Entenda por que o Santos é um dos clubes brasileiros mais conhecidos do mundo
O Santos é o clube que mais excursionou pelo mundo na história do futebol e o primeiro do Brasil a jogar nos cinco continentes
O Santos é o clube que mais excursionou pelo mundo na história do futebol e o primeiro do Brasil a jogar nos cinco continentes
“Por questões financeiras, o Santos preferiu priorizar as excursões internacionais para conseguir bancar seus sete ou oito jogadores de seleção. Se tivéssemos focado mais na Libertadores, acho que nossa geração poderia ter ganho umas dez taças… Dez talvez seja exagero, mas pelo menos umas cinco vezes, com certeza”.
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A frase acima é de Pepe, ex-atacante do Santos e da seleção brasileira, que fez parte do memorável esquadrão santista dos anos 60 formado por Gilmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito, Mengálvio e Dorval; Coutinho, Pelé e ele, Pepe.
Em entrevista recente à revista “Placar”, o ídolo dos torcedores do Peixe afirmou que o time da Vila Belmiro poderia ter mais troféus da principal competição sul-americana caso tivesse a “valorizado mais” em vez de excursionar pelo exterior. O clube, por exemplo, não só colocava algumas edições da Copa Libertadores em segundo plano, como optou por não disputar o torneio nos anos de 1966, 1967 e 1969.
“A verdade é que era mais difícil ganhar a Libertadores do que o Mundial, porque havia muita rivalidade, principalmente com argentinos e uruguaios, que jogavam bem e batiam muito. Naquela época, não tinha tanta fiscalização, tantas câmeras, as arbitragens eram ruins, o adversário deixava o campo ruim de propósito para atrapalhar o toque de bola do Santos”, explicou Pepe. E completou:
“Os dirigentes achavam que não era interessante. Por questões financeiras, o Santos preferiu priorizar as excursões internacionais”.
Marca registrada nos campos dos cinco continentes
Um dos clubes mais vitoriosos e conhecidos de todo o planeta, o Santos foi o primeiro time do Brasil e até hoje um dos poucos do mundo a jogar nos cinco continentes (Américas, Ásia, África, Europa e Oceania), sendo o que mais realizou excursões na história do futebol, visitando 78 países diferentes (incluindo Bermudas, Vietnã, Ilhas Cayman, Martinica e Trinidad & Tobago) e enfrentando mais de 600 equipes estrangeiras.
Ao todo, o Alvinegro Praiano disputou 742 partidas internacionais contra clubes do exterior, sendo 459 vitórias, 138 empates e 145 derrotas, com 1.839 gols marcados e 986 sofridos, o que lhe confere um saldo positivo de 853 bolas na rede.
Na Europa, o país que mais vezes recebeu o Santos é a Itália, com 38 confrontos (25 vitórias santistas, nove derrotas e quatro empates). E o maior oponente internacional do Peixe é o Peñarol, do Uruguai, com 22 duelos disputados e retrospecto favorável ao time alvinegro, que possui dez triunfos contra sete dos uruguaios, mais cinco empates. Além de centenas de clubes, o Santos é também a equipe que mais enfrentou seleções estrangeiras (42) em 65 partidas, além de selecionados em jogos oficiais ou amistosos.
Curiosamente, a primeira e a última partida internacional do Santos aconteceram no estádio da Vila Belmiro, em amistoso contra o Dublin FC, do Uruguai, no longínquo mês de janeiro de 1917, e diante do Delfín, do Equador, em março deste ano pela Copa Libertadores da América.
Além de ser o nome de outras 11 equipes no Brasil, o Santos também inspirou clubes de vários outros países: sete da África, nove da América Central, quatro da América do Sul, oito da Europa e um da Ásia. Confira abaixo a lista:
O DNA ofensivo: time mais goleador do futebol mundial
Vale ressaltar também que o Santos é o time mais artilheiro da história do futebol mundial, com 12.626 gols assinalados até o momento. Os três maiores artilheiros são Pelé (1.091 gols), Pepe (405) e Coutinho (370). Para se ter uma ideia do potencial de gols do trio santista, somente Coutinho (o terceiro) balançou as redes mais vezes que os maiores goleadores de Palmeiras (Heitor Marcelino, com 317 gols), Corinthians (Claudio, com 305) e São Paulo (Serginho Chulapa, com 242). Em 1927, o Peixe anotou 100 gols em 16 jogos no Campeonato Paulista, com média “absurda” de 6,25 tentos por partida.
