Muricy Ramalho relembrou em entrevista nesta sexta-feira a sua passagem pelo Inter entre 2003 e 2005
Passado o susto de quase cair à Série B no dramático jogo contra o Paysandu, na rodada final do Brasileirão de 2002, o Inter decidiu mudar radicalmente. Sem dinheiro, não apostaria mais em medalhões e buscaria na base as soluções do presente e também do futuro. Já no ano seguinte, colocou como o grande comandante desse processo o técnico Muricy Ramalho, que ali iniciava a sua trajetória em times de ponta do futebol brasileiro.
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Em entrevista concedida ao jornalista Jorge Nicola, no YouTube, nesta sexta-feira, o ex-técnico e hoje comentarista dos canais SporTV relembrou as dificuldades que encontrou no início de todo aquele processo:
“Quando eu fui pro Inter, em 2003, eu fui pra reformular tudo. O clube não tinha dinheiro, não tinha jogadores. No ano anterior conseguiu evitar a queda só no último jogo, brigou pra não cair. Mandaram todo mundo embora. Só que o Inter não tinha nada. O Beira-Rio estava ruim, a concentração era horrível. E aí montamos a estratégia de buscar jogadores na base, botar no time profissional e vender um por ano. Daniel Carvalho, Nilmar, Sobis, Edinho. Aí foi indo. O time foi encaixando e começou a fazer um bom campeonato”, explicou o ex-treinador e hoje comentarista do SporTV.
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Em 2003, mesmo com o time recheado de meninos, o Inter foi campeão gaúcho e fez um excelente Brasileirão – o primeiro da história dos pontos corridos – lutando até a última rodada por uma vaga à Libertadores. Muricy foi para o São Caetano no primeiro semestre de 2004 e voltou ao Inter no meio do mesmo ano, permanecendo até 2005.
Apesar dos convites, Muricy rejeitou o São Paulo para ficar no Inter
A insistência foi grande, mas Muricy aguentou todas as pontas e se segurou no Inter durante a temporada de 2005, quando o São Paulo fez força para levá-lo. Nem mesmo a proximidade da família naquele momento o convenceu a deixar o projeto no colorado pelo meio do caminho.
Naquele ano, para quem não se recorda, o time gaúcho polarizou a disputa do polêmico título brasileiro com o Corinthians, que acabou levando a melhor. Ramalho deixou o Beira-Rio no final do ano, foi para o São Paulo em 2006 e, por uma enorme ironia do destino, se tornou vice da Libertadores ao perder para o próprio Inter, já com Abel Braga.
“Durante esse tempo, o São Paulo me convidava. Eu no meio da boa campanha com o Inter em 2005, por exemplo, e o Juvenal (Juvêncio, ex-diretor e presidente do São Paulo) me ligava. Uma vez eu até estava viajando com o Inter e ele me ligou convidando pra ir pra lá. E eu falei: “Você vai me desculpar, mas eu tenho um compromisso e estou no meio do processo de renovação de um clube e aqui existe um planejamento, as coisas não podem ser assim”. E não fui. Duas vezes naquele ano o São Paulo tentou me levar”, disse Muricy, antes de concluir:
“Eu nem ganhava tão bem no Inter e o contrato não tinha multa nenhuma. Para mim, pessoalmente, seria ótimo. Ficar perto dos meus filhos, que me ligavam perguntando se eu era louco de não aceitar. Mas não fui pelo compromisso e pelo planejamento que a gente tinha no Inter. Aí depois do fim do contrato sim, no final de 2005, o São Paulo convidou de novo depois que o Paulo Autuori foi embora após o Mundial. Eu já estava cansado de ficar longe da família. Acabei deixando um timaço pro Inter, que no ano seguinte ganhou de mim na Libertadores”, completou.
Apesar de não ter conquistado grandes títulos no Inter, tendo erguido apenas os estaduais de 2003 e 2005, Muricy Ramalho é até hoje figura respeitadíssima e idolatrada pelos colorados.
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