Abel não vê Pato como culpado no SP, diz que atacante precisa de carinho e crava: “Não desaprendeu”
Reportagem conversou com Abel Braga para buscar a sua opinião sobre a fase vivida por Alexandre Pato
Aos 30 anos, o atacante Alexandre Pato deixou oficialmente o São Paulo na última quarta-feira, quando rescindiu o contrato que ia até 2022 e ficou com caminho livre para acertar o seu retorno ao Inter depois de 13 anos. E, no Beira-Rio, teve como primeiro treinador o experiente Abel Braga, que só tem elogios ao atacante.
A reportagem conversou com o técnico nesta segunda-feira e a tônica da entrevista foi no sentido de elogiar Pato e aprovar a sua possível contratação pelo Inter – clube do qual Abel e Pato foram campeões juntos do Mundial de 2006.
Confira as principais falas de Abel:
Pato era um dos responsáveis da má fase do São Paulo?
“Nós aqui no Brasil temos uma mania muito cruel de análise, sabe? De performance. Aí tu fala assim: “Caramba, o Pablo. É bom jogador? Muito. O Tchê-Tchê é bom? Demais. O Liziero? Também”. Mas você viu como o São Paulo jogou ontem? E aí o Pato tem que resolver. Espera aí, cara. É um time como um todo. O Diniz trabalha todo time para ter resultados bons. Se o time está bem, todos vão estar bem. Três ou quatro em um destaque bom, com a equipe bem, cinco ou seis mantendo a média de regularidade, e um ou dois ficam abaixo, e isso vai virando de jogo pra jogo. Mas a equipe precisa estar bem. Só que a maneira que se analisa aqui as individualidades é um negócio absurdo. Como se o cara nunca chutou uma bola, nunca foi nada, ninguém”.
Pode ser bom reforço para o Inter?
“O Pato não desaprendeu a jogar futebol não, cara. O Pato precisa também de carinho, tem jogador assim. Na maneira de jogar, deixa ele aflorar a capacidade individual que ele tem. Não pode dar muitas funções. Deixa ele livre, é atacante. Preocupa qualquer defesa, qualquer time. Eu tenho muito carinho por ele. E tenho muita confiança nele. Eu acho um jogador de nível diferenciado, especial”.
Mudança física
“É um jogador que começou comigo. Depois foi pra Itália. Claro, amadureceu e melhorou em alguns aspectos. Mas um hábito que existe nos clubes italianos fez muito mal a ele, que é o excesso de musculação. Eu encontrei o Pato alguns dias antes do casamento dele, o primeiro, e fiquei impressionado. Falei pra ele: “Você virou um robô”. E para um cara leve como ele era, rápido, o biotipo. Eu falei pra ele que não podia. Mas ele me disse: “É que não tem como, professor. Todo mundo faz lá”. Eu disse que ele estava mudando toda a estrutura óssea e muscular. Ele começou muito bem, e depois vieram muitas lesões”.
Relação de Pato com o Inter
“Ele é grato, com certeza, por ser de índole, do bem. Ele é grato ao Inter. Nesse momento é difícil essa coisa toda de rescindir com o São Paulo, mas ele vai querer retribuir tudo aquilo que o Inter fez por ele. O Inter é o responsável por toda essa carreira brilhante que ele teve”.
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