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50 anos do Tri (Parte V): Brasil 1 x 0 Inglaterra

O TORCEDORES.COM destaca o jogaço entre Brasil e Inglaterra no quinto capítulo da série “50 anos do Tri”; partida que reunia os últimos campeões da Copa do Mundo teve milagre de Banks e gol antológico de Jairzinho

Por Luiz Ferreira em 07/06/2020 10:00 - Atualizado há 3 anos

Reprodução / Facebook / Museu da Seleção Brasileira

O TORCEDORES.COM destaca o jogaço entre Brasil e Inglaterra no quinto capítulo da série “50 anos do Tri”; partida que reunia os últimos campeões da Copa do Mundo teve milagre de Banks e gol antológico de Jairzinho

A Seleção Brasileira foi do inferno ao céu em menos de três meses. As manchetes pessimistas dos principais jornais da época deram lugar a análises empolgadas e até mesmo ufanistas após a estreia do escrete canarinho na Copa do Mundo do México (fato que deixou Zagallo preocupado com o “oba-oba”). Após o início nervoso, Pelé, Jairzinho, Gérson e companhia mostraram a qualidade do escrete canarinho e despacharam a Tchecoslováquia por 4 a 1 no dia 3 de junho de 1970. O próximo adversário do Brasil em terras mexicanas seria a Inglaterra. O embate entre os dois últimos campeões mundiais estava cercado de expectativas por dois motivos. O primeiro era a qualidade das duas equipes. Enquanto a Seleção Brasileira já havia mostrado as suas credenciais contra os tchecos, os ingleses contavam com uma equipe ainda mais qualificada do que o time campeão da última edição da Copa, em 1966.

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No entanto, apesar da boa estreia contra a Tchecoslováquia, Zagallo tinha um problema sério: Gérson sentiu uma lesão no segundo tempo da partida e corria contra o tempo para ter condições de entrar em campo contra a Inglaterra no dia 7 de junho no Estádio Jalisco, em Guadalajara. O time comandado por Alf Ramsey (que dizia que a grande preocupação do English Team era a altitude do México) também estreou na Copa do Mundo com vitória: 1 a 0 sobre a Romênia com gol de Geoff Hurst. Além dos dois pontos conquistados, os britânicos mantinham o esquema tático do Mundial de 1966, com os pontas Peters e Ball recuando até o meio-campo num 4-4-2 que ainda era novidade para muitas seleções naqueles tempos. Esse era o principal motivo pelo qual Zagallo esperou por Gérson até o último minuto. Os lançamentos do “Canhotinha de Ouro” seria muito úteis para vencer a forte marcação do adversário. No entanto, Zagallo não poeria contar com um de seus jogadores mais experientes na partida contra a Inglaterra e teria que fazer novas mudanças na equipe.

Com o desfalque do camisa 8, o treinador da Seleção Brasileira repetiu a receita da partida de estreia: Paulo Cézar Lima entrou na ponta-esquerda e Rivellino recuou para o meio-campo. No mais, o 4-2-4 que virava 4-3-3 ou até um 4-2-3-1 moderníssimo para aqueles tempos foi mantido. Do outro lado, além da entrada de Tommy Wright na lateral-direita no lugar de Keith Newton, o técnico mantinha a base do time campeão quatro anos antes. O English Team ainda tinha nas bolas levantadas para a área (em busca dos atacantes Lee e Hurst), nas ligações diretas para Peters e Alan Ball nas pontas e no forte poder de marcação no meio-campo as suas principais armas para conquistar o bicampeonato mundial no México. O zagueiro Bobby Moore e o meia Bobby Charlton, estrelas da campanha vitoriosa de 1966, ainda faziam parte da equipe e ajudavam a dar o ritmo necessário ao 4-1-3-2 de Alf Ramsey. Zagallo e toda a Seleção Brasileira sabiam que esse jogo não seria nada fácil. Ainda mais sem poder contar com os lançamentos e a visão de jogo de Gérson.

A partida começou com as duas equipes se estudando e com poucas chances de gol. Os ingleses (apontados como favoritos ao título por boa parte da imprensa internacional nesse início de Copa do Mundo) tinham mais posse de bola, controlavam mais as ações no meio-campo, mas a Seleção Brasileira se fechava na defesa e aguardavam o momento certo de encaixar um contra-ataque tocando a bola de pé em pé sem muita pressa. Parecia que esse momento viria logo aos 11 minutos de jogo. Jairzinho (que jogava mais aberto do que contra a Tchecoslováquia) recebeu lançamento em profundidade, passou como quis por Cooper e cruzou para a área. A bola veio na cabeça de Pelé que soltou a cabeçada firme e certeira em direção ao chão. E quando toda a torcida brasileira já se levantava para comemorar o gol, Gordon Banks voou no canto direito, deu um tapa na bola e ela passou por cima do travessão. O lance ficaria conhecido como a maior defesa da história do futebol. Sem exageros de nenhuma parte. Simplesmente espetacular.

