No clima da conquista de “Parasita” no Oscar: brasileiros no futebol da Coreia do Sul
No país que se tornou o tema do dia na mídia, o futebol é tratado de forma séria, organizada, competitiva, com ambição dentro de seus limites, e sem rios de dinheiro para investir
No país que se tornou o tema do dia na mídia, o futebol é tratado de forma séria, organizada, competitiva, com ambição dentro de seus limites, e sem rios de dinheiro para investir
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Na noite deste domingo (9), a história foi feita na maior premiação do Cinema, o Oscar, quando o filme “Parasita”, do diretor sul-coreano Bong Joon-Ho, foi coroado com o prêmio de melhor filme, se tornando o primeiro filme não falado em língua inglesa a vencer a categoria. Parasita também ganhou outros três prêmios na noite de ontem, o de melhor roteiro original, o de melhor diretor, e o de melhor filme internacional.
Nos últimos anos, a Coreia do Sul vem despertando a atenção e a curiosidade do mundo, em especial pelas inserções na cultura pop. O K-Pop, por exemplo, é considerado uma febre, com os famosos grupos lotando estádios ao redor do mundo, também figurando em premiações importantes e colecionando recordes de vendas, sendo uma grande exportadora de talentos, sem abrir mão da sua língua. No esporte, e mais especificamente no futebol, a Coreia do Sul não faz diferente.
SELEÇÃO COREANA DE FUTEBOL
No futebol, a Coreia do Sul participou de dez edições de Copa do Mundo, sendo as últimas nove participações de forma consecutiva. O melhor resultado veio em 2002, quando foi sede junto com o Japão, e terminou na quarta posição, em uma campanha que causa controvérsia até hoje, com suspeitas em relação a arbitragem nas partidas contra a Itália (oitavas-de-final) e a Espanha (quartas-de-final). Nas semifinais, foi derrotada pela Alemanha, e na disputa do terceiro lugar, perdeu para a Turquia, por 3 a 2.
Além de 2002, a outra oportunidade em que a seleção coreana passou da primeira fase, foi em 2010, quando caiu para o Uruguai, na abertura das oitavas de final.
Nas Olimpíadas, desde 1992, a Coreia disputa com sua seleção sub-23, seguindo as regras do Comitê Olímpico Internacional (COI). O melhor resultado dos Taeguk Warriors foi o bronze nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, onde chegou a enfrentar o Brasil nas semifinais, e perdeu por 3 a 0.
Na Copa da Ásia são dois títulos, em 1956 e 1960, ficando na segunda posição em quatro oportunidades, e em terceiro lugar em outras quatro.
Atualmente, a Seleção Coreana é treinada pelo português Paulo Bento, que treinou a seleção de Portugal nas Copas de 2010 e 2014, e no Brasil, teve passagem rápida pelo Cruzeiro. Bento tem a missão de levar a Coreia para a Copa do Mundo do Catar 2022.
Dentre seus grandes jogadores da história, o que é considerado o melhor é Cha Bum-Kum, ídolo do Eintracht Frankfurt e do Bayer Leverkusen, da Alemanha. Cha também é dono da marca de maior número de partidas pela seleção coreana, com 136 partidas. Com a mesma marca, ao lado de Cha, outro ídolo do futebol coreano: Hong Myung-Bo, zagueiro e capitão da seleção coreana de 2002. Outros grandes do futebol são Park Ji-Sung, ídolo do Manchester United, e Lee Young-Pyo, ídolo do PSV Eindhoven, além do lendário goleiro de três Copas do Mundo, Lee Woon-Jae, sendo estes três titulares na histórica seleção coreana de 2002.
Na atualidade, a grande estrela do futebol da Coreia do Sul é o atacante Son Heung-Min, do Tottenham. Son esteve em duas Copas do Mundo com a seleção coreana, e é a grande esperança para a Copa de 2022.
A seleção feminina de futebol da Coreia do Sul ainda vem dando seus passos tímidos, à procura de um lugar ao sul no cenário asiático, onde a China e a Austrália são as grandes forças da região. Em suas três participações na Copa do Mundo (2003, 2015, 2019), só chegou às oitavas-de-final em 2015, quando foi eliminada pela França.
