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Título da FA Cup pode ser o marco inicial da reestruturação do Arsenal; confira a análise da decisão

Luiz Ferreira destaca a decisão da Copa da Inglaterra e os trabalhos promissores de Mikel Arteta e Frank Lampard na coluna PAPO TÁTICO

Por Luiz Ferreira em 01/08/2020 16:56 - Atualizado há 9 meses

Reprodução / Twitter / The Emirates FA Cup

Luiz Ferreira destaca a decisão da Copa da Inglaterra e os trabalhos promissores de Mikel Arteta e Frank Lampard na coluna PAPO TÁTICO

Cada título tem a sua história. Existem aqueles que coram trabalhos já consolidados, aqueles que surpreendem até mesmo o mais cético dos torcedores e aqueles que podem dar o pontapé inicial de uma era de conquistas em determinado clube. A decisão da FA Cup (a famosa e conhecida Copa da Inglaterra) entra nesse último quesito. Não somente pela vitória de virada por 2 a 1 do Arsenal sobre o Chelsea neste sábado (1) no mítico estádio de Wembley, mas pelo simples fato de se tratar de uma grande oportunidade de reerguimento do clube após a chegada de Mikel Arteta. O trabalho promissor do espanhol colocou os Gunners num caminho que promete ser bastante promissor além de colocar nas mãos dos dirigentes uma grande oportunidade de reestruturação do clube londrino. O Arsenal pode finalmente ser competitivo mais uma vez e relembrar os áureos tempos de Arsène Wenger se der condições para Arteta pensar sua equipe dentro de campo. A FA Cup é só o começo.

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Arsenal e Chelsea entraram em campo armados num 3-4-3 básico por seus treinadores com seus “alas” recuando até a defesa para formar uma linha de cinco sempre que necessário. Mas quem começou melhor a partida foram os Blues. Com bastante pressão na saída de bola e bom toque de bola no meio-campo, os comandados de Frank Lampard abriram o placar com Pulisic logo no início de partida. Só que os Gunners tinham uma proposta bem clara de jogo: acelerar o máximo possível e explorar os espaços entre os defensores do seu adversário. E assim foi feito. Primeiro com Pepé em (belo) gol anulado pela arbitragem e depois com as bolas esticadas para Aubameyang às costas de James pela esquerda. O gol de pênalti marcado pelo atacante gabonês saiu justamente de um desses lançamentos longos a partir do meio-campo. A partir daí, o Arsenal igualaria as ações no campo de jogo e levaria certo perigo nesses passes buscando o trio ofensivo.

É preciso dizer que o Chelsea sentiu demais a saída de Azpilicueta ainda no primeiro tempo por conta de lesão muscular. Era o espanhol quem organizava a saída de bola junto com Jorginho e também o jogador que comandava o trio de zagueiros no esquema de jogo proposto por Frank Lampard. Mas as coisas se complicariam mais ainda a partir da primeira metade do segundo tempo. Logo no primeiro lance de perigo dos Blues, Pulisic também teve que deixar o jogo por conta de lesão. Além disso, mesmo tendo retomado o controle da partida, o Chelsea bobeou na marcação e deixou Bellerín arrancar pelo meio e armar o contra-ataque que resultaria no golaço de Aubameyang. Poucos minutos depois, Kovacic receberia o segundo cartão amarelo e deixaria o Clehsea com um jogador a menos aos 27 minutos da segunda etapa. A vida de Lampard não estava nada fácil.

Vale destacar aqui como a equipe do Arsenal se comportou em todos os momentos do jogo em Wembley. Ela não se abateu em nenhum momento e mostrou que comprou o barulho e a estratégia de Mikel Arteta. Os Gunners sai com bola no chão e sempre de maneira objetiva. Nem mesmo quando Lampard mandou o Chelsea para o ataque (rearrumando o time num 4-2-3 com as entradas de Hudson-Odoi, Barkley e Abraham nos lugares de Rüdiger, Mount e Giroud respectivamente), o time de Mikel Arteta mostrou qualquer sinal de mudança no seu estilo. Ainda houve tempo para uma variação do 3-4-3 para o 4-3-3 com Maitland-Niles saindo da ala e jogando mais por dentro enquanto Tierney avançava como lateral pela esquerda. O belíssimo trabalho de Arteta mostra um norte para o Arsenal. Não somente pelo título, mas por tudo o que vem sendo feito para deixar a equipe competitiva novamente.

A conquista da FA Cup é simbólica. Desde a saída de Arsène Wenger do clube (em 2018) os Gunners vêm buscando recuperar a identidade perdida faz muito tempo. E Mikel Arteta pode ser o expoente desse reerguimento do Arsenal a nível nacional e internacional. Desde o encaixe de David Luiz no centro da linha defensiva (como zagueiro que avança para qualificar o passe na saída de bola), passando pelo meio-campo forte e inteligente com Ceballos e Xhaka e chegando até o setor ofensivo com um Pepé completamente à vontade pela direita e um Aubameyang cada vez mais decisivo. O Arsenal pode ficar pelo caminho nas próximas temporadas até mesmo pela incerteza do que pode acontecer com o mundo em meio à pandemia de COVID-19. O futebol é dinâmico ao extremo. Mas o trabalho de Arteta no meio de tantas dúvidas aponta para um caminho extremamente animador.

Este colunista não costuma se empolgar tão facilmente com este ou aquele treinador e o cenário atual pede cautela. Por outro lado, Mikel Arteta pode ser o grande nome de uma reestruturação que já vinha sendo pedida há bastante tempo no Arsenal. E o espanhol provou que há como ser competitivo sem gastar rios de dinheiro sem muito critério.

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