Enquanto os brasileiros ainda tentavam entender como Banks defendeu aquela bola, o jogo ganhava mais emoção. E mais violência também. O atacante Francis Lee (que jogava no Manchester City naqueles tempos) fez falta desleal em Everaldo aos 15 minutos. Logo depois, acertou a cabeça do goleiro Félix depois que este fez defesaça tão ou mais importante do que a do goleiro inglês em cabeçada desferida pelo próprio Lee após cruzamento de Wright vindo do lado direito. Essa foi a senha para que Carlos Alberto, na primeira oportunidade que apareceu na partida, acertasse o camisa 7 inglês na intermediária. Depois disso, Francis Lee parou de incomodar a defesa brasileira. Aquele lance foi apontado pelos próprios jogadores como determinante para o sucesso da Seleção Brasileira na partida, visto que Lee era um dos atacantes que mais incomodava a defesa formada por Brito, Piazza, Everaldo e o já citado Carlos Alberto. Mesmo assim, a Inglaterra foi um pouco melhor do que o Brasil no primeiro tempo.

Sem poder contar com Gérson, Zagallo mandou Paulo Cézar Lima para o jogo e recuou Rivellino para o meio-campo. A Inglaterra, por sua vez, manteve o esquema tático vencedor da Copa do Mundo de 1966 e teve atuação melhor do que o Brasil no primeiro tempo jogando com uma equipe rejuvenecida e ainda mais talentosa de acordo com os relatos da época.

Após o intervalo da partida (sob um calor escaldante de 40 graus em Guadalajara), a Seleção Brasileira foi se impondo na partida na base do talento e do preparo físico. Mas ainda faltava o gol. E ele teria origem numa jogada individual de Tostão. O camisa 9 conta que já sabia que seria substituído por Roberto Miranda (atacante do Botafogo) e buscava a todo custo vencer a defesa inglesa. Aos 14 minutos da segunda etapa, após um chute de fora da área, o mesmo Tostão recebe na esquerda, passa por três marcadores (com direiro a bola entre as pernas de Bobby Moore) e cruza para Pelé. O Rei apenas dá um leve tapa para o lado e deixa Jairzinho na cara de Banks. Mais um lance antológico para a lista. Depois disso, Alf Ramsey saca Bobby Charlton e Francis Lee para as entradas de Colin Bell e Jeff Astle. A Inglaterra ainda assustou Félix com um chute de Alan Ball que acertou o travessão, mas a vitória brasileira já estava mais do que garantida.

A Seleção Brasileira se impôs na base do talento e manteve o esquema tático básico com a entrada de Roberto Miranda no lugar de Tostão logo depois do gol de Jairzinho. Do outro lado, Alf Ramsey sacou Bobby Charlton e Francis Lee, mas não conseguiu fazer com que a Inglaterra arrancasse o empate de um adversário forte e muito bem preparado fisicamente.

O resultado naquele dia 7 de junho de 1970 deixou o Brasil na liderança do Grupo 3 da Copa do Mundo com quatro pontos ganhos (a vitória valia apenas dois pontos naqueles tempos). Logo atrás vinham a Inglaterra e a Romênia (que havia vencido a Tchecoslováquia na véspera por 2 a 1) com dois pontos. Os comandados de Zagallo precisavam de apenas mais um ponto para se garantir entre as oito melhores seleções da Copa do Mundo do México. Já os ingleses precisavam vencer os tchecos para não serem eliminados ainda na primeira fase. E os romenos (que ainda tinham chances de classificação para as quartas de final) partiriam com tudo pra cima da Seleção Brasileira na última rodada da fase de grupos. Por outro lado, o jogo duro e disputados contra o fortíssimo English Team cobrou seu preço e Zagallo teria que fazer mais mudanças no time que enfrentaria os romenos no dia 10 de junho também em Gudalajara. Mas isso é assunto para o próximo capítulo da série “50 anos do Tri”.

Relembre os capítulos anteriores do especial “50 anos do Tri”:

50 anos do Tri (Parte I): Toda história tem um começo
50 anos do Tri (Parte II): A saída de João Saldanha e a chegada de Zagallo
50 anos do Tri (Parte III): Começa a Copa do Mundo!
50 anos do Tri (Parte IV): Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia

FONTES DE PESQUISA:

Site oficial da CBF
RSSSF Brasil
The RSSSF Archive
Blog Três Pontos – Brasil 1 x 0 Inglaterra
A Pirâmide Invertida, de Jonathan Wilson (Editora Grande Área)
Os 55 maiores jogos das Copas do Mundo, de Paulo Vinícius Coelho (Panda Books)
Escola Brasileira de Futebol, de Paulo Vinícius Coelho (Editora Objetiva)
As melhores Seleções Brasileiras de todos os tempos, de Milton Leite (Editora Contexto)

LEIA MAIS:

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