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A batalha da seleção brasileira de futsal de Down para poder disputar o Mundial na Turquia

Atual campeã do torneio, a equipe estava sem recursos para disputar a competição na Turquia e terá auxílio da CBF para arcar com os custos da competição.

Por Aline Feitosa em 04/03/2020 11:02 - Atualizado há 5 anos

Foto: Reprodução/ Cleiton Monteiro

Atual campeã do torneio, a equipe estava sem recursos para disputar a competição na Turquia e terá auxílio da CBF para arcar com os custos da competição.

O Futsal de Down existe há 15 anos no Brasil, porém a seleção brasileira só foi formada em 2011. Atualmente no país existem as equipes JR/ Corinthians, Santos, Ituano, Comercial de Ribeirão, Ponte, FC Cascavel- PR , além das equipes que não têm parcerias com clubes de futebol.

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Em 2017 ocorreu o primeiro mundial da categoria, mas infelizmente o Brasil não conseguiu participar. A ABDEM (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais) fez uma campanha junto com a Liga Paulista de Futsal para arrecadar fundos, porém não foi o suficiente para levar a seleção à disputa que ocorreu em Portugal.

Diferente de outros países, o Brasil não conta com o apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A modalidade também não é considerada paraolímpica, pois a lei entende que a síndrome de Down é deficiência mental e não física. Mesmo com o comitê sendo parceiro da ABDEM, não recebe as verbas, tendo assim que recorrer a patrocínios ou apoio governamental.

Em 2019, o Brasil deu um passo importante na categoria. O país foi sede do Mundial, e diferente de 2017, a seleção sob o comando do técnico Cleiton Monteiro mostrou todo seu talento, e venceu o Mundial pela primeira vez. A seleção se sagrou campeã ao vencer a arquirrival Argentina, e terminou sua campanha no Mundial de forma invicta.

O comandante

Cleiton Monteiro, 46 anos, foi jogador de futebol profissional, começou aos treze anos de idade nas categorias de base do Corinthians, além da Portuguesa de Desportos, Palmeiras, Guarani, Corinthians Presidente Prudente, Botafogo-PB, e em 2005 encerrou sua carreira no Canadá na equipe do Hamilton Thunder. Apesar das dificuldades,o técnico não perde o bom humor, e fala com alegria de como é feita a preparação de sua equipe.

“A preparação é intensa nos treinamentos, meus atletas têm um treinamento forte, na equipe os jogadores têm total autonomia. Eles são cobrados como todo atleta deve ser. Cobramos cada um no dia-a-dia, são atletas de seleção brasileira, tem que dar o exemplo sempre em tudo, eles são espelhos para os demais que sonham em chegar na seleção”, declarou Cleiton.

O apoio dos pais dos atletas

O apoio da família é essencial em qualquer esporte, ainda mais quando se trata de atletas tão especiais. Cleiton sabe bem disso, e muitas vezes já teve que lidar com a ‘desconfiança’ no primeiro momento de alguns pais. O técnico conta que passadas as primeiras impressões, os semblantes desconfiados mudam e tornam-se agradecimentos.

“A idade média dos jogadores está em torno de 27 a 31 anos. Para disputar as competições, o atleta tem que ser acima de 15 anos. Após o entendimento da filosofia dos treinamentos e os benefícios do esporte, os pais acabam aceitando, compreendendo todo o processo, e sempre me agradecem pela mudança de comportamento e ganho de autonomia dos filhos”, afirmou o técnico Cleiton.

A campanha na internet para garantir a participação no Mundial deste ano

Mesmo sendo a atual campeã mundial, a seleção brasileira de futsal Down teve que ir à luta mais uma vez para garantir sua participação no Mundial que terá início em 31 de março, na Turquia. A seleção criou uma espécie de ‘vaquinha’ pela internet para arrecadar o valor para despesa como inscrições e despesas de hotel. O treinador relatou que a seleção esteve perto de fechar parceria com duas empresas, mas elas acabaram recuando. Cleiton também citou a falta de apoio da CBF.

“Estive no ano passado prestando assessoria para o Futsal Down do Peru. Em uma semana, conseguimos o apoio da Federação Peruana de Futebol, algo que não conseguimos com a CBF desde 2005”, disse o treinador.

Ajuda do eterno baixinho Romário

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), na parceria com a Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI), garantiu a presença da seleção brasileira de futsal Down no Campeonato Mundial. Esta iniciativa surgiu a partir de um pedido do ex-jogador e atualmente Romário, senador pelo Rio de Janeiro. O ex-jogador se mostrou bastante solidário com a causa. Vale lembrar que Romário também é pai de uma menina com Síndrome de Down.

O tetracampeão esteve pessoalmente na casa do futebol brasileiro para solicitar o apoio ao projeto futsal Down. O presidente da CBF, Rogério Caboclo, ficou sensibilizado e se prontificou a atender ao pedido por meio da CBF Social, garantindo que o Brasil defenda o título da modalidade no fim do mês.

O técnico da seleção brasileira de futsal Down, Cleiton Monteiro, esteve na sede da CBF, no Rio de Janeiro, no último dia 3 de fevereiro e conversou com Walter Feldman, secretário-geral da CBF.  Cleiton foi um dos idealizadores da campanha pela internet, que arrecadou R$ 60 mil reais, que seriam insuficientes para garantir a ida à Turquia. Agora, com o apoio da CBF a participação do Brasil está garantida, e o dinheiro arrecado será usado para compra de uniformes e outras despesas.

“Só tenho a agradecer ao presidente Rogério Caboclo por ter atendido o pedido e por acreditar na nossa causa. Somos os atuais campeões mundiais e estamos muito felizes. É um momento histórico para a confederação e para o futsal down estar aqui fechando esta parceria para poder participar do Mundial”, declarou Cleiton Monteiro.

O Campeonato Mundial tem início marcado para o dia 31 de março e faz parte do Trisome Games, os Jogos Olímpicos para atletas com Síndrome de Down.

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