Tricolor não consegue aumentar média de público e 2020 começa com saldos negativos no estádio. Presidente Mário Bittencourt, no entanto, afirma que compensa jogar no Maraca
Para que o clássico do último domingo contra o Vasco fosse no Maracanã, e não em São Januário, o Fluminense resolver arcar com quase toda a despesa de operação do estádio. Como não haveria público e os vascaínos eram os mandantes, a diretoria cruz-maltina iria levar o confronto para sua casa. Preocupado com a questão técnica, a diretoria tricolor assumiu o compromisso e teve que pagar quase R$ 208 mil, do total de R$ 235.589,42, que foi o saldo negativo somando todas despesas do confronto. A questão é que o tricolor já levou prejuízo em pelo menos sete, das 10 partidas no estádio. Em 2020, os únicos jogos em que o Fluminense teve saldo positivo com o custo de uma partida foram nos dois clássicos contra o Flamengo pela Taça Guanabara: R$ 31.456,05 na fase de grupos e R$ 367.756,22 na semifinal da Taça Guanabara
Mas o problema não vem de agora. Os números do ano passado mostram como o clube apresenta dificuldades nessas operações. No Campeonato Carioca de 2019, o Fluminense teve uma média de público de 9.680 pagantes por partida. Isso gerou uma renda bruta de 2.099.700 ao final da competição. No entanto, quando descontadas todas as despesas com taxas da Ferj (Federação de Futebol do Rio) e custos de operação do estádio, ou seja, o que seria a renda líquida, o valor se transforma em um prejuízo de 1.326.863, 42. O tricolor só não levou mais prejuízo que o Botafogo.
Falando da temporada 2019 inteira, dos dez maiores resultados financeiros negativos que tiveram mando de um dos 20 clubes da Série A, nove deles aconteceram na Taça Guanabara, três com o Fluminense como mandante. O maior saldo negativo bateu a casa dos R$ 300 mil, numa partida contra o Madureira. Recentemente, no entanto, o presidente Mario Bittencourt argumentou, e não foi pela primeira vez, que é um equívoco dizer que o Fluminense tem prejuízos atuando Maracanã. Como ele explicou, outras receitas não entram no borderô divulgado pela federação, tais como: ingressos adquiridos por quem é sócio, já que esses valores são repassados por uma empresa terceirizada. Uma atratividade maior justamente para quem deseja ser sócio do clube, além de receitas com bares, restaurantes, camarotes e placas de publicidade.
“Vocês (imprensa) consultam o borderô, que é da Federação, que não retrata toda a operação do estádio. Não tem nada de legal. Todo sócio futebol que vai ao jogo, essa receita o Fluminense já recebeu. Ele não entra no borderô. Alimento e bebida é direto para os dois clubes. Isso não entra no borderô. A operação completa de um jogo, Flamengo e Fluminense têm resultado positivo, obviamente com relação a proporcionalidade de pessoas que vão ao estádio. Recebemos o pagamento do sócio futebol por uma empresa terceirizada. Esses valores foram bloqueados por penhoras dos cento e tantos processos fora do Ato e não conseguimos fazer o aporte das receitas dos jogos”, explicou Mário Bittencourt.
Também por isso, em breve o Flu vai lançar um novo programa de sócio-torcedor, justamente para tentar fazer com que a torcida tricolor compareça em maior número e aumente a média de presença no maracanã. Após oito jogos como mandante em 2020, o Fluminense tem uma média de 16.255 torcedores. A renda bruta de bilheteria é de pouco mais de R$ 4 milhões, com o ticket médio a R$ 33,00. Entre os clubes da Série A, o tricolor é 11° colocado em público pagante.
A reportagem entrou em contato com o clube em busca de números consolidados que mostrem que, de fato, o Maracanã ainda gera um saldo positivo, financeiramente falando, ao clube. No entanto, até o fechamento da reportagem, não obtivemos retorno.
LEIA MAIS
Portões fechados em clássico contra o Vasco dão prejuízo de mais de R$ 200 mil ao Fluminense
Fluminense divulga “cartilha” e jogadores levam equipamentos fisioterápicos para casa