Vitor Guedes: É errado dizer que o Corinthians joga igual desde 2008
Muita gente insiste nessa tese que faz parte da série “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”
Muita gente insiste nessa tese que faz parte da série “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”
Maloqueiros, sofredores e torcedores.com, já são semanas sem derrota, sem empate, sem rock ‘n’ roll e a crise de abstinência de Coringão está sendo saciada com reprises de jogos históricos.
Com o meu BMG Corinthians o seu time sempre ganha. Abra sua conta!
Aqui neste espaço, não voltarei a 1977 (e olha que é o ano que eu nasci e meu filho, não por coincidência, chama Basílio), 1982, 1990, 1998, 1999, 2000… Muto menos ao esquadrão dos anos 50 imortalizado com a conquista do Quarto Centenário.
Foquemos no Corinthians pós-rebaixamento, de 2008 para cá, a reconstrução nesses 12 anos em que Mano Menezes, Tite e Fábio Carille foram os principais treinadores, com alguns hiatos mal sucedidos com Adilson Batista, Oswaldo de Oliveira, Cristóvão Borges, Jair Ventura e, agora, Tiago Nunes.
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Da série “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”, muita gente boa, outras nem tanto, insistem na tese absurda de que o Corinthians jogou igual nesse tempo todo. Que, basicamente, era um time defensivo (os fronhas pós-modernos chamam de “reativo”), que não atacava, achava uma bola e ganhava por 1 a 0 e blá-blá-blá.
Analisam o todo, de mais de uma década, como se fosse uma ideia única, um jeito único, o que é uma mentira deslavada desmentida pelos fatos, pelos resultados e pelos números.
Falemos de Tite. O time de 2012, o mais vitorioso da história, foi campeão da América sem centroavante. Liedson, que havia sido decisivo no Brasileirão-2011, já com o joelho ruim, assistiu do banco os meias Danilo e Alex se revezaram no espaço deixado onde não tinha um 9. Sheik, que partia da ponta esquerda, era o atacante mais efetivo, enquanto Jorge Henrique, um Romero muito melhorado, era o “atacante” que jogava dando sustentação a defesa e ao meio.
No mesmo ano, no bimundial, no Japão, já sem Alex, com Douglas jogando a semifinal e Jorge Henrique a final, o Corinthians, ainda muito sólido na defesa mesmo após a saída de Castán, baseou todo o seu jogo em procurar Guerrero. E Emerson Sheik, que, na Libertadores, era à vera o principal atacante, mesmo partindo do lado, atuou como segundo atacante clássico.
Ainda com Tite, em 2015 o Corinthians jogou o melhor futebol desde 2000. Ganhou o Brasileiro com melhor ataque, melhor defesa, melhor tudo. Era um futebol clássico. Com os meias Jadson e, principalmente, Renato Augusto jogando o fino, com direito as infiltrações decisivas do volante Elias. Era um esquema, com as devidas adaptações de desenho provocado pelo tempo, parecido ao de 98.
Carille? O Corinthians tricampeão paulista (2017, 2018 e 2019) e campeão brasileiro (2017) são três equipes completamente diferentes. A de 2017, a melhor versão, tinha em Jô (que começou a temporada na reserva de Kazim) o grande fator de desequilíbrio à frente de um time sólido defensivo. Em 2018, sem Jô, Rodriguinho, atuando naquela faixa de campo que Danilo e Alex se revezaram na Libertadores-2012, era o principal nome do ataque… O mesmo Rodriguinho que esquentava o banco em 2015…
Resumindo, goste-se ou não do trabalho de Tiago Nunes, queira ou não queira mudança, é preciso restabelecer uma verdade: o Corinthians não foi o mesmo de 2008 a 2019. E quem não enxerga isso é capaz até de ver evolução na equipe que, até a paralisação, lutava para não cair no Paulista.
Vitor Guedes
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