Home Futebol Zagueira do Bahia, Aila, fala sobre carreira, projetos e dispara contra o machismo: “Lugar de mulher é onde ela quiser”

Zagueira do Bahia, Aila, fala sobre carreira, projetos e dispara contra o machismo: “Lugar de mulher é onde ela quiser”

Tathiane Marques
Colaboradora do Torcedores.com, são-paulina e admiradora do EC Bahia.

Um dos principais nomes do elenco do Bahia, a zagueira artilheira Aila Santana, mesmo com apenas 20 anos tem experiência e grandes conquistas

Em entrevista exclusiva concedida ao site Torcedores.com, Aila Santana, considerada um dos destaques na campanha campeã estadual do Bahia no ano de 2019,  falou sobre vários assuntos e começou contando um pouco de como foi se descobrir jogadora, e destacou a influencia indireta de seu pai na sua carreira.

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“O futebol foi algo que eu vi a minha infância toda, meu pai tem um campo de futebol no fundo da casa e sempre tem jogos… então praticamente tudo se iniciou lá.
Fui para um time de futebol masculino (escolinha) porque lá na minha cidade não tinham meninas que jogavam. Até ir pra uma cidade vizinha todo final de semana jogar em um time feminino de futsal que também jogava campo…”

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Atacante de origem, acabou mudando de posição devido um conselho muito sábio do ex-treinador na ocasião, por jogar com o sexo oposto seria melhor evitar embates físicos. Adaptada a posição acabou ganhando o apelido de zagueira artilheira, isso porque além de colaborar na defesa, ajuda a construir jogadas que levem ao gol, muitas vezes ela mesma acaba balançando as redes. Aila nos contou como aconteceu essa mudança.

“No começo eu era zagueira (na época em que jogava com os meninos) mas quando fui jogar com as meninas, por ser veloz meu professor sempre me colocava de ponta… agora só retornei às origens hahahaha. Sempre me falaram que toda atacante era zagueira… então está tudo certo”.

Sempre que conversamos com atletas femininas é meio que automático falar sobre as dificuldades encontradas por elas no caminho em busca do sonho profissional, entre esses obstáculos estão o preconceito pela escolha e o machismo. Ao citar essa questão a atleta se mostrou consciente e destacou seu perfil ativo no empoderamento feminino.

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“Sim, acho que todas as meninas ou 99% delas começaram a jogar com os meninos e já sofreram com o preconceito. Muitos não aceitam que tenham alguma menina no meio deles, praticando o mesmo esporte. Mas com muita luta estamos nos colocamos onde deveríamos estar e estamos mostrado também que lugar de mulher é onde ela quiser, praticando o esporte que ela queira. É que continue nessa crescente de visibilidade também!”

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Ainda no quesito preconceito, algumas pessoas do sul e sudeste acabam rotulando erroneamente os nordestinos de forma pejorativa. Nordestina, natural da cidade de Rafael Jambeiro (BA), perguntamos se ela já foi vítima dessa ‘xenofobia regional’.

“Comigo especificamente não, mas aconteceu com uma colega que jogava no mesmo time, em uma partida do brasileiro. Ela nem era aqui da Bahia, mas jogava em um time daqui, fomos jogar fora e ela foi ofendida, tanto pela região que ela representava mas também pela cor dela”.

 

Atuando na zaga do Bahia, Aila, 20 anos, é muito mais do que uma jogadora, ela tem um coração pintado nas três cores do time que representa. Sim, ela é uma torcedora assumida do Esquadrão de Aço.

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“Sim hahaha… é muito gratificante jogar no clube que você sempre torceu. Toda vez que entro em campo e olho para o escudo no peito, é uma representatividade muito grande, o coração acelera. Cada jogo escrevo uma página com o clube que amo! E sempre que posso estou na arquibancada também , sinto a emoção de torcedora e jogadora.”

A torcida do Bahêa é apaixonada, tem um perfil diferente das outras já que está sempre apoiando. A jogadora destacou a influência deste apoio incondicional dos torcedores na conquista do Baianão 2019.

“Com certeza a torcida do Bahia tem um diferencial de todas as outras … independe da fase que se encontra o clube você sempre vai ver eles apoiando incondicionalmente o time. E por conta de ser recente nossa chegada (futebol feminino) eles já nos acompanham. Na final do Baiano mesmo já tivemos quase 4 mil pessoas no estádio nos prestigiando e live de jogos com mais de 9 mil telespectadores… então eles chegam junto mesmo e isso é fundamental!”

Mesmo sendo jovem com apenas 20 anos, a zagueira tem várias conquistas. Alguns dos destaques são Campeonato Baiano (2015/2016) e RedeBall Cup (2016) pela equipe de São Francisco do Conde, o Campeonato Baiano de 2017 pelo Bahia Lusaca e o Campeonato Baiano de 2019. Diante disso, perguntamos quais são as expectativas e objetivos para a temporada do Esquadrão de Aço.

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“As expectativas são as melhores possíveis. Temos um objetivo principal que é colocar o Bahia na elite futebol feminino… subir o esquadrão para a A1 do brasileiro, e estamos trabalhando pesado nessa pré temporada pra isso”.

O Bahia vem crescendo e ganhando visibilidade nacionalmente e internacionalmente também. No início do mês de janeiro, o novo centro de treinamento que ganhou o nome de um dos ídolos da história do clube, Evaristo de Macedo, técnico no bicampeonato brasileiro.

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Aila se desmancha em elogios ao falar sobre a estrutura que o Esquadrão  disponibiliza para os treinamentos das Meninas de Aço e exalta o projeto do clube.

“O clube tem nos apresentado um projeto maravilhoso e vem executando isso no dia a dia!
Com certeza é a melhor estrutura que tem aqui na Bahia e no Brasil. O CT Evaristo de Macedo é uma coisa de outro mundo, uma estrutura maravilhosa que nos ajuda demais no desenvolvimento dos trabalhos e também sem contar com os profissionais bastante qualificados!
O CT conta até com um campo funcional que nenhum clube aqui no Brasil tem e nós do feminino temos os espaços disponíveis sempre que precisamos”.

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Acredito que defender a seleção brasileira é uma meta para todas as jogadoras, e com a zagueira do Tricolor não seria diferente.

“A seleção brasileira, diria que é uma meta a ser alcançada. Todas pensam em vestir a amarelinha e representar o país!”

Para encerrar a conversa descontraída e regada ao bom humor baiano, pedimos que Aila deixasse um recado à todos os torcedores do Bahia que acompanham o time.

“Queria pedir que continue nos apoiando nos jogos, vá ao estádio nos prestigiar… assim como o masculino, vestimos a camisa com amor e com intuito de levar a instituição EC Bahia ao mais alto, a elite do futebol feminino! E vamos fazer de tudo pra que isso aconteça!”

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