Há 58 anos, no dia 2 de março de 1962, pivô do Philadelphia Warriors fazia história com uma das atuações mais memoráveis do basquete
Em 1962, a NBA ainda estava muito abaixo do beisebol e do futebol americano no interesse do público. Cenário que ajuda a explicar o fato de não haver registro em vídeo daquela vitória por 169 a 147 do Philadelphia Warriors sobre o New York Knicks. Talvez, algum capricho dos “deuses do basquete” que faz com que a performance de Wilt se torne ainda mais lendária.
Naquele momento, os Warriors estavam garantidos nos playoffs, enquanto a equipe de Nova Iorque caminhava para a segunda pior campanha da liga. Além disso, o jogo seria disputado em um “ginásio neutro”, na cidade Hershey (Pensilvânia), visando a popularização do esporte. Pouco mais de quatro mil pessoas compareceram. Mal sabiam que seriam testemunhas de uma noite histórica.
O Ano de Wilt Chamberlain
Chamberlain chegou para enfrentar os Knicks no embalo de temporada histórica – para muitos, a melhor da carreira. O pivô terminou aquele campeonato com incrível média de 50,4 pontos por jogo – outro recorde praticamente inalcançável.
Em 1961/62, registrou cinco das sete partidas de 70 pontos ou mais da história da NBA. O astro dos Warriors teve absurdos 48,5 minutos por partida na temporada – mais do que o tempo regulamentar de um jogo. Feito possível por conta das 10 prorrogações disputadas pelo time.
O dia do Jogo
Phil Jordon, seria o responsável por marcar Wilt na partida. Porém, pivô titular dos Knicks não foi para o jogo. A justificativa oficial foi de que o não jogaria por conta de sintomas de gripe. Porém, a conversa da época é de que Jordon estava em uma tremenda ressaca. Com isso, Chamberlain, que já era absolutamente dominante, teve ainda mais facilidade para pontuar em cima de um New York desfalcado e em péssima fase.
Como de costume, Wilt Chamberlain foi a principal arma do Philadelphia na partida. E para completar, tudo estava caindo naquela noite. Com grande aproveitamento nos arremessos, Chamberlain já somava 41 pontos no intervalo. Ainda assim, a liderança dos Warriors no placar ainda não era tão confortável: 79 a 68 para o time da Philadelphia.
Existem relatos que no intervalo, o armador Guu Rodgers disse: “Vamos dar a bola para o Wilt”.
Na volta para o segundo tempo, a estratégia adotada pelo treinador dos Knicks, Eddie Donovan, foi tentar fazer faltas em Chamberlain. No entanto, o pivô estava impossível. Até mesmo os lances livres – longe de serem especialidade de Wilt – estavam caindo. O pivô cobrou 32 lances livres na partida e converteu 28 – um impressionante aproveitamento de 87,5%. Com bola em jogo, foram 36 cestas em 63 arremessos (57,1%).
“Nossa, sou o pior arremessador de lances livres e acertei 28 de 32 naquela noite. Isso mostra como todos podem ter um dia de sorte”, escreveu Wilt em um dos livros que publicou ao fim da carreira.
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Wilt Chamberlain anotou outros 28 pontos no terceiro período, chegando a 69 com ainda 12 minutos por jogar. “Os torcedores começaram a gritar: passem para o Wilt, passem para Wilt”, diz trecho de reportagem da NBA History.
Percebendo a estratégia que o Warriors tomou, a equipe do Knicks começou a cometer faltas em outros jogadores, impedindo Chamberlain de pontuar. Porém, sem seguida, a equipe da Philadelphia contra-atacou e começou a cometer faltas para parar o relógio e dar mais tempo para o pivô chegar a marca centenária.
Segundo Al Attles, outra lenda dos Warriors e que esteve em quadra na partida, Wilt chegou a pedir para ir para o banco.
– A coisa mais marcante foi que ele tentou sair antes de chegar aos 100 pontos. O técnico não o escutou, ninguém quis escutá-lo. Nós dizíamos: “vamos te passar a bola”. Ele dizia que não precisava. Quando chegou aos 100, provavelmente era o menos empolgado na festa que todos fizeram – disse Attles em entrevista ao repórter Marc J. Spears, da ESPN americana, em 2016.
A marca centenária
Com o ginásio ensandecido na reta final da partida, Wilt Chamberlain entrou nos últimos três minutos com 94 pontos:
- 2m12s – lançou o corpo para trás e, com bola certeira, chegou aos 96;
- 1m19s – com uma enterrada furiosa, lance raro para Wilt, a marca pulou para 98;
- 46s – ao se livrar de cinco marcadores (o time inteiro dos Knicks) saltou alto, soltou a bola e chegou ao feito centenário, para delírio de todos os presentes no ginásio.
Nos segundos finais, Wilt ainda chegou a ter a oportunidade de anotar outros dois pontos, mas preferiu manter o número redondo.
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