Levantamento aponta que audiências do futebol no streaming se aproximam da TV aberta no Brasil
Quanto representariam, na comparação com as audiências da Globo, os mais de 3,5 milhões de acessos simultâneos da decisão da Taça Rio? Confira o comparativo
Quanto representariam, na comparação com as audiências da Globo, os mais de 3,5 milhões de acessos simultâneos da decisão da Taça Rio? Confira o comparativo
Em tempos de pandemia, expansão das lives e rompimento da TV Globo com o Campeonato Carioca, muito se especula a respeito da real magnitude que as transmissões do futebol via streaming tem tomado. Um elemento a favor dos que consideram que partidas via internet, sem intermediários, podem destronar a TV aberta como principal difusor do esporte aconteceu na noite de quarta. Conforme amplamente divulgado, o Fla x Flu decisivo da Taça Rio 2020 apresentou pico de audiência simultânea próximo dos 3,6 milhões de torcedores, batendo o recorde mundial. Diante destes números, fica a pergunta: a penetração do futebol via streaming estaria se aproximando dos registros da TV aberta?
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Para responder à pergunta, o TORCEDORES recorreu a material exclusivo para comparar a final da Taça Rio com alguma partida em TV aberta com apelo e condições de transmissão semelhantes. O embate escolhido aconteceu no Carioca do ano passado: a semifinal da Taça Rio, em jogo único, entre os mesmos Flamengo e Fluminense (vitória do Fla por 2 x 1) – partida também veiculada numa quarta-feira à noite pela TV Globo. Na ocasião, o jogo foi televisionado para oito das quinze principais praças de audiência monitorada.
Antes, um esclarecimento: os cálculos se baseiam no monitoramento promovido pela Kantar Ibope Media, onde cada ponto representa diferente quantidade de domicílios de acordo com a população das praças em questão. Optou-se por fazer a comparação com base no número de domicílios pois não é sabida a quantidade de indivíduos que podem se reunir para assistir a um jogo, tanto pela TV quanto pela internet. De qualquer maneira, o resultado foi o seguinte:
Na ocasião, um confronto de grande apelo como um Fla x Flu decisivo (que marcou excelentes 36 pontos na praça-base do Rio de Janeiro) atingiu o quantitativo de 3.465.768 domicílios, número quase igual ao alcance do streaming da decisão de 2020. Diante da frieza dos números, um observador precipitado concluiria que o streaming teria “superado a TV aberta”. Mas não é bem assim.
Os números divulgados pela Kantar Ibope Media, referentes ao chamado “Painel Nacional de Televisão” (PNT), monitoram tão somente as quinze principais regiões metropolitanas do Brasil. Nestas praças, a audiência é mais valiosa para o mercado publicitário – especialmente em São Paulo e (em menor grau) no Rio de Janeiro. Entretanto, tais números não contemplam a audiência global dos eventos, algo que precisaria incluir os interiores e toda a audiência via antenas parabólicas (que, na Globo, possuem o satélite do Rio de Janeiro como referência). Sendo assim, seria correto estimar o alcance total de uma transmissão como a do Fla x Flu de 2019 em números no mínimo três vezes superiores.
Além disso, os tais “3,6 milhões de espectadores” no Fla x Flu do streaming se referem ao pico de audiência, não à média. Enquanto isto, os números da Kantar contemplam a média de audiência em cada uma das praças, tornando seguro afirmar que, pela ótica dos picos, os números da TV aberta seriam ainda maiores do que os aqui expostos.
De qualquer maneira, a conclusão de que “as audiências do futebol via streaming se aproximam da TV aberta” é absolutamente válida. Se no início das transmissões pela internet os jogos mal batiam algumas centenas de milhares de espectadores, hoje, registros na casa dos milhões equilibram muito a balança a favor da modalidade. Até porque nem todo jogo passa para um grande número de praças, muitos ocorrendo em transmissões regionais. E nem todo jogo é um estouro de audiências, pelo contrário: números baixos são regra, não exceção. A semifinal da própria Taça Rio de 2020, entre Fluminense e Botafogo (última partida veiculada pela Globo no estadual), emplacou meros 14 pontos de média, com picos de 17 – audiência equivalente à do Fla x Flu do streaming que se seguiu.
Embora este seja um problema para se pensar adiante – já que a Globo e os clubes romperam relações apenas no tocante ao Campeonato Carioca – o grande desafio de Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, agora, é como capitalizar com suas transmissões próprias. Atuando como intermediadora, a televisão fazia agregar o produto em único pacote, conversando com um mercado consumidor que interessa à publicidade de massa. Segmentando este público, tem-se no streaming um produto de nicho, atualmente voltado ao usuário intensivo do futebol. Ao menos enquanto não houver a implementação do 5G do Brasil, bem como a difusão da cultura de se assistir ao futebol, literalmente, “fora da caixinha”.
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