Equipe brasileira segura a atual vice-campeã mundial com boas atuações de Luana e da estreante Natascha; Seleção Feminina segue invicta sob o comando da treinadora sueca com seis vitórias e três empates
É bem verdade que o empate sem gols contra a Holanda nesta quarta-feira (4), em jogo válido pelo Torneio da França, foi sim um bom resultado para a Seleção Feminina muito por conta do histórico recente das duas equipes. No entanto, é preciso deixar claro que o time comandado por Pia Sundhage ainda tem problemas que precisam de uma solução até o início dos Jogos Olímpicos. O principal dele está no meio-campo. Com Thaisa e Formiga no setor, a Seleção Feminina dependeu demais das jogadas em velocidades pelos lados e do futebol de Luana (a melhor em campo pelo lado brasileiro), que ajudou na armação das jogadas mesmo atuando na lateral-direita. Um ponto positivo foi a defesa, bastante exigida por Miedma, Van de Sanden e companhia. Num âmbito geral, as nossas meninas foram bem e mantiveram a invencibilidade sob o comando de Pia Sundhage. Mas é preciso produzir mais se a equipe quiser ir longe nos Jogos Olímpicos.
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As circunstâncias da preparação para o primeiro compromisso de 2020 obrigaram Pia Sundhage a escalar uma defesa completamente nova. Aline Reis entrou no gol, Luana (volante de origem) e Jucinara foram as laterais e a dupla de zaga foi formada por Antônia e Daiane. Até os primeiros 15 minutos de partida no primeiro tempo, a Seleção Feminina até teve um certo domínio, com Luana sendo talvez a surpresa mais positiva desse primeiro teste. Assim como aconteceu com Tamires nos últimos jogos de 2019, a volante do Paris Saint-Germain também aparecia por dentro para auxiliar na armação das jogadas e sempre contava com o apoio de pelo menos quatro opções de passe dentro do 4-4-2 usual de Pia Sunddhage. O grande problema, no entanto, seguia na ausência de jogadoras com mais características de criação e bom toque de bola no meio-campo. Formiga se desdobrava na marcação e Thaisa é jogadora de mais chegada no ataque. Faltava o “toque especial” de uma jogadora exatamente como Luana no setor. E isso ainda é um problema grave na Seleção Feminina.
Luana foi escalada na lateral-direita e fez ótima partida contra a Holanda. Sempre que a Seleção Feminina tinha a posse da bola, a camisa 23 apareceu pelo meio para articular as jogadas contado com várias opção de passe. Mas essa superioridade durou pouco tempo. Foto: Reprodução / SporTV
Pelo que se viu em Valenciennes, o setor mais testado da Seleção Feminina foi o sistema defensivo. E mesmo jogando sem as atletas consideradas titulares, a equipe comandada por Pia Sundhage se comportou bem diante da atual vice-campeã mundial. Tanto que as melhores chances da partida foram criadas pela Holanda. Mas uma coisa ficou bem evidente na disposição das jogadoras brasileiras dentro de campo: Pia Sundhage quer saídas rápidas para o contra-ataque para compensar esse problema de criação no meio-campo. Sua equipe mantém o 4-4-2 em duas linhas bem compactadas na frente da área, deixa Marta mais à frente e aposta em Ludmila (atacante que vive ótima fase no Atlético de Madrid) como válvula de escape saindo da esquerda para o meio. Se Aline Reis não trabalhou tanto na primeira etapa, a estreante Natascha brilhou nos 45 minutos finais com pelo menos duas grandes defesas. Valeu pelo teste contra uma equipe mais qualificada e pela maneira como o time se comportou durante os noventa e poucos minutos. Mesmo assim, ainda é preciso resolver o problema da criatividade no meio-campo brasileiro.
Pia Sundhage viu a defesa da Seleção Feminina suportar bem quase todas as investidas da Holanda, mas segue com sérios problemas na criação das jogadas. Tanto que Ludmila acabou virando válvula de escape nos contra-ataques da equipe brasileira e Marta permaneceu mais à frente. Foto: Reprodução / SporTV
Observando a disposição das jogadoras em campo e as substituições efetuadas durante toda a partida, a tendência é que vejamos uma Seleção Feminina atuando de maneira mais reativa nos Jogos Olímpicos, com saída em velocidade e forte marcação no meio-campo. Não por falta de jogadoras com capacidade de criação e bom passe, mas por opção da própria Pia Sundhage. Talvez a treinadora sueca tenha ficado mais preocupada com a atuação da equipe brasileira na última Copa do Mundo e queira evitar os mesmos problemas dos tempos de Vadão. No entanto, a impressão que fica (tanto das últimas convocações como da atuação diante da Holanda) é a de que esse time pode jogar mais do que vem jogando. Luana foi muito bem na lateral, mas pode fazer a equipe render muito mais jogando no meio. Ao mesmo tempo, por uma questão do estilo de jogo que Pia Sundhage quer que o escrete canarinho tenha em campo, Marta e Cristiane dificilmente vão jogar juntas na Seleção Feminina a não ser em casos especiais. São duas jogadoras extremamente talentosas, mas que sofrem com problemas físicos.
Apesar dos problemas, é praticamente impossível não notar a evolução da Seleção Feminina com Pia Sundhage. As ideias e os conceitos são muito claros. No entanto, a criação das jogadas no meio-campo pode ser um problema grande na hora em que a equipe brasileira tentar a inédita medalha de ouro olímpica.
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