Conheça os segredos do Independiente del Valle, adversário do Flamengo na Recopa Sul-Americana
“La Maquina del Valle” possui um futebol ofensivo, de bom toque de bola e boa consistência defensiva; espanhol Miguel Ángel Ramírez é o principal responsável pela boa fase da equipe equatoriana no continente sul-americano
“La Maquina del Valle” possui um futebol ofensivo, de bom toque de bola e boa consistência defensiva; espanhol Miguel Ángel Ramírez é o principal responsável pela boa fase da equipe equatoriana no continente sul-americano
O Club de Alto Rendimiento Especializado Independiente del Valle não é uma instituição muito antiga. Fundada em 1º de março de 1958, a equipe equatoriana vem colecionando grandes resultados a nível internacional desde 2016, quando foi vice-campeã da Copa Libertadores da América (sendo superada pelo Atlético Nacional na decisão). O primeiro (e único) título continental veio na temporada passada com a Copa Sul-Americana, conquista que credenciou “La Maquina del Valle” para a disputa das edições de 2020 da Libertadores e da Recopa Sul-Americana, onde vai encarar o Flamengo em duas partidas. E é preciso dizer que os comandados do espanhol Miguel Ángel Ramírez prometem complicar (e muito) a vida de Bruno Henrique, Éverton Ribeiro e companhia com seu futebol ofensivo e de bom toque de bola. O Independiente del Valle é muito mais do que apenas o “time do suco”. É o tipo de oponente que merece nosso respeito e toda a atenção da equipe rubro-negra.
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A vitória sobre o Colón na decisão da Copa Sul-Americana é um bom exemplo daquilo que o Independiente del Valle pode fazer com a posse da bola e a base de como a equipe de Miguel Ángel Ramírez se comporta dentro de campo. O desenho tático original é um 4-3-3 que se desdobra num 4-1-4-1 quando o time equatoriano é atacado. Foi bastante comum ver os laterais Landázuri e Segovia atacando por dentro e se juntando aos volantes Alan Franco e Éfren Mera (olho nele) na criação das jogadas de ataque. Os pontas Jhon Sánchez e Dájome (hoje na Major League Soccer) abriam o campo pelos lados e procuravam Gabriel Torres no comando de ataque entrando em diagonal. A movimentação de “La Maquina del Valle” é bastante intensa por conta do trabalho feito pelo setor ofensivo. Os volantes encostam no setor ofensivo e são vistos com frequência se lançando no espaço vazio aberto pelo trio ofensivo. Tanto que a equipe pode jogar num 4-2-3-1 com Mera ficando mais próximo da última linha e permitindo que o outro volante apareça por dentro.
O Independiente del Valle se organiza a partir de um 4-1-4-1 com bastante movimentação no campo ofensivo, apoio dos laterais por dentro e ampla participação dos volantes. O contra-ataque é rápido e a equipe não costuma desperdiçar chances. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL Sudameriana
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O setor ofensivo é um dos pontos mais fortes do Independiente del Valle. Em onze partidas na Copa Sul-Americana de 2019, a equipe equatoriana marcou 20 vezes. Ao mesmo tempo, a defesa também compromete pouco. Foram apenas dez gols sofridos durante a campanha vitoriosa do ano passado e superando equipes tradicionais como a Universidad Católica, o Independiente e o Corinthians até a decisão contra o Colón em Assunção. O já citado 4-3-3/4-1-4-1 de Miguel Ángel Ramírez foi muito importante em todo esse processo ao executar de maneira muito eficaz o ataque posicional com os volantes se juntando ao trio ofensivo. Mas vale destacar um detalhe a mais: o atacante Gabriel Torres sai da área, se aproxima dos volantes e abre espaços para a entrada dos ponteiros em diagonal. Estes, por sua vez, fazem a marcação em cima dos zagueiros numa inspiração clara nas ideias de Pep Guardiola. Pressão forte no portador da bola e saída rápida para o ataque quando a posse é retomada. E isso sem mencionar a rapidez nos contra-golpes.
Gabriel Torres (no detalhe) se aproxima dos volantes Franco e Mera e abre espaço para a entrada dos ponteiros em diagonal. O Independiente del Valle tem boas ideias de jogo e sabe muito bem o caminho para chegar ao gol adversário com rapidez e intensidade. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL Sudameriana
Por ser uma equipe ofensiva, o Independiente del Valle (como todo time que joga dessa maneira) acaba abrindo espaços em sua defesa. A equipe de Miguel Ángel Ramírez (assim como o Flamengo) joga com suas linhas bem adiantadas e sofre com as bolas lançadas às costas dos seus zagueiros. Na decisão da Copa Sul-Americana (contra o Colón) a equipe equatoriana passou por maus bocados com passes longos nesse espaço que se criava conforme “La Maquina del Valle” avançava. Tanto que Miguel Ángel Ramírez mostra grande preocupação com a sua dupla de zaga formada por Schunke e León, dois jogadores rápidos e de boa colocação. Com os laterais fechando bem os espaços, com o primeiro volante ocupando bem o espaço entre as linhas e os pontas congestionando ainda mais o setor, o Independiente del Valle utiliza essa compactação para sair em velocidade para o contra-ataque a partir dos seus dois meio-campistas interiores que sempre estão prontos para acionar o setor ofensivo com a bola longa ou o passe em profundidade.
A defesa do Independiente del Valle é organizada e sabe muito bem como negar espaços ao adversário. Destaque para o posicionamento dos “volantes/meias” mais por dentro. São eles os responsáveis por organizar os contra-ataques. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL Sudameriana
É preciso dizer que, apesar de todos os pontos positivos levantados aqui nesta análise, o Independiente del Valle entra na Recopa Sul-Americana como “azarão”. Ainda mais num momento em que o Flamengo pinta como grande “papão de títulos” na América do Sul após as conquistas do Brasileirão, da Libertadores e da Supercopa do Brasil e a atuação do clube na última janela de transferências. Por conta da expulsão na partida contra o River Plate, Gabigol é desfalque certo no time comandado por Jorge Jesus. Mas nem isso tira o favoritismo do Fla na Recopa Sul-Americana, já que o “Mister” pode escolher entre Pedro, Michael, Vitinho e outros nomes para substituir o camisa 9 na partida de ida a ser disputada nesta quarta-feira (19), em Quito. Por outro lado, a equipe comandada por Miguel Ángel Ramírez mostrou que tem condições de superar clubes apontados por torcida e imprensa como favoritos. Vide o que “La Maquina del Valle” fez com o Independiente de Avellaneda e o Corinthians na Copa Sul-Americana.
Serão 120 minutos (ou até mais) bem complicados para o Flamengo. E a única coisa que o time comandado por Jorge Jesus não pode fazer é subestimar seu rival na Recopa Sul-Americana. Mesmo sabendo que pode decidir o título no Maracanã e conquistar o primeiro título internacional diante da sua torcida. O Independiente del Valle pode e vai complicar muito para o Fla. Podem ter certeza disso.
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