Será que você acerta o placar Apostar na Betnacional PUBLICIDADE

Home DESTAQUE Cancelamentos esportivos acontecem desde a Gripe Espanhola de 1918

Cancelamentos esportivos acontecem desde a Gripe Espanhola de 1918

Há semanas, desde a constatação da Covid-19 como pandemia, nos acostumamos com notícias sobre os cancelamentos dos eventos esportivos mais notáveis do mundo. Campeonatos de futebol, basquete, tênis e esportivos de tudo quanto é coisa não vão acontecer tão cedo…

Por Aira Bonfim em 28/03/2020 15:16 - Atualizado há 5 anos

Há semanas, desde a constatação da Covid-19 como pandemia, nos acostumamos com notícias sobre os cancelamentos dos eventos esportivos mais notáveis do mundo. Campeonatos de futebol, basquete, tênis e esportivos de tudo quanto é coisa não vão acontecer tão cedo…

Entre essas notícias, talvez o adiamento essa semana dos Jogos Olímpicos Tokyo 2020 tenha nos chamado mais a atenção pelo ineditismo dos fatos.

Olimpíadas já foram canceladas, mas nunca adiadas para o ano seguinte. Há, inclusive, quem considere essa alteração uma blasfêmia para as tradições do evento…

Mas fato é fato (mesmo que muitos por ai continuem desacreditando do que acontece em torno de todo o globo terrestre): o vírus desloca-se em todos os territórios, e junto com ele, desafia o status quo de governos, mercados e cotidiano dos seres humanos comuns que desejam resistir a esse problema sem precedentes.

Carta aos leitores sobre a paralização das edições de O Tico-Tico, 1918. Acervo Biblioteca Nacional

Sem precedentes porque o mundo moderno, por mais que já tenha encarado outras epidemias e pandemias, encontra-se numa sinuca de bico sem manual e soluções certeiras e, por isso, apega-se onde e com quem pode para conseguir sair dessa menos lesionado possível.

Mas….. vale aqui lembrar que não se refuta ciência com opinião, e a História está ai para nos ajudar olhar para trás e projetarmos futuros possíveis.

A atual de pandemia de Covid-19 nos instiga o interesse pelo histórico da gripe espanhola e como esse episódio, há mais de 100 anos atrás, afetou o contexto esportivo brasileiro.

A gripe Espanhola de 1918

Na semana que se passou o grupo de pesquisa acadêmica sobre esporte, o Sport, publicou um texto muito elucidativo sobre o histórico de cancelamentos esportivos de 1918, época em que a gripe espanhola assolou o mundo.

A pesquisa foi organizada e escrita pelo professor Elcio Loureiro Cornelsen (FALE/UFMG) e chama-se “O futebol e a gripe espanhola“. Ela reune matérias e pesquisas atuais que tem se voltado ao tema, com a contribuição de pesquisadores, jornalistas e fontes de jornais da época.

Para quem não sabe, estima-se que o influenza de 1918 vitimou entre 50 e 100 milhões de pessoas no mundo, e por volta de 500 milhões de pessoas foram infectadas entre os anos de 1918 e 1919, coincidindo, inclusive, com o final da Primeira Guerra Mundial.

Nações como Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos estavam sob guerra, e a Espanha, que estava fora da peleja, acabou ganhando o nome da gripe por ter melhores condições de noticiar e contabilizar o contágio do vírus em meio ao caos mundial.

Supõe-se, inclusive, que o verdadeiro epicentro da pandemia da gripe espanhola tenha acontecido em St. Louis, no sul dos Estados Unidos. Já naquela época, em 1918, eventos públicos foram cancelados e aglomerações evitadas após o registro dos primeiros casos fatais no continente norte americano.

Barbeiros trabalham do lado de fora para seguir os protocolos de higiene de 1918. Acervo Science Photo Library

De acordo com Joachim Müller-Jung, a gripe espanhola fez com que escolas fossem fechadas em St. Louis, enquanto que na cidade da Philadelphia, na contra-mão das recomendações, eventos com aglomeração de público foram permitidos.

Resultados: enquanto em St. Louis o número de infectados subiu lentamente, os números na Philadelphia ficaram cinco vezes maiores, enterrando em média 250 pessoas diariamente.

O Brasil esportivo da gripe espanhola

De acordo com um texto recente do jornalista Paulo César Coelho (PVC), em 1918 aconteceu a paralisação do Campeonato Paulista de Futebol por três meses. Vale a pena relembrar que diferente de hoje, o grupo de risco de 100 anos atrás eram jovens entre 20 e 30 anos.

Apesar do Club Athletico Paulistano ostentar o título de campeão paulista do torneio de 1918, os relatos da imprensa da época nos sugerem que foi bem conturbada a interrupção e organização do campeonato de futebol em meio a gripe espanhola.

suspensão de noticiário esportivo em razão da gripe espanhola. O Tico-Tico, 1918. Acervo Biblioteca Nacional

A exemplo do que acontece hoje no estádio do Pacaembu, o próprio Paulistano, de acordo com Adison Veiga, montou um hospital de campanha em sua sede social, com a disponibilidade de mais leitos, num gesto simpático às autoridades médicas da época (se hoje em dia países desenvolvidos sofrem com a escassez de leitos e respiradores, imagine naquela época?)

Hoje acompanhamos de perto a Federação Paulista de Futebol interrompendo o andamento dos campeonatos masculinos e femininos de futebol, assim como ligas e dirigentes esportivos amadores, suspendendo suas atividades, como aconteceu com a Copa Super Pioneer e com o Complexo do Campo de Marte, ambos da várzea paulistana.

De acordo com Mario Gonçalves, a gripe espanhola também desorganizou o calendário de outros dois torneios no Estado de São Paulo: o Campeonato do Interior e o Campeonato Paulista da Segunda Divisão.

Apesar dos transtorno e baixas daquele período, tanto o Brasil como os outros países duramente afetados pelos vírus se reergueram e quase se esqueceram dos episódio da crise sanitária centenária. O universo dos esportes também sobreviveu às adaptações da gripe espanhola.

campanhas solidárias em São Paulo em 1918. A Vida Moderna. Acervo Biblioteca Nacional

Em tempos difíceis, desejo empatia, solidariedade e muita, muita paciencia para todos.

E bora aprender com um passado não muito distante.

#fiqueemcasa

#yomequedoencasa

PARA LER MAIS:

Aira Bonfim: 27/03 Dia do Circo: O palhaço Piolin e os Circos: produtores do futebol feminino e do boxe nacional

Aira Bonfim: Coronavírus – jogadoras aderem ao #yomequedoencasa

 

Exit mobile version