Pai de garoto vítima do incêndio no CT do Flamengo desabafa: “Eles ganham troféus, eu ganhei um caixão com o meu filho”
Postura da diretoria do Flamengo por causa indenização das famílias das vítimas tem causado revolta e muitas críticas de torcedores e imprensa
Postura da diretoria do Flamengo por causa indenização das famílias das vítimas tem causado revolta e muitas críticas de torcedores e imprensa
A tragédia que matou dez jovens jogadores promissores da base do Flamengo durante um incêndio no CT do clube irá completar um ano no próximo dia 8 de fevereiro e ainda causa polêmica, revolta e dor aos pais que perderam seus filhos. Nesta quarta-feira (5), durante participação no programa “Encontro”, da TV Globo, Wedson, pai do zagueiro Pablo Henrique, uma das vítimas fatais, demonstrou sua indignação com o andamento dos processos judiciais sobre o caso, relacionados as indenizações.
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“Confiei no Flamengo para tomar conta do meu filho. Eles ganham taça, eu ganho a dor. Eles ganham troféus, eu ganhei um caixão com o meu filho que eu não pude abrir para dar um beijo nele e me despedir direito”, desabafou Wedson, que revelou como ficou sabendo da tragédia.
“O que incomoda muita gente é o descaso da diretoria do Flamengo. Sabe como eu fiquei sabendo que meu filho tinha falecido? Se eu não ligasse a Globo, se eu não ligasse os canais eu não teria sabido. Ninguém ligou”, acrescentou.
“(Eles querem que a gente fale) para o Ministério Público, ou o tribunal, quem estiver fazendo a investigação: nós somos os culpados! Nós colocamos nossos filhos para morrer asfixiados. Posso deixar um recado? Aqui, ó: seu Rodolfo Landim presidente do Flamengo), seu Rodrigo Dunshee (vice-presidente), seu Marcos Braz (vice de futebol)… vocês têm filho? Tem, né? Mas vocês põem a cabeça para dormir num belo travesseiro. Vai completar um ano que eu não durmo se eu não tomar o meu remédio”, completou.
A mãe de Pablo Henrique também desabafou. “Há dois meses eu perdi a minha mãe. Então eu comecei o ano de 2019 perdendo o meu filho e fechei perdendo minha mãe. Para a gente acabou tudo. Vou sonhar o quê? Meu pedaço foi embora. Como que eu vou sonhar?”, questionou.
Marília, mãe de Artur Vinícius, e que também estava presente no programa desta quarta, afirmou que se sente abandonada pelo Flamengo. “Nunca mais eu recebi um telefonema de ninguém. Acho que eles são insensíveis. Tudo que foi cobrado das famílias foi cumprido. Qual a responsabilidade do Flamengo com esses pais? Hoje, a família passou a ser uma dívida para o Flamengo. Acho que tinha que ter um acolhimento.”
“Às vezes as pessoas julgam achando que a gente quer milhões pelos nossos filhos. Nenhum dinheiro vai trazer nossos filhos de volta”, ressaltou.
O Flamengo enviou um posicionamento oficial sobre as declarações dos pais dos garotos durante o programa, lembrando que divulgou um vídeo em que os dirigentes falaram sobre a tragédia. “Sobre as licenças operacionais, eles garantiram que o Ninho do Urubu tem o alvará e o habite-se entregues pelos órgãos competentes. Hoje, os jovens das categorias de base ficam no alojamento que abrigava os jogadores profissionais.”
“Sobre as indenizações às famílias, afirmaram que o Flamengo se coloca à disposição para conversar com todos os envolvidos, dentro do teto estabelecido pelo clube. Os dirigentes também reconhecem que o clube tem responsabilidade como guardião dos adolescentes mortos. Sobre a queixa das famílias que se sentem desamparadas, que não recebem ligações, a direção do Flamengo diz que tem encontrado dificuldade de falar diretamente com as famílias porque os advogados não permitem um contato direto”, acrescentou.