Retaliação por empresário, ameaça e gesto nobre de Renato: entenda os detalhes do desabafo de Ferreira
Atacante gremista Ferreira rompeu o silêncio em uma entrevista ao jornalista Jorge Nicola nesta terça-feira
Atacante gremista Ferreira rompeu o silêncio em uma entrevista ao jornalista Jorge Nicola nesta terça-feira
Enfim, Ferreira resolveu o falar. E rompeu o silêncio em forma de desabafo nesta terça-feira ao jornalista Jorge Nicola, no YouTube, dando a sua versão sobre a decisão de colocar o Grêmio na Justiça pedindo a rescisão de contrato. Para o atacante de 22 anos, grande parte da polêmica criada é por retaliação do clube ao seu empresário Pablo Bueno, o mesmo de Tetê, vendido de forma polêmica no início de 2019 ao Shakthar Donetsk, da Ucrânia.
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Tetê, vale lembrar, foi negociado por cerca de R$ 42 mi sem jamais ter jogado no profissional – tanto ele quanto Bueno lamentaram a falta de oportunidades com o técnico Renato Portaluppi. A situação gerou desconforto e o próprio Renato criticou o agente em entrevista na época. Em 2020, as trocas de farpas entre dirigentes e Bueno também foram constantes.
“Teve sim (influência por ser o mesmo empresário). Desde que começou essa briga com o Grêmio, vários empresários me ligaram e falaram assim: “Olha, fecha comigo que a gente consegue no Grêmio tudo que você está pedindo”. Eles também entenderam que a treta era com o Grêmio. E diziam que tinham moral pra chegar na diretoria e conseguir o contrato, ao contrário do meu empresário”, lamentou Ferreira.
Segundo o jogador, a direção tricolor decidiu tirar as “luvas” do novo contrato apresentado por entender que Bueno tomaria para si o dinheiro. Mas, na verdade, a ideia de Bueno era auxiliar Ferreira na compra de uma casa para os seus pais, que moram de aluguel.
“Na proposta de contrato que tiraram minhas luvas, botaram apenas a comissão do agente. Acharam que o Pablo estava só pelo dinheiro. Mas desde o início, não. Ele conhece a minha situação, sempre me ajudou e sabe que não venho de família rica. O Pablo me falou que a comissão dele nessa renovação seria minha, pra eu comprar uma casa pros meus pais, que moram de aluguel. E com as luvas ele me disse pra eu comprar a casa dos meus sonhos, ajudar a família, os meus avós. O Grêmio achou que o Pablo iria crescer o olho e pegar essas luvas pra ele, por isso tirou essa parte do contrato”, acrescentou.
Ameaça da direção: “Ou assina o contrato ou está fora da Libertadores”
O jovem de 22 anos garante que foi colocado na parede. Mesmo insatisfeito com a proposta de renovação – que era de R$ 30 mil mensais com gatilhos de aumento ano a ano, mas sem percentual do passe e luvas -, foi “obrigado” a assinar caso quisesse participar da Libertadores. Como recusou, foi tirado da lista de inscritos e afastado do elenco principal, já que o vínculo atual vai somente até o meio de 2021.
Ele afirma que o problema não foi com o Grêmio, mas com “alguns diretores”, dos quais evitou falar nomes.
“Ninguém fala que no ano passado eu renovei sem aumento salarial. Não tem jogador que hoje em dia renove sem aumento ou bônus, mas eu aceitei. Tinha gente na transição que ganharia mais que eu, que subi profissional. Nada contra eles, que também têm méritos. Em 2014, assinei meu primeiro contrato e ficou 20% pra escolinha de onde eu vim, que é conveniada ao Grêmio, e 80% pro clube. Se eles me vendem, eu ficaria chupando o dedo. Ficou assim o contrato até janeiro. De um dia pro outro, chegaram em mim: “Ou você renova ou não vai ser inscrito na Libertadores”. Não tem como decidir assim em 24 horas. Me deixaram contra a parede e me afastaram”, desabafou.
Ferreirinha, como é chamado carinhosamente no elenco, acabou rebaixado ao grupo de transição sub-23 também pela ação movida na Justiça pedindo a rescisão. A data do novo julgamento ainda não foi confirmada, mas ele deixa claro que não vê mais “clima” para se acertar com o Grêmio.
“Nunca quis sair do Grêmio. Ao contrário. Era o meu sonho. Sou muito grato ao Grêmio por tudo que fez por mim e por tudo que passei no clube. A decisão de botar na Justiça foi pelas coisas que foram acontecendo. Me afastaram e existiu pressão pra eu assinar a renovação de contrato. Não tive outra saída (…) Não vou mentir, tive propostas sim de outros clubes, que prefiro não falar agora. Desde que fomos à Justiça e durante essa pandemia, a direção do Grêmio não procurou mais o meu empresário”.
Ferreira ao lado de Pepê comemorando gol: cena dificilmente se repetirá no Grêmio – Foto: Lucas Uebel/Grêmio
Renato Portaluppi fez questão de ligar para o pai de Ferreira
Ao técnico Renato Gaúcho, o atleta só tem elogios. E faz questão de reverenciar o treinador pelo gesto de ter ligado ao seu pai, já em meio à polêmica, para “entender” o lado da família. Ferreira garante que Renato sempre foi favorável à renovação.
“O clube não tem culpa, nem o professor Renato, que desde o início pediu a minha renovação. Ele inclusive ligou para o meu pai para entender o nosso lado. Não tenho nenhuma reclamação com o Grêmio em si. Eu conversei muito com o Renato, me deu muito conselho. Quando conversou com o meu pai, ele mostrou que entendeu o nosso lado, por também ser pai. De todas as formas ele tentou ajudar. Mas a direção falava uma coisa pra mim, outra pro Renato e no contrato botava outra. Por isso a decisão de ir pra Justiça”, concluiu.
Ferreira estava no Aimoré no início de 2019 por empréstimo e retornou ao Grêmio. Recuperado de uma fascite plantar, virou destaque e artilheiro do time sub-23 no vice do Brasileirão de Aspirantes. Ao ganhar chance do técnico Renato no final do ano, chamou a atenção pelo bom desempenho nas rodadas finais da Série A contra Cruzeiro e Goiás – diante dos mineiros, na Arena, marcou até gol.
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