A crise no mercado financeiro nacional tem reflexo direto no futebol e o impacto pode ser imediado na janela de transferência.
O dólar disparou nesta segunda-feira (9) e marcou novo recorde de fechamento nominal. A moeda norte-americana subiu 2,03%, a R$ 4,72. Na máxima, chegou a R$ 4,79. A sequência de altas do câmbio quer dizer que a moeda brasileira vale menos no mundo. Fazer uma compra internacional, por exemplo, ficou mais cara nos últimos dez dias. Por outro lado, receber em moeda estrangeira por uma venda ao exterior se torna mais vantajoso.
Pouca coisa pode mudar até a próxima janela de transferências, mas duas coisas devem acontecer. Os jogadores com contratos valorizados, podem ter o caminho facilitado para deixar as equipes. Outra coisa que podemos ver é uma janela com alto número de vendas, já que uma proposta de 5 milhões de dólares hoje vale muito mais.
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Um exemplo que aconteceu recentemente foi o Palmeiras, que em 2014 contratou quatro jogadores argentinos: Allione, Cristaldo, Mouche e Tobio. O acordo previa salários pagos em dólar, sem proteção quanto à variação cambial. A moeda valia R$ 2,26 em agosto daquele ano e em 12 meses foi a R$ 3,60 (alta de 59%). O salário do quarteto subiu por causa do dólar, e o Palmeiras perdeu alguns milhões. O Corinthians, também se deu mal com a indexação de salários ao dólar na contratação de Ángel Romero, em 2014. Os pagamentos do atacante valorizaram quase 60% só com a variação cambial.
Segundo apuração do UOL Esporte, os clube afirmam não pagar salários em moedas de outros países, prática já foi bastante comum, principalmente tratando-se de jogadores estrangeiros. Os times afirmam que atletas como Arrascaeta e Gabriel Barbosa (Flamengo) ou Juanfran e Daniel Alves (São Paulo) recebem todos em real. Assim como, o meia, Victor Cantillo, do Corinthians.
Dá para lucrar com a alta?
Se o dólar alto prejudica as dívidas, também pode inflar as receitas. O caso mais comum é a venda de jogadores para o exterior, que torna-se mais lucrativa. Nesse cenário, alguns clubes podem se aproveitar para aumentar suas receitas, entre eles, estão: Flamengo, São Paulo, Athletico-PR e quem mais fez negócios volumosos na última janela de transferências. Também aumenta a importância das premiações dos torneios continentais, que são pagas em dólar pela Conmebol.
São Paulo é um dos que mais vai se beneficiar com a alta: o clube espera receber 7 milhões de euros do Ajax (HOL) nos próximos dias, referentes à venda de David Neres. Com a moeda a R$ 5,03, a parcela se transforma em R$ 35,2 milhões, quase 11% a mais do que se o pagamento tivesse sido feito no começo de 2020. Por outro lado, o clube tem uma parcela de Tiago Volpi para pagar em dólar. Já o Flamengo tem parcelas de compras de atletas até 2023, mas também tem dinheiro a receber em euros por várias vendas recentes. Neste cenário, o clube, entende ter mais vantagens do que desvantagens com a desvalorização do real.
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Muitos devem pensar que os clubes podem solicitar adiantamento de pagamentos, porém este tipo de adiantamento tem um risco: valeria a pena se o euro cair daqui para frente, mas não se a moeda continuar a se valorizar em relação ao real.
“Se tenho uma parcela para vencer lá em junho, do Antony, e vejo que há uma tendência de queda do euro, posso pegar uma antecipação desta verba e aplicar aqui no Brasil para render, assim aproveitaria a alta atual”, explica Elias Barquette, diretor financeiro do São Paulo, em entrevista para o UOL Esporte.
Analisando os clubes que podem aumentar suas receitas, preparamos uma lista com os jogadores mais valiosos do país.
Jogadores mais valiosos do futebol brasileiro (em euros)
Everton Cebolinha (Grêmio) – 35 milhões
Gabigol (Flamengo) – 23 milhões
Matheus Henrique (Grêmio) – 22 milhões
Antony (São Paulo) – 20 milhões – Vendido ao Ajax
Arrascaeta (Flamengo) – 19 milhões
Dudu (Palmeiras) – 15 milhões
Pedrinho (Corinthians) – 15 milhões
Gerson (Flamengo) – 14 milhões
Crédito dos números: UOL Esporte
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