Mesmo ainda atrás de beisebol e basquete, por exemplo, a Copa 94 despertou o interesse dos norte-americanos pelo futebol, que aumenta a cada ano
Entre 17 de junho e 17 de julho de 1994, os Estados Unidos sediaram a 15ª edição da Copa do Mundo de futebol, acompanhada por aproximadamente três bilhões de pessoas em todo o planeta. Foram 52 partidas disputadas, 141 gols marcados e 3.567.415 torcedores pagantes, com média de 68.604 espectadores por duelo, a maior da história até os dias de hoje.
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Mesmo atrás de esportes como beisebol, futebol americano, basquete e hóquei na preferência dos norte-americanos, o Mundial não decepcionou e, aliado à uma forte estrutura de marketing, foi sucesso de público e deu impulso à popularização do futebol no país.
Se para algumas nações a realização da Copa do Mundo significa algum legado fora de campo, como investimentos na economia e no transporte público, por exemplo, nos Estados Unidos o que ficou após o torneio foi o gosto pelo esporte mais popular do mundo, a ponto de dois depois ter sido criada a Major League Soccer (MLS), a liga de futebol profissional norte-americana.
Sem a Copa 94, a MLS não seria como é hoje
“A MLS nasceu justamente como parte do acordo entre a Fifa e os organizadores da Copa 94 para trazer o evento para os Estados Unidos. É seguro afirmar que sem este acordo, o futebol nos Estados Unidos e a própria MLS não seriam o que são hoje”, disse anos atrás o então consultor de comunicação internacional da liga, Gabriel Gabor, em entrevista ao site do canal ESPN.
Gabor ainda completou que a meta da MLS é ousada e tem o objetivo de se tornar, até 2022, um dos maiores campeonatos de futebol do mundo, tendo quatro elementos como base: a qualidade dos jogadores e do nível do esporte praticado por eles, a “paixão” do torcedor que aumenta a cada temporada, a importância das equipes e o valor de mercado.
Em 1988, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) entregou ao país a missão de realizar a Copa 94, preterindo o Marrocos e o Brasil. Com apenas clubes amadores e times de universidades, os anfitriões precisavam então montar uma seleção e este era, sem dúvida, o maior desafio. Para isso foi criada uma academia com a finalidade de capacitar os atletas que representariam a nação.
“Nós falávamos o tempo todo sobre o medo de nos envergonhar. A pressão era imensa. Estávamos jogando não apenas pelo nosso time ou por nossa nação. Estávamos lutando pelo futuro do nosso esporte. Se fizéssemos algo muito ruim, o futebol nos Estados Unidos poderia nunca se recuperar. Nós tínhamos que passar da fase de grupos”, declarou Alexi Lalas, um dos líderes da seleção norte-americana que disputou a Copa, em entrevista à ESPN.
No entanto, ao contrário das previsões iniciais mais pessimistas, a seleção dos Estados Unidos representou muito bem seu país na Copa de 1994. Além de passar pela fase de grupos, foi eliminada pelo Brasil nas oitavas de final, o time que se consagraria campeão do torneio, em um dos duelos mais difíceis para os comandados de Carlos Alberto Parreira na campanha do tetra.
A audiência e o interesse pelo futebol crescem a cada ano
Um dos exemplos que atestam a maior popularidade do futebol nos Estados Unidos após a realização da Copa é a audiência: cerca de 25 milhões de norte-americanos assistiram ao vivo à final do Mundial de 2010, disputado na África, por exemplo. A MLS também apresenta crescimento constante das pessoas em frente à TV, na faixa de 13% a cada temporada.
Em 2014, uma pesquisa realizada pela ESPN nos Estados Unidos mostrou que 17,9% dos jovens norte-americanos eram fãs da MLS, enquanto 18% gostavam mais de beisebol, ou seja, um empate técnico. O mesmo estudo havia apontado, dois anos antes, que o futebol era o segundo esporte mais preferido das pessoas com idade entre 12 e 24 anos, atrás somente do futebol americano.
Outro estudo feito em 2018, ano em que foi disputada a última Copa do Mundo na Rússia (sem a participação dos Estados Unidos), sinalizou que 47% da população norte-americana (quase a metade) demonstra ter algum tipo de apreço pelo futebol.