O time que parou a guerra durante excursão na África
Mais uma vez excursionando pelo mundo, no início de 1969, o Santos disputou um amistoso na Nigéria. Os torcedores africanos gostaram tanto do que viram que pediram mais uma apresentação de Pelé e companhia, mesmo com o país no meio de uma sangrenta guerra civil.
E o time de Gilmar, Lima, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu parou a guerra de Biafra, que já durava dois anos. Os conflitos entre nigerianos e separatistas do leste africano, que queriam a criação da República de Biafra, cessaram apenas para ver o Santos jogar.
No dia 4 de fevereiro de 1969, em Benin, região nigeriana da África Ocidental, há pouco mais de 50 anos, o time da Vila Belmiro jogava no gramado ruim do estádio de Ogbe, completamente lotado. Em campo, vestidos de branco, estavam Gilmar, Turcão, Ramos Delgado, Joel e Rildo, Lima, Manoel Maria, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu, que venceram por 2 x 1 o selecionado do centro-oeste da Nigéria, com gols de Edu e Toninho, “premiando assim a grande multidão que foi ao estádio para ver o Rei do Futebol e sua renomada equipe“, segundo publicou no dia seguinte o jornal paulista “A Gazeta Esportiva”.
A passagem do Santos de Pelé em solo africano foi algo tão importante que, no dia da histórica partida, foi decretado feriado na parte da tarde. O governador local, além de conceder cessar fogo, ainda permitiu livre acesso sobre a ponte que ligava as cidades de Benin e Sapele, de modo que qualquer pessoa pudesse se locomover para ver o Santos jogar.
O ex-goleiro Gilmar, falecido em agosto de 2013, enfatizou que, depois do jogo, assim que o Santos subiu a bordo do avião que os levaria de volta ao Congo, a guerra recomeçou.
Durante toda a excursão na África, o Santos fez nove jogos, com cinco vitórias, três empates e uma derrota. Pelé, a grande atração, fez oito dos 19 gols marcados pela equipe. A guerra entre os nigerianos e o movimento separatista havia começado em 1967 e só terminou em janeiro de 1970, com mais de um milhão de mortos.
O futebol que encantou o mundo
Em 1962, o Santos foi campeão mundial interclubes pela primeira vez. O primeiro jogo contra o Benfica, de Portugal, aconteceu no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, com mais de 90 mil torcedores presentes, e o Santos venceu pelo placar de 3 x 2, com dois gols de Pelé e um de Coutinho. Com o resultado, a equipe brasileira passou a ter a vantagem do empate e, em caso de triunfo dos portugueses por qualquer placar no jogo da volta, seria realizada uma terceira partida.
A decisão no estádio da Luz, em Lisboa, contou com mais de 70 mil pessoas nas arquibancadas e o Santos goleou o forte time do Benfica de Eusébio por 5 x 2, com gols de Pelé (três vezes), Coutinho e Pepe, naquela que é considerada por muitos historiadores como a maior exibição de uma equipe de futebol em toda a história.
O confronto final teve tamanha importância que o programa de rádio oficial do governo brasileiro “A Voz do Brasil”, criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1935, pela primeira vez mudou seu horário de transmissão para que a população pudesse acompanhar ao vivo a histórica conquista internacional de um clube de futebol do país.
No ano seguinte, o Mundial foi decidido entre Santos e Milan, da Itália, novamente em três confrontos. No primeiro, no estádio San Siro, em Milão, vitória do time italiano por 4 x 2. Na segunda partida, mesmo sem Pelé, contundido, o Peixe devolveu, de forma dramática, o mesmo placar no Maracanã: 4 x 2.
Após terminar a etapa inicial perdendo por 2 x 0, resultado que daria o título aos europeus, o Alvinegro reagiu no segundo tempo e conseguiu uma virada espetacular com dois gols de Pepe, um de Almir e outro de Lima, o que forçou o jogo de desempate.
