Ídolo da seleção da Itália, Cannavaro publica carta em site pedindo a máxima união dos italianos em meio à pandemia do coronavírus
“O que está acontecendo com o nosso país agora está me enchendo de ansiedade e dor. Não posso descrever como é horrível ver a Itália sofrer assim, ver tantas vidas perdidas a cada dia. Meu coração está com todas as pessoas que foram afetadas e, especialmente, com as que perderam alguém com quem estão próximas”.
A frase acima é de Fabio Cannavaro e faz parte de sua “Carta à Itália” publicada pelo site “The Player’s Tribune”. Capitão e ex-zagueiro da seleção italiana de futebol que conquistou a Copa do Mundo da Alemanha em 2006, o ex-jogador atualmente é o técnico do Guangzhou Evergrande, da China, país onde começou o surto do coronavírus.
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Na Europa, mais de 30 mil pessoas já morreram devido à pandemia da doença. A Itália é o país mais atingido, com mais de 12 mil vítimas fatais, seguida pela Espanha, que já registrou mais de oito mil óbitos. Até a manhã desta quarta (1), foram confirmados mais de 885 mil casos em 186 países espalhados pelo mundo inteiro.
De modo a conter a disseminação do contágio pela infecção, a orientação de profissionais de saúde é pelo isolamento social, ou seja, permanecer em casa o máximo de tempo possível. Fabio Cannavaro acabou de passar duas semanas em quarentena na China e, em sua carta, descreve como “horrível” o sentimento em acompanhar o impacto causado pelo coronavírus na Itália.
“Pelo menos fechamos o país e ordenamos que as pessoas ficassem em casa. Aqui na China, onde tenho treinado o Guangzhou Evergrande, entrei em quarentena há algumas semanas. As pessoas aqui já tinham lidado com a SARS, então sabiam o que fazer. Na Itália, nunca tivemos uma emergência como essa. Mas agora que estamos no meio dessa batalha, devemos lutar juntos. E isso significa trazer as melhores versões de nós mesmos”, diz Cannavaro.
“Eu já experimentei isso muitas vezes e os melhores exemplos que me vêm à mente são quando a Itália joga nas Copas do Mundo. Talvez isso pareça algo estranho de se mencionar em um momento em que os esportes parecem mais triviais do que nunca. Mas como todos sabemos, o futebol é mais do que apenas um esporte na Itália. Quando a seleção joga, todos se sentem parte disso. Todo mundo vem junto. E quando os italianos se reúnem, tendemos a fazer bem”, enfatiza o ex-jogador. E acrescenta:
“As pessoas sempre me perguntam por que a Itália venceu a Copa do Mundo. Não vencemos porque tivemos sorte. Vencemos porque tínhamos o melhor time e porque acreditávamos que venceríamos. Neste momento, como país, precisamos do mesmo espírito de unidade inquebrável. Já vimos alguns grandes exemplos de solidariedade (…) As pessoas saíram em suas varandas para aplaudir nossos trabalhadores médicos. Os vizinhos cantaram músicas juntos. Este é o tipo de unidade que precisamos”.
O ídolo da seleção italiana e ex-jogador de clubes como Napoli, Real Madrid, Inter de Milão e Juventus, também destacou na carta publicada pelo “The Player’s Tribune” que começou um projeto junto com ex-companheiros da Copa de 2006 para arrecadar recursos que serão destinados à Cruz Vermelha na Itália, visando abastecer hospitais com o que for necessário no combate ao coronavírus. E finaliza a mensagem com a seguinte frase:
“Claro que nenhum de nós é o Super-Homem. Mas quando estamos juntos, podemos conseguir qualquer coisa”.