Ex-jogador foi vítima de injúria racial em 2005, quando defendia o São Paulo
Atualmente comentarista esportivo contratado pelo Grupo Globo, Grafite foi vítima de injúria racial quando representava o São Paulo. Em 2005, o Tricolor derrotou o Quilmes por 3 a 1, em jogo válido pela Libertadores. O então atacante foi ofendido por Desábato e acabou expulso por colocar a mão no rosto do adversário. Após o jogo, entretanto, foi à delegacia e denunciou o jogador.
Nesta segunda-feira (1), Grafite marcou presença no programa Bem Amigos, do canal SporTV. Ele falou sobre racismo. O assunto ganhou força após a morte de George Floyd, cidadão negro que foi assassinado por um policial, nos Estados Unidos.
Siga o Torcedores no Facebook para acompanhar as melhores notícias de futebol, games e outros esportes
“É um momento difícil. Vimos as manifestações nos Estados Unidos e, felizmente, o engajamento lá cotra o racismo é enorme. Na Europa também”, descreveu.
“Quando morei na Alemanha, eu vi um engajamento todo o tempo, praticamente todos os dias, diferente do que vemos no Brasil. Aqui, o engajamento contra o racismo é só em casos isolados ou em datas especiais”, comparou Grafite.
“E ter vivido isso na pele me deixa mais sensibilizado com o que aconteceu com o George Floyd. E não só ele. Mas vários outros casos aqui no Brasil, como o João Pedro há quinze dias. E é lamentável ver isso acontecendo no meio de uma pandemia”, acrescentou.
“Existem muitos grupos de negros hoje, relevantes na sociedade, que fazem um trabalho de combate ao racismo. Mas é tudo muito rápido no Brasil. O brasileiro tem memória curta, esquece rápido”, opinou Grafite.
“Se o caso do George Floyd não tivesse acontecido essa semana, nós já teríamos esquecido o João Pedro. As coisas acontecem tão tragicamente no Brasil. Mas a gente aceita com naturalidade e isso não pode mais acontecer”, observou.
“Os negros têm que fazer mais para tomar espaço dentro da TV. Podiam ter outras pessoas. Falta engajamento no Brasil, falta muita coisa”, disse Grafite.
“Eu acho bonito quando jogadores apoiam. Mas queria que tivesse esse apoio o ano todo, não só em casos isolados. Tem que ter um engajamento diário”, declarou.
“É um país em que a grande maioria é negra e, nas universidades, os negros são minoria, são minoria na TV. Não pode isso. Tem que ter uma força maior para o negro”, finalizou Grafite.
Leia também:
Caio revela que pai foi infectado pelo coronavírus, ficou “cinco dias” na UTI e deixa internação