A grande decisão também foi realizada no Maracanã diante de 132.728 espectadores, até hoje o maior público da competição, cujo recorde jamais será batido. Ainda sem Pelé, que continuava lesionado, o Santos superou o Milan por 1 x 0 com gol de Dalmo em cobrança de pênalti aos 31 minutos da primeira etapa, que selou o bicampeonato mundial de um “time dos sonhos”.
A base da seleção brasileira
O Santos formava a base da seleção brasileira e tinha no elenco 15 jogadores que foram campeões nas primeiras três Copas do Mundo conquistadas pelo Brasil. São eles:
• Zito, Pelé e Pepe na Copa do Mundo da Suécia em 1958;
• Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe na Copa do Chile em 1962;
• Joel Camargo, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Pelé e Edu na Copa do México em 1970.
Pelé, o Rei do Futebol
Em seus 108 anos de história, o Santos sempre foi um celeiro de craques e revelou inúmeros talentos como Pepe, Coutinho, Edu, Clodoaldo, Pita, Juary, Robinho, Diego, Neymar, Gabriel, Rodrygo, entre tantos outros, além é claro do maior de todos, Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente por Pelé, o Rei do Futebol.
O maior jogador de todos os tempos defendeu o Peixe por 18 anos e entrou em campo 1.116 vezes com a lendária camisa alvinegra, assinalando 1.091 gols e conquistando 10 Campeonatos Paulistas, quatro Torneios Rio-São Paulo, uma Taça Roberto Gomes Pedrosa, cinco Taças Brasil, duas Copas Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes.
O gesto do soco no ar para comemorar seus gols ficou imortalizado, assim como o prestígio da camisa 10 entre os jogadores. “É difícil explicar. A camisa 10 passou a ser do jogador mais importante das equipes, a ponto de muitos jogadores brasileiros, como o Romário, querer jogar as Copas com a 11. Ele falou: ‘Não vou pôr essa número 10 não, é muita responsabilidade’. Sabe, é uma coisa que só Deus pode explicar”, declarou Pelé anos atrás em entrevista ao canal SporTV.
Em 19 de novembro de 1969, no Maracanã, Pelé marcou o histórico milésimo gol de sua carreira, o segundo da vitória do Santos diante do Vasco pelo placar de 2 x 1, em cobrança de pênalti aos 34 minutos do segundo tempo. Antes do jogo, no decorrer do dia, o camisa 10 santista concedeu entrevistas para centenas de jornalistas estrangeiros que vieram ao Brasil somente para acompanhar o “espetáculo”.
Mesmo proibida pela então CBD (Confederação Brasileira de Desportos), a transmissão da partida acabou sendo realizada por emissoras de TV e, após o gol de número 1.000, uma multidão de fotógrafos, cinegrafistas e repórteres de todas as partes do mundo invadiu o gramado do Maracanã para registrar e consagrar o feito.
“Muito prazer, sou o presidente dos Estados Unidos. Você não precisa se apresentar, porque Pelé todo mundo sabe quem é” (Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, ao receber Pelé na Casa Branca na década de 80).
Único clube do Brasil em lista dos 30 maiores do mundo
Uma pesquisa elaborada pela revista francesa “France Football”, uma das mais conceituadas publicações esportivas do mundo, revelou em 2019 quais seriam considerados os 30 maiores clubes de futebol do planeta. O Santos é o único brasileiro presente no ranking, na 27ª posição. O levantamento avaliou 85 equipes e levou em consideração parâmetros como audiência na televisão, gastos, alcance nas redes sociais, valor de mercado e, claro, importância histórica.
As principais conquistas do Santos em sua trajetória de 108 anos são a Copa Libertadores da América (1962, 1963 e 2011), o Mundial Interclubes (1962 e 1963), a Taça Brasil (1961, 1962, 1963, 1964, 1965), Taça Roberto Gomes Pedrosa (1968), Campeonato Brasileiro (2002 e 2004), Copa Do Brasil (2010), Recopa Sul-Americana (1968 e 2012), Recopa Mundial (1968), Copa Conmebol (1998), Torneio Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964, 1966 e 1997) e 22 Campeonatos Paulistas.