Luiz Ferreira analisa as estratégias de Jorge Jesus e Odair Hellmann no primeiro jogo da final do Campeonato Carioca aqui na coluna PAPO TÁTICO; Fluminense teve mais uma boa atuação, mas esbarrou em Diego Alves e no brilho individual dos jogadores do Flamengo
É bem verdade que o que importa é o resultado final. Ainda mais num jogo de ida de decisão de campeonato. No entanto, há coisas que não escapam aos olhos de quem analisa e pensa o futebol. É público e notório que há algo de errado com o Flamengo e ninguém fala nada. Os comandados de Jorge Jesus jogaram apenas “para o gasto” e cortaram um dobrado para vencer o Fluminense por 2 a 1 neste domingo (12), no Maracanã. Por mais que o torcedor rubro-negro esteja contente com a vitória, a grande verdade é que os comandados de Jorge Jesus estão devendo e muito. A equipe intensa, que pressiona o adversário e que ataca o tempo todo ficou no passado. Hoje, vimos um Flamengo gastando o tempo nos minutos finais da partida diante de um Fluminense muito mais organizado, envolvente, aguerrido e encorpado dentro de campo. O Fla venceu. Mas está longe de convencer.
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Muita gente se surpreendeu com a escalação divulgada por Jorge Jesus. O Mister sacou Léo Pereira, Gérson e Éverton Ribeiro do time para as entradas de Gustavo Henrique, Diego Ribas e Vitinho. Lesionado, Bruno Henrique deu lugar a Pedro no comando de ataque do 4-1-3-2 utilizado no Flamengo. Do outro lado, Odair Hellmann repetia o 4-1-4-1 de forte marcação do Fluminense mas com uma estratégia diferente: ao invés de esperar o adversário, o Tricolor das Laranjeiras se lançou ao ataque para pressionar a saída de bola. Com bastante volume de jogo, Evanílson, Nenê, Marcos Paulo e companhia aproveitavam bem o espaço deixado por Diego no meio-campo e dominaram a partida nos primeiros minutos. O Fla só melhorou quando começou a colocar mais velocidade e intensidade nas trocas de passe tal como aconteceu no gol de Pedro após troca de passes entre Arrascaeta, Vitinho e Diego.
O @FluminenseFC começou melhor a partida (jogando no 4-1-4-1 de Odair Hellmann), mas o @Flamengo foi dominando as ações no meio-campo aos poucos e criou boas chances. Destaque para a boa dinâmica de Gabigol, Vitinho e Arrascaeta atrás de Pedro no 4-1-3-2 de Jorge Jesus. #FLAxFLU pic.twitter.com/KvZIVKOUy5
— Luiz Ferreira (@LuizBigHead) July 12, 2020
Tal como aconteceu no segundo tempo da decisão da Taça Rio, o Flamengo ganhou muito com a entrada de Pedro no comando de ataque. Com Gabigol mais solto e circulando pela intermediária, o camisa 21 segurava os dois defensores do Fluminense e servia de referência para quem vinha de trás. Se não fosse Muriel (de novo), os comandados de Jorge Jesus poderiam até ter ido para o intervalo com uma vantagem maior. Após o intervalo, no entanto, o Tricolor das Laranjeiras colocou ainda mais intensidade e velocidade nas suas transições e explorava bem os espaços deixados no meio-campo do Fla. Tanto que o gol de empate saiu de bela jogada que resultou num belíssimo cruzamento de Egídio que Evanílson completou para as redes. A virada só não saiu porque Diego Alves protagonizou alguns milagres debaixo das traves rubro-negras nesta tarde de domingo.
#Carioca 🇧🇷
🆚| #FLUxFLA 1-2
⚽️| Evanilson
⚽️| Pedro e Michael
———
📊| Estatísticas:📈 Posse: 41% – 59%
👟 Finalizações: 15 – 9
✅ Finalizações no gol: 6 – 6
👊 Faltas: 17 – 18
🛠 Grandes chances: 1 – 1
☑️ Passes certos: 253 – 380💯| Notas SofaScore👇 pic.twitter.com/v53MqfrnNE
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) July 12, 2020
Na prática, a defesa tricolor cometeu apenas dois erros. O primeiro aconteceu no gol de Pedro, na primeira etapa. E o segundo foi a falha de marcação em cima de Gabigol (isso sem mencionar o bote errado de Egídio) no lance que resultou no gol de Michael. De resto, mesmo com Digão deixando a torcida do Fluminense com saudades de Nino (que não jogou por estar lesionado), o time de Odair Hellmann equilibrou bem as ações diante de um adversário mais qualificado individualmente falando. A equipe das Laranjeiras, no entanto, sentiu a alta intensidade colocada na partida e puxou o freio de mão nos minutos finais. O Flamengo, por sua vez, gastava o tempo tocando a bola no meio-campo como se já se desse por satisfeito com o resultado no Maracanã. Tanto que o último grande momento de mais emoção acabaria sendo a expulsão (até agora inexplicável) de Gabigol.
O @FluminenseFC adiantou a marcação e se impôs logo após o intervalo. O 4-1-4-1 de Odair Hellmann só falhou na caça a Gabigol no lance do gol de Michael (que entrou muito bem no jogo). O camisa nove do @Flamengo, no entanto, acabaria expulso no final da partida. #FLAxFLU pic.twitter.com/hzY2TIz3Vv
— Luiz Ferreira (@LuizBigHead) July 12, 2020
Enquanto o time do Fluminense mostra que pode ir mais longe do que muita gente pensa, as dúvidas sobre o que acontece com a equipe comandada por Jorge Jesus só aumentam. O que aconteceu com o Flamengo nesse retorno do futebol no Rio de Janeiro? O que aconteceu com a equipe intensa, veloz e competitiva do ano passado? Por que os jogadores parecem jogar “para o gasto”? São perguntas que não foram respondidas pelo Mister e por ninguém da diretoria. Fato esse que só aumentam as especulações em torno de uma possível saída de Jorge Jesus para o Benfica. E em todas as emissoras de rádio escutadas por este que escreve, o retrato era o mesmo: o comandante do Flamengo seguia meio perdido, meio inerte na beira do gramado. Bem diferente das explosões e dos cabelos esvoaçantes dos meses anteriores. Algo aconteceu e essa certeza só aumenta.
O time do Flamengo como um todo segue devendo demais. E hoje, mesmo com o Fluminense jogando melhor (mais uma vez), a equipe rubro-negra saiu do Maracanã com a vitória e a vantagem na decisão do Campeonato Carioca. No entanto, boa parte da torcida segue com o receio de que o que quer que esteja acontecendo nos bastidores possa comprometer todo o projeto do Fla multicampeão iniciado por Jorge Jesus. A conferir.
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