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Home Opinião Garone: Vasco volta a apostar no ‘platinismo’ para surpreender em 2020

Garone: Vasco volta a apostar no ‘platinismo’ para surpreender em 2020

Andre Schmidt
Colaborador do Torcedores.com.

Vasco anunciou apenas dois novos reforços para a temporada 2020: Germán Cano e Martín Benítez. Em comum, além de atuarem no setor ofensivo, a nacionalidade: ambos são argentinos. Algo raro, mas não inédito no clube.

“O Vasco não contrata jogadores estrangeiros. No máximo eu trago um paulista, e mesmo assim de vez em quando”. Foi com esta frase que Eurico Miranda rechaçou a possibilidade de contratar o atacante argentino Claudio Husaín, do Vélez Sarsfield, em fevereiro de 2000.

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Fazia sentido. Naquele período, o clube carioca havia acabado de conquistar um Brasileiro (97), uma Libertadores (98), um Carioca (98) e um Rio-São Paulo (99), e já se preparava para ganhar mais um nacional e a Mercosul naquele ano. Todos os títulos vencidos com elencos 100% nacionais. O último estrangeiro, até então, havia sido o zagueiro equatoriano Máximo Tenório, de passagem apagada em 1996.

As coisas, porém, logo mudariam. Em 2002, com Eurico na presidência, o Vasco trouxe com grande pompa o sérvio Petkovic, algoz recente do clube vestindo a camisa do Flamengo. Seria o primeiro dos 41 gringos contratados pelo Cruz-Maltino neste século. Germán Cano e Martín Benítez, os últimos.

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Apesar da busca pela América do Sul ter se tornado algo comum, foram raras as vezes em que o time contou com uma dupla de ataque argentina, como pode ocorrer agora. Aliás, com exceção de 10 jogos de Maxi e Rios – que não foram contratados juntos – em 2018, desde os anos 30 que isso não ocorre.

O PLATINISMO VASCAÍNO NOS ANOS 30

Com a profissionalização do futebol, em 1933, uma das primeiras medidas dos clubes foi garimpar reforços na Argentina e Uruguai. Ambos finalistas da Copa do Mundo de 30, vencia pelos uruguaios. Anos depois a enxurrada de estrangeiros ganhou o nome de ‘platinismo’ – em razão do Rio Plata, que divide os dois países -, termo cunhado pelo mestre Mário Filho.

D’Alessandro, Kuko e Calocero (Foto: Jornal dos Sports)

No Vasco, a primeira leva chegou em 1934, encerrando um jejum de quatro anos sem títulos estaduais. Os atacantes D’Alessandro, Kuko, Lamanna e Navamuel muitas vezes formaram a linha ofensiva da equipe – nem sempre juntos. O lateral-direito Colacero fechava o quinteto argentino presente na conquista.

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A primeira vez que parte do quarteto de frente esteve em campo foi no dia 6 de junho de 1934, no triunfo por 4 a 3 sobre o Bonsucesso. Navamuel e D’Alessandro iniciaram como titulares, enquanto que Lamanna – ex-Independiente assim como Benítez – entrou na vaga de Almir. D’Alessandro, que não é parente do ídolo do Internacional, fez um dos gols vascaínos.

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Já Kuko, ex-Boca Juniors, viria a estrear somente após o Carioca, no Torneio Extra.

Nascia ali o primeiro ‘platinismo’ vascaíno, que teria duração até o fim da década.

Kuko e Calocero ganhariam ainda o Carioca de 1936 pelo Vasco, enquanto os outros já haviam deixado o clube. Nesse momento, porém, o lateral Marcelino Perez, nascido na Argentina mas criado no Uruguai, já tinha chegado também à São Januário, mantendo a tradição ‘hermana’.

Carlos Scarone, uruguaio, se tornaria técnico do time em 1938. Com ele, a segunda fase do platinismo vascaíno, ainda mais forte.

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O ÚLTIMO GRANDE ATAQUE PLATINO

Com o trio Lamanna, Kuko e Navamuel desfeito em 1935, o Vasco só voltou a ter ao menos dois homens de frente nascidos na Argentina em 1939. Naquele ano, de uma só vez, o clube anunciou as chegadas do zagueiro Agnelli, do meia Dacunto, e dos atacantes Gandulla e Emeal, todos contratados junto ao Ferro Carril. De quebra, ainda acertou com os uruguaios Servetti e Figliola, além do também argentino Menutti, ex-Boca, que estava no Santos.

Villadoniga, craque uruguaio, já havia chegado um ano antes, indicado por Scarone.

O Vasco chegou a golear o América por 5 a 1, no Carioca de 39, tendo Agnelli, Figliola, Emeal, Villadoniga, Gandulla e Emeal. Os dois últimos, aliás, artilheiros da partida com dois gols cada.

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Emeal e Gandulla se transfeririam para o Boca em 1940, encerrando a última grande dupla argentina a vestir a camisa do Vasco. O clube só voltaria a contratar um atacante argentino em 2015, com a chegada de Herrera.

O NOVO PLATINISMO NO VASCO

Oitenta anos depois, o Vasco volta a contratar, num espaço curto de tempo, uma dupla de ataque nascida na Argentina. Benítez e Cano são os responsáveis por guiar um jovem time quase todo formado por meninos recém-saídos da  base. Principalmente no seu setor de ataque, que conta conta com os garotos Lucas Santos, Gabriel Pec, Marrony, Vinícius, Talles Magno e Tiago Reis.

Ao contrário dos anos 30, porém, o clube vai ao mercado não pelos sucessos recentes das seleções vizinhas, mas pelas oportunidades que já não encontra tão facilmente no Brasil. Apesar de todas as dificuldades vividas pelo país e pelo clube, a moeda brasileira ainda pesa em relação a dos ‘hermanos’.

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Se no Brasil o Vasco tem dificuldades de competir com seus rivais, pelo Rio de la Plata o Cruz-Maltino ainda consegue fazer o seu garimpo.

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