Muita gente insiste nessa tese que faz parte da série “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”
Maloqueiros, sofredores e torcedores.com, já são semanas sem derrota, sem empate, sem rock ‘n’ roll e a crise de abstinência de Coringão está sendo saciada com reprises de jogos históricos.
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Aqui neste espaço, não voltarei a 1977 (e olha que é o ano que eu nasci e meu filho, não por coincidência, chama Basílio), 1982, 1990, 1998, 1999, 2000… Muto menos ao esquadrão dos anos 50 imortalizado com a conquista do Quarto Centenário.
Foquemos no Corinthians pós-rebaixamento, de 2008 para cá, a reconstrução nesses 12 anos em que Mano Menezes, Tite e Fábio Carille foram os principais treinadores, com alguns hiatos mal sucedidos com Adilson Batista, Oswaldo de Oliveira, Cristóvão Borges, Jair Ventura e, agora, Tiago Nunes.
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Da série “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”, muita gente boa, outras nem tanto, insistem na tese absurda de que o Corinthians jogou igual nesse tempo todo. Que, basicamente, era um time defensivo (os fronhas pós-modernos chamam de “reativo”), que não atacava, achava uma bola e ganhava por 1 a 0 e blá-blá-blá.
Analisam o todo, de mais de uma década, como se fosse uma ideia única, um jeito único, o que é uma mentira deslavada desmentida pelos fatos, pelos resultados e pelos números.
Falemos de Tite. O time de 2012, o mais vitorioso da história, foi campeão da América sem centroavante. Liedson, que havia sido decisivo no Brasileirão-2011, já com o joelho ruim, assistiu do banco os meias Danilo e Alex se revezaram no espaço deixado onde não tinha um 9. Sheik, que partia da ponta esquerda, era o atacante mais efetivo, enquanto Jorge Henrique, um Romero muito melhorado, era o “atacante” que jogava dando sustentação a defesa e ao meio.
No mesmo ano, no bimundial, no Japão, já sem Alex, com Douglas jogando a semifinal e Jorge Henrique a final, o Corinthians, ainda muito sólido na defesa mesmo após a saída de Castán, baseou todo o seu jogo em procurar Guerrero. E Emerson Sheik, que, na Libertadores, era à vera o principal atacante, mesmo partindo do lado, atuou como segundo atacante clássico.
Ainda com Tite, em 2015 o Corinthians jogou o melhor futebol desde 2000. Ganhou o Brasileiro com melhor ataque, melhor defesa, melhor tudo. Era um futebol clássico. Com os meias Jadson e, principalmente, Renato Augusto jogando o fino, com direito as infiltrações decisivas do volante Elias. Era um esquema, com as devidas adaptações de desenho provocado pelo tempo, parecido ao de 98.
Carille? O Corinthians tricampeão paulista (2017, 2018 e 2019) e campeão brasileiro (2017) são três equipes completamente diferentes. A de 2017, a melhor versão, tinha em Jô (que começou a temporada na reserva de Kazim) o grande fator de desequilíbrio à frente de um time sólido defensivo. Em 2018, sem Jô, Rodriguinho, atuando naquela faixa de campo que Danilo e Alex se revezaram na Libertadores-2012, era o principal nome do ataque… O mesmo Rodriguinho que esquentava o banco em 2015…
Resumindo, goste-se ou não do trabalho de Tiago Nunes, queira ou não queira mudança, é preciso restabelecer uma verdade: o Corinthians não foi o mesmo de 2008 a 2019. E quem não enxerga isso é capaz até de ver evolução na equipe que, até a paralisação, lutava para não cair no Paulista.
Vitor Guedes
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