Liderança, um esporte feminino: torcedora que ocupou presidência de clube aos 25 anos relembra gestão de sucesso
Torcedora fanática do Plácido de Castro, Rafaela Escalante foi presidente do clube durante dois anos e meio
Torcedora fanática do Plácido de Castro, Rafaela Escalante foi presidente do clube durante dois anos e meio
Por Lívia Camillo
Formada em administração de empresas, Rafaela Escalante foi das arquibancadas à cadeira da presidência do Plácido de Castro Futebol Club, com apenas 25 anos. Em 2016, o time – que leva o nome da cidade acreana de apenas 19 mil habitantes – passava por dificuldades financeiras. Rafaela aceitou o desafio e recuperou a credibilidade. Tudo isso em apenas dois anos e meio.
“Eu sempre brincava que um dia ia ganhar na mega-sena para ser presidente. O Plácido estava se afundando, ninguém queria [ocupar a presidência]”, contou em entrevista ao Papo de Mina.
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O caminho de Rafaela para um cargo incomum entre mulheres foi cheio de surpresas. Nunca havia passado pela cabeça dela ocupar qualquer cargo de liderança, ainda mais por ser tão jovem. Mas a dedicação de torcedora foi o que abriu as portas da política.
Após a segunda renúncia consecutiva de um presidente na equipe, a Fanáticos Plácido, chapa da torcida organizada que Rafaela ajudou a fundar, se lançou para a disputa da diretoria. Enquanto isso, o adversário nas eleições teve problemas com documentação e não pôde concorrer. Como uma única chapa, Rafaela e Jovelina Melo, presidente e vice, foram eleitas.
“Tudo aconteceu meio que do nada, mas eu gosto muito dessa área de gestão. Acabei ficando, todo mundo me apoiou, todo mundo acabou achando bom [o período de presidência]. Consegui muitas coisas”, disse.
Capacidade feminina
Quando assumiu a presidência, o clube estava atolado em dúvidas e sob forte desconfiança. Rafaela precisou provar muitas coisas em seu primeiro ano, mesmo com o respeito que recebeu de todos envolvidos. “Existe muito machismo ainda, principalmente no futebol. Mas as mulheres vêm provando há muito tempo que futebol também é para elas. Na gestão, principalmente, mulheres têm um carinho maior, mais desenvoltura em gerir e são mais organizadas”, ressaltou.
Os perrengues para quitar débitos, além das problemáticas situações envolvendo antigos contratos de jogadores, quase culminaram em tragédia para os cofres do Plácido em 2016. No entanto, o ano seguinte, de total planejamento de Rafaela, foi de um mandato foi tão bom que deixou saudades nos torcedores.
“Tiramos a vaga da Série D [do Campeonato Brasileiro de 2018] de um outro time que tinha investido muito mais do que nós. Cumpri minha promessa de não contrair mais dívidas e quitei muitas outras”, relembrou a torcedora e ex-cartola.
“Eu acredito que as mulheres têm poder para gerir clubes. Eu provei que é possível. Inclusive, mesmo com a presença do novo presidente do Plácido, muita gente pede para eu voltar. Isso é interessante. Eu me sinto muito feliz com isso.”