Seleção brasileira feminina passa por primeiros testes em 2020 com maus resultados e fica devendo
Participação no Torneio da França sem vitórias mostra que Pia ainda terá bastante trabalho
Participação no Torneio da França sem vitórias mostra que Pia ainda terá bastante trabalho
Por Tayna Fiori, colaboradora em São Paulo
A seleção feminina de futebol encerrou a sua participação no Torneio Internacional da França nesta terça-feira (10) sem nenhuma vitória. Foram dois empates, contra Holanda e Canadá, e derrota para as donas da casa e campeãs do torneio, as francesas.
Os primeiros jogos de 2020 mostraram que erros antigos seguem acontecendo, e que a mudança esperada pós-Copa do Mundo ainda está lenta. Há sim um crescimento, mas a não reformulação fora das quatro linhas ainda incomoda muito.
Pia Sundhage convoca sem grandes novidades, e aposta em nomes que não tem apresentado bons resultados. O Papo de Mina analisou os todas as posições e traz o que deve ser mantido e o que precisa mudar para que a seleção brasileira brigue por um bom resultado em Tóquio, principal objetivo deste ano.
As goleiras
Para este torneio, Pia Sundhage convocou três goleiras: Aline Reis, Bárbara e Natascha. As duas primeiras já são velhas de casa. Bárbara é a goleira titular e carregou muito bem o peso dessa função ao longo dos anos, mas uma renovação é vista com bons olhos, em virtude de alguns erros que vem cometendo.
Uma opção é Aline Reis. A goleira pegou três pênaltis no Torneio Uber de Futebol Feminino disputado no Pacaembu, em 2019, mas a sua baixa estatura é alvo de muitas críticas. Ela tem 1,63 m, e faz treinamento específico para pular mais alto e melhorar a defesa.
O grande destaque na França foi a estreia de Natascha, do Paris FC. Ela entrou no segundo tempo da primeira partida, contra a Holanda, substituindo Aline Reis e fez duas defesas consideradas difíceis. Com apenas 22 anos, Natascha é uma peça importante para um futuro próximo da seleção.
A defesa
Desde antes da famosa “Era Vadão” esta é uma posição que costuma causar dor de cabeça. Na Copa do Mundo foram diversos gols sofridos após falhas da zaga, e Pia buscou mudanças que melhorem a organização, mas ainda é possível enxergar problemas, inclusive nas laterais.
Para o Torneio da França, Pia trouxe novos nomes para a zaga, como Antônia, que atua no Madrid CFF, e Rafaelle, do Changchun Dazhong. Ambas têm boa visão de jogo, sabem trabalhar a bola, e devem seguir nas convocações, pensando em renovações da seleção.
Na lateral-esquerda, Jucinara foi testada, mas a titular deve ser mesmo Tamires. Pela direita, fica a preocupação após a lesão de Letícia Santos. Luana atuou bem na função de na partida contra a Holanda, e Antônia foi testada na vaga contra o Canadá, mas deixou um pouco a desejar. Resta observar quem a treinadora brasileira vai arriscar para esta posição na Olimpíada.
O meio de campo
Extremamente dependente de Formiga, o time aparenta se desestruturar inteiro sem ela em campo – não tem ligação de bola, ninguém busca nada na zaga, fica um buraco.
Andressa Alves e Andressinha foram dois destaques negativos, bastante sumidas nas partidas. Apesar de fazer boas atuações pelo Roma, parece que na seleção Andressa Alves não consegue repetir o mesmo desempenho. Já Andressinha sente a falta de ritmo de jogo, uma vez que tem ficado no banco do Corinthians.
Por outro lado, Luana foi um dos destaques, tanto como meia quanto pela lateral. A jogadora do PSG tem faro de líder – recebeu a faixa de capitã após a saída de Marta -, e conquistou a vaga por ter muitas características buscadas por Pia.
Outra combinação que funciona no meio de campo é entre Formiga e Thaisa. A jogadora do CF Tácon já é carta velha na amarelinha e faz boa dupla com a camisa 8, mas perde o ritmo sem a companheira.
O ataque
O ataque ainda é melhor setor da seleção. Marta e Cristiane conversam muito bem em campo, mesmo sem fazerem grandes exibições no Torneio. A camisa 10 está sem ritmo de jogo, uma vez que ainda não começou a disputar as partidas com o Orlando Pride, enquanto sua companheira, mesmo já atuando pelo Santos, se mostrou um pouco cansada e não rendeu tudo que pode.
Bia Zaneratto também mostrou que tem papel importante no time, posicionada como centroavante e participando da criação de todas as jogadas. A atleta do Palmeiras deu duas assistências e parece ter carimbado o passaporte para os Jogos Olímpicos.
Ludmilla é responsável por dar velocidade à partida, mas a atacante do Atlético de Madrid ainda comete muitos erros de passe e de finalização. Debinha é peça importante para o Brasil, e pode atuar como ponta e como meia, dando ritmo, agilidade e precisão ao time.
Estes nomes do ataque não devem sofrer grandes mudanças para a Olimpíada de Tóquio, mas Pia precisa reforçar os treinamentos. A seleção ainda perde muitos gols e tem falhado nas cobranças de pênalti, algo que pode fazer a diferença em partidas decisivas.
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