Dia do Livro: qual é o seu livro de futebol predileto?

Em tempos de “quem pode, fica em casa”, uma das coisas que mais temos ouvido sobre “isolar-se” fiz respeito aos nossos comportamentos. O quê e como fazíamos as coisas teve que mudar de uma hora para outra, para uma grande parcela da população do mundo.

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Mesmo para quem está na linha de frente da luta contra a pandemia do coronavírus, os chamados ‘essenciais’, ou como aqueles que estão sendo simplesmente obrigados a trabalhar fora de casa e expor-se, mudar os hábitos foi praticamente uma questão sem grandes escolhas: como se tosse, como se lavam as mãos, o uso das máscaras, redução de contatos físicos e etc.

Entre as tantas e tantas coisas que estão acontecendo conosco e com o mundo (milhões de coisas! 100or!), o hábito da leitura tem sido uma prática reiteradamente comentada entre os assuntos das redes sociais, ou mesmo, singelamente observados nos meus próprios atos solitários de tentar pensar em outras coisas a não ser o Brasil, a política e o vírus.

DIA DO LIVRO

Quinta-feira, dia 23 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Livro.

Eu tenho lido uma infinidade de coisas. Coisas mesmos, de tudo quanto é formato (digital ou físico – também tem a versão, rascunho impresso, que amo!), tamanhos, temas e autores. Alguns eu parei, outros continuei, outros estou flertando… Tem um monte de links salvos por ai e acolá…

Mas desafio mesmo, é engolir um livro do início ao fim. Como uma pílula em tempos de “pandemedos”.

Mas eis que a essência desta coluna é aquele trololó esportivo, seja lá de onde ele vem, e as vezes ele também pode vir travestido de livro. Digo isso porque as vezes o esporte pode vir lá de 100 anos atrás, lugar do qual eu gosto muito quando consigo escrever sobre as histórias boleiras do início do século XX.

Mas tem também tem textos aqui que nasceram do ontem, dos temas em voga, das notícias babadeiras do futebol, das manas, dos varzeanos, do corona, ou mesmo das tecnologias disponíveis. Quando fiz lista das Top listas de música do Spotify eu curti é muito!

Mas é livro minha gente! O futebol é também livro. Palavras. Histórias.

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HOJE É DIA DE LIVRO SOBRE FUTEBOL

Que o futebol foi xodó do Brasil há tempos e que até hoje disputa um lugar de predileção entre as modalidades esportivas contemporâneas, não é novidade. Mas desde que a bola rola, já tem muita gente escrevendo sobre essa mania, afinal, nem só de craques vive o futebol (é preciso as vezes arranjar outra coisa pra fazer em torno dessa bola rolando… escrever por exemplo!).

Não à toa existem INÚMEROS textos e livros no mundo sobre futebol! Todas as épocas, cores, diagramações e tipologias inimagináveis.

Eu nunca tinha pensado nisso até trabalhar no Museu do Futebol e ajudar a criar a primeira biblioteca pública e temática de futebol do nosso país do futebol! Alias, conviver perto de uma biblioteca é algo inexplicável…

TUDO é tema. Tudo já virou livro ou há de virar um livro, mesmo com o tema da bola. O futebol ganha, o país ganha, o esporte ganha e as pessoas ganham com isso.

Entre as histórias pesquisadas e contadas, eu compartilho hoje o meu livro predileto.

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O MEU LIVRO PREDILETO

A minha escolha é individual e por isso particular, sensível e até, inexplicável.

O meu livro favorito é um pouco disso tudo, combinado com uma boa pesquisa de fontes, uma porção de histórias bem amarradas, referências bem organizadas, um texto leve e um cadinho de elegância do “Brasil-aiá” da década de 20 e 30. E sim! Futebol! Aquele que bombava e se popularizava nessa época.

O meu livro predileto de futebol se chama Footballmania, deLeonardo Afonso Miranda de Pereira.

E aqui me perdoem os Memofuters (grupo de memorialistas da literatura que se reunem mensalmente para debater livros e temas do futebol), a minha seleção é airística, muito pessoal mesmo e claro, sem esquecer que existe uma infinidade de outros livros excelentes por todo o canto!

Footballmania foi uma publicação que verdadeiramente me inspirou a enfrentar a jornada que foi fazer uma pesquisa acadêmica (e sair viva e feliz). Ele é fruto de uma pesquisa de doutorado realizada pelo autor na Unicamp em 1998.

Nossa Aira! Credo! E você ainda quer recomendar para a gente?…. Sim!

O texto, também disponível como tese, tem o intuito de revelar uma história social do futebol no Rio de Janeiro, entre os anos de 1902-1938 (a nossa melhor Copa naquela época).

O professor e historiador Leonardo Pereira, primeiro, debulhou os jornais das primeiras décadas do século passado: 1910, 1920 e 1930… Parece coisa de antigamente, mas esse é a época em que o tal futebol causava puro êxtase no Brasil todo, e que ao mesmo tempo nada estava completamente dado, resolvido: os melhores campos, estádios, públicos, jogadores, clubes, campeonatos, regras e etc.

Se hoje debatemos o valor dos ingressos, hora dos jogos, divisões dos campeonatos, questões de gênero, raça e tantas outras indagações, naquela época se debatia muito também! A imprensa é uma universo maravilhosos de encontros com o passado do futebol dessa época.

O debate estava a todo vapor ponderado pelos respectivos fatos históricos e lição de cada tempo. Coisas básicas como “quem podia ou não jogar” já ocupavam as mentes reflexivas desses tempos. (pra quem curtiu a série O Jogo Inglês na Netflix…fica a fica!)

Leonardo nos conta sobre o surgimento de cada uma das Ligas esportivas em ascensão e com poderes, a distinção social que era pertencer ao circuito do futebol no Brasil, a moda e entusiasmo gerado por esse jogo e principalmente, a sua popularização e as consequências desse “descontrole” esportivo.

Gosto de livros com fotos e fontes. Esse tem!

Gosto de capítulo bem trabalhados e generosos com o leitor. Esse tem também.

Gosto de pensar como as pessoas se divertiam há mais de 100 anos atrás. Tão parecido e tão diferente. Tem.

É a época do Leônidas minha gente!! Sensacional!

Gosto de me perder na leitura, e isso aconteceu também.

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