intensidade. Hoje você continua correndo 10 ou 11km por jogo, mas você faz 15% acima de 20 km/h. Alguns jogadores, como o Verón, chegam ao máximo de 35 km/h. Agora são 1.500m trabalhando em alta intensidade. Então aí que está a grande diferença do futebol. O dinamismo, o preenchimento de espaço, a marcação com pressão com muito mais eficiência”, acrescentou.
O treinador do Palmeiras, que já conquistou o Campeonato Brasileiro cinco vezes, sendo duas vezes com o time alviverde (1993 e 1994) e a última em 2004, sob o comando do Santos, falou sobre a diferença tática.
“Começaram a falar de esquema tático. Mas para mim a grande mudança que teve no futebol foi a parte tática que sempre existiu no mundo, mas agora dentro de um percentual de 15% de alta intensidade. Aí é a grande mudança. Você vem aqui para o treinamento e não trabalha mais o volume de 2h de treino. Trabalha 40 a 45 minutos, mas intenso, na fadiga do jogador. Para que ele possa fazer esses 1.500m em alta intensidade”, pontuou.
CIÚMES DE JORGE JESUS?
— Nada (de ciúmes)! Foi uma coisa mais externa do que interna. Não teve nada entre os técnicos. Simplesmente foi uma oportunidade que nós tivemos de discutir algumas coisas da nossa profissão. Foi ótimo ele ter vindo para cá, excelente! Só que as pessoas confundiram a gente discutir a profissão com inveja dele. Não tem que vir só o Jorge Jesus não, tem que vir outros profissionais para trocar ideias com a gente, formas de trabalhar, condutas profissionais, metodologia… Tudo tem que ser estudado. Só que não tínhamos absolutamente nada.
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