Refugiado, exilado e maior jogador da história do Barcelona: conheça a história de Kubala, ídolo do clube espanhol
Atleta ganhou eleição feita em 1999 e foi escolhido como maior da história culé
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Muito antes de Lionel Messi, Ronaldinho e vários outros jogadores, o Barcelona tinha um ídolo supremo que não é catalão e sequer espanhol. Lászlo Kubala foi um jogador quase sem pátria e está no hall de craques do futebol que nunca disputaram uma Copa do Mundo.
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Nascido em Budapeste, em 1927, cresceu em uma Hungria militarizada, mas já gostava de esportes e era dono de uma força física que impressionava quando criança. Jogava futebol com amigos mais velhos e se destacava, tanto que logo foi para as divisões do então gigante Ferencváros, principal clube do país.
Kubala queria fugir do serviço militar e se envolveu ainda mais com o mundo da bola. Brilhou no Ferencváros entre 1945 e 1946, sempre ao lado de seu futuro companheiro de Barcelona, Kócsis. Aos 19 anos deixou o país para defender o Bratislava, da Tchecoslováquia, e iniciou um problema que o perseguiria durante a carreira.
A saída do país em meio à militarização não agradou e Kubala voltou em 1948 para defender o Vasas. Mas em meio à tomada comunista por Budapeste, o jogador decidiu fugir de vez e contou com a ajuda de militares locais para deixar para sempre a Hungria.
O país entrou com pedido para que o atacante fosse barrado e a FIFA acatou. Kubala então liderou a criação de um clube de jogadores refugiados que ficou conhecido como Hungaria. A equipe fez excursões pela Europa e o alto nível impressionou. O atacante era o dono da equipe e o Real Madrid e o Barcelona foram atrás de sua contratação, tanto que Santiago Bernabéu chegou a conversar diretamente com o atleta para sua ida aos merengues.
Kubala, porém, viu no Barcelona uma chance de levar o treinador do Hungaria e seu cunhado Ferdinand Daucik para comandá-lo mais uma vez. Dito e feito.
Chegou ao Barcelona em 1950 e foi o antídoto a Di Stéfano. O argentino foi alvo de quase uma guerra entre blaugranas e merengues, muito pelo chapéu dado pelo Barcelona no caso Kubala. O time catalão só desistiu do jogador porque tinha o húngaro e seu time e o atacante resolvia os problemas.
A temporada 1951/52 mostrou isso e o Barcelona conquistou o Campeonato Espanhol após três anos, além da Copa do Rei e a Copa Latina, torneio que antecedeu a criação da Liga dos Campeões e reunia os melhores times espanhóis, italianos, franceses e portugueses.
Kubala também foi o primeiro grande craque do Camp Nou. Quando o jogador chegou o Barcelona ainda atuava em Les Corts, primeiro estádio do clube. O atual local em que a equipe manda seus jogos foi inaugurada em 1957 e o sucesso do jogador é até hoje encarado como parte da magia que o estádio leva. Até por isso é a estátua de Kubala a primeira a ser vista no Camp Nou (primeira foto).
Ausência em Copa do Mundo
O jogador foi um dos maiores da história e fez parte da seleção espanhola assim que sua cidadania foi liberada – já havia defendido a própria Hungria e a Tchecoslováquia, mas nunca em partidas oficiais.
Kubala era nome certo para a Copa do Mundo de 1962 e ajudou a Espanha nas Eliminatórias, mas graves lesões do craque de então 35 anos o afastaram da equipe e o atleta perdeu a chance de disputar o Mundial. Sucumbiu com a seleção nas Eliminatórias para os Mundiais de 1954 e 1958 e nunca disputou a competição.
No ano seguinte Kubala se despediu do Barcelona como o terceiro maior artilheiro da história do clube com 194 gols em jogos oficiais, quatro títulos espanhóis em uma época que o Real Madrid dominava o futebol – era pentacampeão europeu – e cinco títulos de Copa do Rei.
Em 1999, por meio de eleição popular, Kubala foi o eleito o maior jogador da história do Barcelona. Multicampeão, o ídolo sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 e morreu aos 74 anos. Os torcedores fizeram uma passeata em homenagem ao ex-atacante, que viveu na Catalunha até o fim de sua vida.
Assista a lances de Lázslo Kubala:
https://www.youtube.com/watch?v=KvemjhZ7OgA
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