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Seleção Brasileira se garante em Tóquio, mas atuações no Pré-Olímpico deixam lições importantes para André Jardine; entenda

Por Luiz Ferreira em 10/02/2020 15:00 - Atualizado há 11 meses

Lucas Figueiredo / CBF

“Última cartada” de André Jardine dá certo e equipe Sub-23 massacra a Argentina em Bucaramanga; grande missão da CBF e da comissão técnica é a liberação dos principais jogadores até o início dos Jogos Olímpicos

Antes do jogo decisivo contra a Argentina, o técnico André Jardine falou numa “última cartada” para fazer com que a Seleção Brasileira Sub-23 recuperasse o bom futebol da primeira fase do Pré-Olímpico. Vale lembrar que a equipe precisava da vitória sobre a Albiceleste (que já estava classificada) para se garantir na próxima edição dos Jogos Olímpicos. Com Caio Henrique de volta à lateral-esquerda, Paulinho mais próximo de Matheus Cunha, Reinier jogando no meio-campo junto com Pedrinho e uma outra postura dentro de campo, o escrete canarinho aplicou 3 a 0 na Argentina e carimbou o passaporte para Tóquio. Foi a melhor atuação dos comandados de André Jardine no Pré-Olímpico sem qualquer sombra de dúvidas. Por outro lado, as atuações da equipe brasileira em toda a competição deixaram algumas lições para a comissão técnica e para a própria CBF.

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A “última cartada” de André Jardine consistiu em três pontos principais. O primeiro deles foi a mudança do 4-2-3-1 para um 4-4-2 mais definido e mais compactado. O segundo foram as mexidas na equipe: Caio Henrique substituiu Iago na lateral-esquerda, Reinier entrou na vaga de Antony e Paulinho formou dupla de ataque com Matheus Cunha. E o terceiro foi a movimentação de todo o sistema ofensivo na intermediária da Argentina sempre que tinha a posse da bola. Movimentos feitos com bastante intensidade e (algo poucas vezes visto no quadrangular final) muita organização. O primeiro gol (marcado por Paulinho) chega a ser emblemático: Pedrinho vem jogar mais por dentro (e abre o corredor para a subida de Guga ao ataque), Caio Henrique guarda posição e fica mais por dentro, Reinier abre o campo pela esquerda, Bruno Guimarães e Matheus Henrique dão opção de passe e Paulinho e Matheus Cunha se lançam para o ataque no espaço criado pela movimentação dos atacantes brasileiros. O passe sai dos pés de Pedrinho com perfeição para o camisa 7 abrir o placar.

Pedrinho vem jogar por dentro, abre o corredor para Guga, Paulinho e Matheus Cunha se lançam no espaço vazio e Reinier esgarça a defesa da Argentina pela esquerda. O passe do camisa 10 sai certeiro para o atacante do Bayer Leverkusen abrir o placar logo aos 12 minutos. Foto: Reprodução / TV Globo

É bem verdade que a Argentina não fez uma boa partida. Além dos três desfalques, a equipe comandada pelo técnico Fernando Batista ofereceu muito pouca resistência ao ataque brasileiro e atuaram pelo menos duas rotações abaixo do que vinham atuando nesse Pré-Olímpico. Por outro lado, Matheus Cunha, Paulinho e companhia não tinham nada a ver com o assunto e simplesmente massacraram a Albiceleste com bom futebol e um ótimo jogo coletivo. O 4-4-2 de André Jardine invertia posições, abria espaços e ainda conseguia preoteger bem a defesa. Falando nela, a vitória sobre a Argentina foi a melhor partida da zaga brasileira (formada por Bruno Fuchs e Ricardo Graça) em todo o Pré-Olímpico. Vale também destacar as boas atuações dos laterais Guga e Caio Henrique no jogo. O primeiro abria o campo e aproveitava a movimentação de Pedrinho por dentro. E o segundo guardava mais posição e atuava como “lateral armador” junto a Bruno Guimarães e Matheus Henrique. Com a Seleção Brasileira mais compactada e os jogadores ligados, a equipe não teve dificuldades para construir a vitória sobre a Argentina.

A Seleção Brasileira construiu a vitória sobre a Argentina jogando a partir do 4-4-2/4-2-2-2 proposto por André Jardine. Os laterais abriam o campo e ajudavam na criação das jogadas por dentro e o sistema ofensivo colocava muita intensidade nas transições. Foto: Reprodução / TV Globo

A Seleção Brasileira Sub-23 conseguiu cumprir a sua missão e se garantiu nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Se poderia ter jogado melhor ou não, isso é uma outra questão. Certo é que André Jardine e toda a comissão técnica precisam tirar lições importantes para a disputa do ouro olímpico daqui a alguns meses. A primeira (e mais importante) é adequar a estratégia os jogadores disponíveis. É óbvio que o treinador foi prejudicado pela ausência de nomes importantes seja por questão de liberação dos clubes ou por lesão. Por outro lado, a partir do momento em que Jardine se adequou às características do elenco, o jogo brasileiro fluiu com mais facilidade. Vale lembrar que a ainda tem muita gente que pode (e deve) estar na Seleção Olímpica daqui a alguns meses. Nomes como Vinícius Júnior, Douglas Silva, Wendel, Rodrygo, Michael e Thales Magno só para citar alguns. É nesse ponto que a CBF deve agir com firmeza e habilidade para conseguir a liberação dos jogadores para a disputa dos Jogos. Não será fácil. Mas precisa ser feito.

Certo é que a Seleção Olímpica terá uma base bem forte para a disputa dos Jogos de Tóquio. Cabe agora à CBF a missão de reforçar essa base a partir da negociação com os clubes. E isso tudo com Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores acontecendo ao mesmo tempo.

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