Com contratos até abril, clubes menores temem pela incerteza no retorno das competições
Muitos times do interior não têm calendário de competições no segundo semestre e contratos com jogadores foram firmados até o mês de abril
Muitos times do interior não têm calendário de competições no segundo semestre e contratos com jogadores foram firmados até o mês de abril
Devido à pandemia do coronavírus e de modo a conter a disseminação do contágio pela infecção, todas as competições do calendário do futebol brasileiro estão paralisadas por tempo indeterminado. A orientação de profissionais de saúde é pelo isolamento social, ou seja, permanecer em casa o máximo de tempo possível para evitar a propagação da doença.
Diante desse cenário, os jogadores foram liberados para ficarem em casa, na maioria das vezes seguindo informações e orientações de atividades que visam manter o condicionamento físico. Ainda sem previsão para o reinício da temporada, a grande maioria dos clubes irá conceder um período de férias coletivas a partir de 1º de abril.
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As equipes também negociam com sindicatos e representantes de jogadores as questões sobre pagamentos, e vários clubes menores espalhados pelo país já enfrentam problemas relacionados ao vencimento dos contratos que acontece em meados do mês de abril, quando se encerrariam competições estaduais e regionais.
O Santo André tem 20 jogadores no elenco com contratos que se encerram em abril. O time é o atual líder da classificação geral do Campeonato Paulista, porém não possui condição financeira para ampliar a validade se a disputa da competição for prolongada. Os dirigentes já avisaram que existe até mesmo a possibilidade de o clube abandonar o torneio, caso ele não seja retomado no próximo mês.
Sem as receitas do futebol e com o adiamento de shows no estádio Santa Cruz, Adalberto Baptista, presidente do Conselho de Administração da empresa gestora do Botafogo de Ribeirão Preto, disse que o clube pode ter um prejuízo de até R$ 6 milhões com a paralisação e que “a coisa fica incomensurável” se a parada se estender após o mês de junho.
Outros clubes paulistas também ajustam seus orçamentos a medida que a pausa na temporada se estende. Água Santa e Ferroviária, por exemplo, demitiram seus treinadores, Pintado e Sérgio Soares, respectivamente.
Os dirigentes de São Bernardo FC e Taubaté, os dois primeiros colocados até a última rodada disputada da Série A2 do Paulistão, acreditam que será muito difícil a continuidade dos jogos, uma vez que os contratos de seus atletas terminam em 30 de abril, data inicialmente programada para a final do torneio. Além da questão financeira inviável para prorrogar os vínculos, vários jogadores já assinaram pré-contratos com outros clubes a partir de maio.
As duas agremiações aguardam um posicionamento da Federação Paulista de Futebol a respeito dos rumos da competição, mas já analisam juridicamente o acesso para a primeira divisão estadual caso a Série A2 não seja mais disputada neste ano.
O Monte Azul, que ocupa o quarto lugar, também teme pela prorrogação da Série A2, sendo que 60% do elenco ficará sem contrato a partir de maio. Se retornar depois de abril, o Azulão terá somente 12 jogadores com contratos ainda em vigor e o presidente do clube adiantou que não terá dinheiro suficiente para pagar salários até de funcionários.
No Campeonato Mineiro não é diferente. Uma enorme interrogação paira sobre a grande maioria dos times do interior que, sem calendário de competições no segundo semestre, validaram contratos com jogadores até o final de abril, quando aconteceria o término do Estadual.
O presidente do Tupynambás, por exemplo, já declarou que o clube não renovará os contratos que acabarem antes do retorno da competição. A mesma situação do Uberlândia, que estima prejuízo caso tenha que estender os contratos dos jogadores para depois do mês de abril. O Patrocinense também não prevê renovar o vínculo dos atletas a partir de maio e seus dirigentes não acreditam que haverá datas disponíveis para a sequência do campeonato.
Em Pernambuco, os times do interior se movimentam para protocolar, no início de abril, uma solicitação de conselho arbitral entre as dez equipes que disputam o torneio estadual, de modo a pedir pelo seu encerramento. Como na grande maioria dos clubes os contratos terminam em 30 de abril, não haveria mais condição financeira para sua continuidade. Se encerrada, a competição preservaria as posições dos times na tabela, mas sem rebaixamento.
Como está na terceira fase da Copa do Brasil, o Afogados ainda pode honrar seus compromissos durante a paralisação, com contratos vencendo no final de abril, diferentemente do Salgueiro, que manteve em dia os salários de março, mas informa que não pode garantir os próximos vencimentos.
A Federação do Acre aguarda uma decisão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para se posicionar em relação ao torneio no estado. O Andirá, por exemplo, já adiantou que sua participação está comprometida, uma vez que os contratos vencem até o dia 30 de abril e não há condição financeira para renovar. No Vasco-AC, os acordos também terminam em abril e o clube diz não ter dinheiro para prorrogá-los.
Na última semana, o ASA de Arapiraca anunciou que ainda não sabe se o Campeonato Alagoano será ou não retomado e informou que irá suspender os contratos dos atletas, comissão técnica e outros profissionais até o dia 31 de março. Já o Guarany de Sobral, do Ceará, decidiu interromper os contratos de todos os jogadores do elenco até que a situação volte ao normal.