Ricardo Trade será líder do Comitê Organizador Local caso o país sedie a competição
Submetido à Fifa em dezembro do ano passado, o projeto do Brasil para sediar a Copa do Mundo de futebol feminino de 2023 começa com uma declaração de Marta, 34, eleita em seis temporadas a melhor jogadora do planeta. A candidatura, contudo, está ancorada em outra figura bem menos conhecida: o artífice do plano é Ricardo Trade, 62, que foi homem forte do país no Mundial masculino de 2014.
Trade assumiu em dezembro de 2019 a liderança da candidatura brasileira ao posto de sede da Copa do Mundo de 2023. Caso o projeto seja vitorioso, será também o líder do COL (Comitê Organizador Local), principal ponto de articulação entre o país e a Fifa.
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Na preparação para a Copa do Mundo de 2014, Trade operava como CEO do COL. Conhecido como Baka, ele era o principal executivo num núcleo marcado por instabilidade política. O comitê foi presidido até 2012 por Ricardo Teixeira, que renunciou em meio a um escândalo que o tirou também do comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e depois acabou liderado por José Maria Marin, banido do futebol em 2019, que hoje cumpre prisão domiciliar em Nova York (Estados Unidos). A perspectiva é que o arranjo funcione também para 2023, com Trade ao lado de Rogério Caboclo, hoje mandatário da CBF.
Há vários motivos para a presença do executivo ser um trunfo da CBF na candidatura. O principal deles é a experiência: ex-jogador de handebol, Baka foi gerente nos Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, diretor do comitê organizador das Olimpíadas Rio-2016, além de CEO da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e do COL do Mundial sub-17 de 2019, também ancorado no Brasil.
Antes de assumir o cargo no projeto do Brasil para 2023, Baka vinha trabalhando como diretor sênior de operações da CBB (Confederação Brasileira de Basketball). Ele também foi CEO do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 entre junho de 2018 e fevereiro de 2019, período em que precisou administrar a dissolução do órgão. Auditoria realizada no período apontou que a dívida, que estava na casa de R$ 267,8 milhões no fim do evento, já ultrapassava R$ 420 milhões.
O projeto do Brasil para receber o Mundial de 2023 não tem qualquer menção ao histórico de Trade. Entretanto, a presença do dirigente é vista internamente como um trunfo do país no pleito.
Quais são os candidatos a receber a Copa de 2023
Além do Brasil, Colômbia, Nova Zelândia e Japão formalizaram candidaturas para receber o Mundial feminino. A Fifa realizou uma rodada de interação com os países em fevereiro, e o anúncio do vencedor será feito em junho, na reunião de conselho que a entidade fará em Addis Ababa (Etiópia).
O projeto do Brasil destaca aspectos como a experiência recente do país com mega-eventos (a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016), o baixo nível de risco, o apoio do governo local e a paixão da população nacional pelo futebol – a estimativa da candidatura é que mais de 200 milhões de pessoas vejam o evento in loco em 2023.
Além disso, o projeto brasileiro estabelece o Mundial feminino como ponto nevrálgico para a consolidação do futebol como esporte para as mulheres do país. O projeto lembra que hoje a iniciação de meninas na modalidade ainda está mais vinculada a projetos sociais e narra a evolução da base de atletas nos últimos anos, com ênfase em 2019.
O projeto do Brasil para 2023 considera oito cidades-sede (Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), e todas receberam jogos da Copa de 2014. Em todos os locais, os estádios selecionados são os mesmos do Mundial masculino – o que significa jogos no Beira-Rio (Porto Alegre) e na Arena Corinthians (São Paulo), por exemplo.
E se o Brasil não for escolhido para 2023?
Em junho, caso o Brasil não seja selecionado para receber o Mundial de 2023, Trade deve ser internalizado pela CBF como CEO do futsal, esporte que hoje é gerido por uma confederação específica.
A definição mostra outra característica importante do dirigente: a capacidade de transitar entre as principais instâncias do esporte nacional e de estar sempre perto do poder – ele também já foi secretário de alto rendimento do Ministério do Esporte, cargo em que teve passagem curta.
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