Galo vence a Raposa por 2 a 1 em noite de golaços no Mineirão; Atlético-MG foi superior durante boa parte dos 90 minutos, mas falta de jogo coletivo quase custou a vitória diante de um Cruzeiro esforçado e aguerrido
O primeiro clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro de 2020 acabou gerando mais dúvidas do que certezas. Enquanto o Galo trazia a campo uma equipe recheada de bons valores individuais apesar da ausência de uma proposta de jogo clara, a Raposa levava ao gramado do Mineirão uma equipe recheada de garotos da base e tentava se segurar como dava diante de um adversário mais qualificado tecnicamente. A vitória ficou com os comandados de James Freitas, mas a equipe de Adilson Batista chegou a dar um pouco de esperanças à torcida celeste na segunda etapa quando se soltou um pouco mais e criou problemas para Victor. Mas as perguntas permanecem. Qual será o Atlético que Jorge Sampaoli vai receber? E qual será o futuro do Cruzeiro nessa temporada com a disputa da Série B pela frente? Nunca um clássico das Minas Gerais trouxe tantas dúvidas como esse do último sábado (7).
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O primeiro tempo da partida no Mineirão não teve lá tantas chances e lances de emoção. Tirando uma cobrança de falta de Otero, um chute cruzado de Saviano e uma cabeçada de Marcelo Moreno, as duas equipes mais se estudavam e esbarravam nos seus problemas mais crônicos. Do lado do Atlético-MG (armado por James Freitas num 4-2-3-1 com bastante mobilidade atrás de Ricardo Oliveira), a falta de uma proposta clara de jogo sem tanta dependência do brilho individual. E do lado do Cruzeiro (organizado num 4-1-4-1 que procurava diminuir os espaços no meio-campo), um certo pragmatismo exagerado do técnico Adilson Batista, que adotou uma estratégia mais cautelosa diante de um rival claramente superior tecnicamente. O (belíssimo) gol de Igor Rabello aos 36 minutos do primeiro tempo obrigaria o treinador celeste a mudar sua postura para conseguir pelo menos o empate num segundo tempo que prometia ser muito mais movimentado do que nos primeiros 45 minutos.
O Atlético-MG teve as melhores chances da partida no primeiro tempo jogando no 4-2-3-1 proposto por James Freitas. Já o Cruzeiro optou por uma postura mais conservadora no 4-1-4-1 de Adilson Batista e só ameaçou em cabeçada de Marcelo Moreno bem defendida por Victor.
Adilson Batista espelhou o esquema do adversário deste sábado (7) com as entradas de Jhonata Robert e Thiago no lugares de Pedro Bicalho e Maurício. Tanto que o empate veio com uma bela cabeçada do camisa 18 após cruzamento de Edílson pela direita. E por mais que o Atlético-MG tenha jogadores mais qualificados, era o Cruzeiro quem levava mais perigo com boas trocas de passe no campo ofensivo e força nas bolas levantadas na área. James Freitas agiu e fez uma série de mudanças na sua equipe para recuperar o controle do jogo. Marquinhos, Cazares e Diego Tardelli entraram nos lugares de Allan, Savarino e Ricardo Oliveira. Com um Galo mais leve e mais envolvente, a Raposa foi novamente se recolhendo para a frente da sua área na expectativa de um contra-ataque ou de um erro na saída de bola do rival. Acabou que a ducha de água fria no Cruzeiro veio com um golaço de Otero nos acréscimos em jogada iniciada com Marquinhos pela esquerda.
As entradas de Marquinhos, Cazares e Diego Tardelli deram mais mobilidade ao Atlético-MG que sofreu diante do ímpeto ofensivo do Cruzeiro. O golaço de Otero foi um castigo para os comandados de Adilson Batista que chegaram a dominar o jogo no segundo tempo com bom toque de bola e muita velocidade.
Este que escreve ponderou que a atuação das duas equipes no primeiro clássico de 2020 deixa muito mais dúvidas do que certezas. Do lado do Atlético-MG, ficam as dúvidas sobre como Jorge Sampaoli (que assistia ao jogo dos camarotes do Mineirão) vai arrumar a equipe para a sequência da temporada apenas com o Brasileirão pela frente. O elenco já se mostrou qualificado. Falta apenas uma proposta de jogo mais clara e mais eficiente, coisa que o treinador argentino pode fornecer. E do lado do Cruzeiro permanecem as dúvidas sobre o futuro da equipe celeste com uma equipe formada quase que totalmente por garotos da base. Já se sabe que a Série B não é fácil e exige muito de quem a disputa. Ao mesmo tempo, o clube ainda convive com o caos nas finanças e uma série de incertezas sobre o futuro. Já se cogita a saída de Adilson Batista com mais força nos bastidores mesmo com todos os problemas já citados. E sem estabilidade, fica difícl pensar o futebol.
O samba da União da Ilha do Governador de 1978 resume bem a situação de Atlético-MG e Cruzeiro: “O que será o amanhã? Responda quem puder… O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser.” Mais do que nunca, o futuro das suas equipes mais tradicionais das Minas Gerais está nas mãos dos deuses do velho e rude esporte bretão.
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