K-LEAGUE
A liga nacional da Coreia do Sul é a K-League, nome dado após reformulação em 1998 (antes chamada Korean Super League, de 83 a 98), e conta com hoje com 12 clubes na divisão principal, a K-League 1, e 10 clubes na segunda divisão, a K-League 2. Ainda completam as divisões, a National League, equivalente a terceira divisão, e a K-League 3, que representa a quarta divisão nacional.
Apesar da extensa distribuição de divisões, para um país pequeno e sem tantos clubes, a Coreia do Sul possui um sistema diferente para seu futebol. Somente as duas primeiras divisões (K-League 1 e 2)* possuem sistema de acesso e rebaixamento, com o campeão da segunda divisão subindo para a primeira divisão, e o lanterna da primeira divisão caindo para a segunda divisão.
As divisões seguintes são divididas em categoria Semi-Profissional (K3 League e K4 League)* e Amadora (K5, K6, K7)*, que é dividida em regiões, e a rotatividade fica apenas dentro de cada categoria.
BRASILEIROS NA ELITE COREANA
Enquanto os brasileiros já dominavam algumas ligas asiáticas, como no Japão do início dos anos 90, e nas ligas árabes, a Coreia ainda era ambiente desconhecido e pouco habitado pelos jogadores que saíam daqui para o mercado da bola, e seus clubes não tinham pretensão de realizar grandes investimentos, se firmando como uma liga forte com jogadores locais.
Ainda assim, o futebol coreano conseguiu bons resultados com seus clubes, mesmo com um mercado fechado. Entre 1995 e 2002, foram cinco títulos da Liga dos Campeões da Ásia.
O primeiro destaque brasileiro na K-League foi o atacante Sandro Cardoso, que em 2001 foi o artilheiro da liga, jogando pelo Suwon Bluewings.
Após Sandro, também na lista dos artilheiros, estão: Mota, ex-Ceará, em 2004, pelo Jeonnam Dragons; Leandro Machado, ex-Flamengo e Sport, em 2005, pelo Ulsan; Caboré, ex-Vitória, em 2007, pelo Gyeongnam; Dudu, também ex-Vitória, em 2008, pelo Seongnam; e na história recente, Júnior Santos, hoje na Chapecoense, foi artilheiro em 2014, pelo Suwon; Jonathan Goiano, ex-Sport, foi artilheiro em 2017, também pelo Suwon; e Marcão, ex-Ituano, foi artilheiro em 2018, pelo Gyeongnam.
Na Liga dos Campeõs da Ásia, dois brasileiros conquistaram a artilharia da competição em clubes coreanos: Mota, artilheiro em 2007, pelo Seongnam, e em 2010, pelo Suwon; e Adriano Michael Jackson, artilheiro em 2016, pelo FC Seoul.
Os destaques brasileiros na liga, de fato, só começaram a aparecer após a Copa do Mundo de 2002, e em 2004, um brasileiro foi o primeiro estrangeiro na história a vencer o prêmio de MVP da K-League: o atacante Nádson, que à época havia despontado no Vitória, e virou estrela no Suwon Bluewings, onde era chamado de “Nadgol”. Em 2007, o prêmio foi entregue ao meia Andrezinho, ex-Flamengo e Inter, que havia sido campeão da liga no mesmo ano com o Pohang Steelers.
Após 11 anos, o prêmio voltou a ficar nas mãos de um brasileiro, e foi entregue ao atacante Marcão, artilheiro da competição pelo Gyeongnam com 26 gols, e vice-campeão da liga naquele ano.
Já no prêmio de melhor treinador, o único brasileiro a vencer o prêmio foi Sérgio Farias, campeão da liga em 2007, com o Pohang Steelers, clube onde ele conseguiu o maior destaque na carreira, se sagrando campeão asiático em 2009. No Brasil, Farias conseguiu destaque treinando a União Barbarense, onde foi campeão da Série C do Campeonato Brasileiro, em 2004. Desde então, sua carreira é focada no futebol asiático.
*Dados atualizados para a temporada 2020 da Associação de Futebol da Coreia do Sul (KFA)