Pia Sundhage encontra caminho a seguir na Seleção Feminina apesar de resultado frustrante contra o Canadá; entenda
Brasil abre 2 a 0 no primeiro tempo com Marta e Ludmila, mas permite reação das canadenses na etapa final; formação do time no primeiro tempo agrada e deve ser a base do esquema tático de Pia na Seleção Feminina
Brasil abre 2 a 0 no primeiro tempo com Marta e Ludmila, mas permite reação das canadenses na etapa final; formação do time no primeiro tempo agrada e deve ser a base do esquema tático de Pia na Seleção Feminina
Vocês já cansaram de ouvir este que escreve falar que o futebol é um esporte simplesmente fascinante. Mesmo em resultados frustrantes (como o empate em 2 a 2 entre a Seleção Feminina e o Canadá na última rodada do Torneio da França), ele pode nos proporcionar as mais variadas lições em todo tipo de situação. E por mais que os torcedores que acompanhavam as nossas meninas em Calais nesta terça-feira (10) tenham ficado de cabeça quente após o apito final e a atuação bem abaixo da equipe de Pia Sundhage no segundo tempo, fato é que a treinadora sueca achou um norte, um caminho a seguir, uma base para a montagem da equipe que vai disputar os Jogos Olímpicos no Japão. Esse caminho passa pelo aproveitamento de Bia Zaneratto, Ludmila e Luana no 4-2-3-1 que deu muito certo nos primeiros 45 minutos de partida diante da Seleção do Canadá. A bola (mais uma vez) está com Pia Sundhage.
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A Seleção Feminina entrou em campo com algumas modificações com relação ao time que foi derrotado pela França no último sábado (7). A principal delas foi o retorno de Ludmila ao time titular ao lado de Andressinha e Marta (que lembrou alguns dos seus melhores anos com a camisa amarelinha) num 4-2-3-1 móvel e leve que tinha em Bia Zaneratto a jogadora de força e velocidade para romper a última linha defensiva. Mais atrás, Luana e Formiga (esta saindo um pouco mais para dar o primeiro combate) protegiam a zaga formada por Antônia, Bruna Benites, Rafaelle e Jucinara. Após um início em que o Canadá esteve com mais posse de bola, o Brasil se encontrou dentro de campo, ocupou bem os espaços e teve nas trocas de posição do seu quarteto ofensivo a grande arma para bagunçar a defesa adversária. Principalmente com a dupla formada por Ludmila e Bia Zanieratto se revezavam pelos lados e por dentro (principalmente no terço final do campo) nas principais jogadas de ataque da Seleção Feminina.
Pia Sundhage optou por um 4-2-3-1 na Seleção Feminina para encarar o Canadá e viu sua equipe jogar o futebol móvel e dinâmico que ela tanto pede. Destaque para Marta, Bia Zaneratto e Ludmila, que infernizaram a vida da defesa adversária com muita velocidade, e para Luana que organizava a saída de bola com muita qualidade. Foto: Reprodução / TV Globo.
Faltava, é verdade, um pouco de capricho nas conclusões a gol. Mas o time se comportou muito bem apesar de Andressinha jogar uma rotação abaixo das demais. Ao mesmo tempo, Luana comandava a saída de bola na Seleção Feminina com calma e tranquilidade, distribuindo bem o jogo e acionando Ludmila e Bia Zaneratto no comando de ataque. No entanto, o equilíbrio que eu e você vimos no primeiro tempo acabou indo embora com as mexidas de Pia Sundhage. As entradas de Cristiane, Andressa Alves e Debinha nos lugares de Formiga, Marta e Ludmila respectivamente (e o retorno para o 4-4-2) simplesmente deu todo o campo que Prince, Matherson e Sinclari queriam para criar as jogadas de ataque. O meio-campo perdeu compactação e a zaga sofreu com os buracos entre Bruna Benites e Daiane. Além disso, a expulsão de Jucinara praticamente acabou com qualquer ímpeto ofensivo da Seleção Feminina. Não é exagero dizer que o Canadá poderia ter virado a partida se houvesse mais tempo.
A mudança para o 4-4-2 e as mexidas de Pia Sundhage acabaram com o bom futebol da Seleção Feminina no segundo tempo. O time sofreu com a falta de compactação no meio-campo e os buracos entre as zagueiras Daiane e Bruna Benites. Quatro canadenses circulavam por entre as linhas brasileiras sem serem incomodadas. Foto: Reprodução / TV Globo.
Apesar dos resultados ruins, a Seleção Feminina sai do Torneio da França com pontos positivos que podem sim ser bem explorados por Pia Sundhage. O 4-2-3-1 pode e deve ser utilizado mais vezes por preencher bem o meio-campo e ter as jogadoras mais próximas umas das outras. Ao mesmo tempo, Ludmila e Bia Zaneratto podem (e devem) atuar juntas num ataque móvel que alia velocidade e força contra as defesas adversárias. Até mesmo Marta, que vinha de atuações apagadas, se mostrou muito mais à vontade e muito mais voluntariosa jogando nesse desenho tático do que na partida contra Holanda e França. Este que escreve, no entanto, tem duas ressalvas. Andressinha tem muita qualidade com a bola nos pés, mas peca demais pela falta de intensidade. Debinha (jogando por dentro) pode ser uma opção interessante. E algumas jogadoras já mostraram que estão abaixo das demais tecnicamente falando. Sobretudo Bruna Benites e Andressa Alves. Existem outras atletas que poderiam ser utilizadas na vaga das duas.
Os Jogos Olímpicos estão chegando e o tempo está acabando. Mais do que nunca, Pia Sundhage precisa definir seu time titular (ou pelo menos a base dele) e trabalhar seus conceitos nele. No entanto, a atuação da Seleção Feminina no primeiro tempo da partida contra as canadenses já mostrou o caminho para a treinadora sueca. Em tempo: Luana, Bia Zaneratto e Ludmila não podem mais sair da equipe.
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