Boa atuação do Vitória de Geninho expõe fragilidades do Bahia de Roger Machado no primeiro Ba-Vi de 2020
Leão quebrou jejum de doze partidas sem vencer seu maior rival em gols de Thiago Carleto e Vico; Tricolor de Aço peca nas finalizações e esbarra no nervosismo e na bela atuação do goleiro Ronaldo, o nome da partida
O primeiro Ba-Vi de 2020 trazia duas equipes em momentos bem diferentes em jogo válido pela Copa do Nordeste. O Bahia de Roger Machado adentrava o gramado da Arena Fonte Nova sob forte pressão após a derrota para o River-PI e a eliminação precoce da Copa do Brasil. E o Vitória ia para o jogo disposto a aproveitar a fase do maior e quebrar um jejum de 12 partidas sem triunfos no clássico mais importante do futebol baiano. Acabou que os comandados de Geninho foram mais felizes e construíram a vitória na base da garra, da disciplina tática, da força mental e da bola parada com Thiago Carleto e Vico ainda no primeiro tempo. Já a equipe de Roger Machado (mesmo tendo criado mais chances de gol e permanecido mais empo com a posse da bola) não conseguiu render aquilo que se espera dela, tropeçou nos próprios nervos e mergulhou de cabeça numa crise que pode custar o cargo do treinador e todo o planejamento para este início de temporada.
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Armado no 4-1-4-1 preferido do técnico Geninho, o Vitória começou melhor a partida explorando justamente esse nervosismo do seu rival. Léo Ceará (substituto de um lesionado Alisson Farias) era bastante participativo pelo lado esquerdo, mas não se limitava a permanecer por ali. O camisa 11 circulava por todo o campo e chegou a mandar uma bola na trave logo no início de partida. Do outro lado, o Bahia só se achou quando Élber passou a se movimentar mais por todo o campo ofensivo e dar opção de passe para Daniel e Flávio no meio-campo. O time comandado por Roger Machado (que também jogava num 4-1-4-1) preenchia bem os espaços no meio, tinha a posse de bola, mas não conseguia chegar aos gols. Primeiro pelo já citado nervosismo de seus jogadores (principalmente Clayson, que errou tudo o que tentou pela esquerda e pela direita) e depois pela grande atuação do goleiro Ronaldo (substituto do também lesionado Martín Rodríguez). Foram pelo menos duas grandes defesas antes de Thiago Carleto abrir o placar em bela cobrança de falta na metade da primeira etapa.
Bahia e Vitória entraram em campo armados no 4-1-4-1 (que variava para um 4-3-3 nas tramas ofensivas), mas foi o Leão quem melhor aproveitou as chances que teve na partida. O Tricolor de Aço tropeçava no próprio nervosismo e parou nas belas defesas do goleiro Ronaldo, o grande nome do jogo.
O segundo gol do Vitória (marcado por Vico) desmanchou completamente o time do Bahia. Tanto que Roger Machado mandou Rossi e Arthur Caíke para o jogo logo no início da segunda etapa, abrindo mão do 4-3-3/4-1-4-1 e partindo para um 4-4-2 mais ofensivo. O problema é que o Tricolor de Aço seguia tropeçando nos próprios nervos, na pressão da sua torcida dentro da Arena Fonte Nova e nas defesas do goleiro Ronaldo. Conforme os minutos iam passando, o time acabou ficando ainda mais pilhado e se desorganizou demais em campo, fato esse que permitiu que o Vitória ameaçasse em chutes de Jean (substituto de Gerson Magrão) e Vico. O técnico Roger Machado (um dos mais perseguidos pela torcida do Bahia) ainda tentou uma última cartada com Fernandão no lugar de Flávio, mas Geninho fechou bem os espaços do Vitória apenas reoxigenando sua equipe com as entradas de Matheus Tenório e Rodrigo Porto nos lugares de Léo Ceará e Júnior Viçosa. O Leão rugia mais alto na Arena Fonte Nova e quebrava um jejum de 12 jogos sem triunfos sobre o maior rival. Já o Bahia saiu de campo mergulhado na crise.
Roger Machado tentou mandar o Bahia à frente com as entradas de Arthur Caíke, Rossi e Fernandão e a mudança para um 4-4-2 extremamente ofensivo. Mas quem fez a diferença foi o goleiro Ronaldo e a estratégia de Geninho. O Vitória manteve a concentração e conquistou um belo resultado diante do maior rival.
Enquanto o Vitória dá sinais de que pode se recuperar da péssima temporada em 2019, o Bahia segue ladeira abaixo. O problema não começou com a quebra da invencibilidade de 12 jogos em confrontos contra o maior rival ou com a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil para o valente River do Piauí. O time comandado por Roger Machado conquistou apenas quatro vitórias nas últimas 21 partidas e sofreu uma queda de desempenho fortíssima nos últimos meses. É bem verdade que jogadores como Clayson, Daniel, Douglas Friedrich e Juninho (principalmente este último) não foram bem contra o Vitória e ainda estão devendo um bom futebol na atual temporada. O grande problema é que o primeiro Ba-Vi de 2020 também serviu para que a equipe de Roger Machado tivesse as suas fragilidades ainda mais expostas. O Bahia perdeu consistência na marcação, sofre com o nervosismo dos seus atletas e com seríssimos problemas defensivos na bola parada. É bem verdade que acabamos de entrar no mês de fevereiro, mas os problemas citados não se originaram do início de um trabalho. Eles vêm se arrastando há meses.
A diretoria do Tricolor de Aço deu mais um voto de confiança para Roger Machado e seus jogadores. No entanto, enquanto o Vitória segue dando sinais de que vai recuperar a boa fase, o Bahia vive um período de incertezas dentro de campo. E todo o planejamento feito antes da temporada começar pode ir por água abaixo.
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