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Allan Simon: Domínio do Flamengo na audiência da Globo não é só por time multicampeão

Landim diz que direito de transmissão do mandante precisa ser discutido, assim como funciona em vários países da Europa.

Allan Simon
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Trabalha com esportes desde 2011 e já passou por veículos como R7 (Rede Record), Abril.com, UOL Esporte e Torcedores nas funções de redator, repórter, editor e apresentador de vídeos. Experiências de coberturas em duas Copas, duas Olimpíadas, dois Pans. Atualmente, produz o Blog do Allan Simon, é colunista de Mídia Esportiva do Torcedores e colaborador do UOL.

Audiência do Flamengo aumentou em 2019, é verdade, mas ampla diferença para o rivais já existia antes

O Flamengo sabe o que está fazendo ao discutir com a Globo na Justiça por questões do contrato do Brasileirão e ao não renovar o acordo de transmissão do Campeonato Carioca. O time terminou 2019 com uma média de audiência absurdamente maior que a de qualquer rival no Rio de Janeiro. Deu bons números à emissora até na praça de São Paulo, sem contar o Brasil inteiro.

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Mas é errado dizer que todo esse cenário acontece só por causa do time que conquistou Libertadores, Brasileirão e Carioca no mesmo ano, e ainda disputou um Mundial de Clubes. No Rio de Janeiro, a diferença do Flamengo para os rivais nas médias do Ibope chega a ser constrangedora, mas não começou em 2019.

Na última semana, publiquei em meu blog os dados completos das audiências do futebol entre clubes na Globo RJ em 2019. O Flamengo fechou a temporada com 34,2 pontos de média no Ibope em 36 jogos transmitidos. O segundo carioca na lista, o Vasco, ficou com 25,4 pontos, um resultado que é bom, mas fica esquecido em meio ao enorme índice rubro-negro. A diferença aumenta conforme avançamos. O Fluminense teve 22,4, e o Botafogo apenas 20,5.

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É claro que o fato de todos os rivais terem ficado assistindo ao clube rubro-negro papar títulos em 2019 influenciou nisso. Mas, se voltarmos aos dados de 2018, publicados neste Torcedores pelo repórter Rafael Alaby no fim daquele ano, veremos que o Flamengo tinha 30,3 pontos de audiência em uma temporada na qual saiu de mãos absolutamente vazias, sem título algum. O Vasco fez 24,2 (ou seja, cresceu em 2019), o Botafogo tinha conseguido 22,4 (e caiu no ano seguinte) e o Fluminense marcou 20,5 pontos (também aumentou na temporada depois).

Ou seja, sem títulos, sem Libertadores além de oitavas de final, sem disputa de Mundial de Clubes, o Flamengo ainda passou da barreira dos 30 pontos no Ibope. O que conseguiu na temporada 2019 foi extrapolar os limites e fazer história na audiência no mesmo passo em que fazia história no campo.

Essa distância incrível entre médias de audiência de rivais não é verificável em São Paulo, por exemplo. Entre o Corinthians, que liderou o Ibope na Globo SP em 2019, e o Santos, o grande com menor índice, foram apenas quatro pontos de diferença. 27,3 para o Timão, 23,3 para o Peixe.

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No ano anterior, com o Santos tendo apenas sete jogos, e o Corinthians sendo exibido 31 vezes, ou seja, uma exposição completamente discrepante, a média corintiana foi pouco mais de oito pontos maior que a santista, 29,4 x 21,1.

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O Flamengo tem quase 14 pontos de diferença para o Botafogo em 2019. No ano anterior, quando o Fluminense segurou a lanterna do Ibope entre os grandes cariocas e o Rubro-Negro fez audiência menor, a distância já era de praticamente dez pontos.

Ou seja, fica provado que o Flamengo é um time extremamente necessário para a Globo dentro do pacote futebol. Cabe à emissora dizer se essa diferença compensa o pedido, noticiado pelo UOL Esporte recentemente, de praticamente R$ 80 milhões pelos direitos de um campeonato esvaziado que dura três meses, como é o Carioca atualmente, só pelo contrato do time de maior audiência, sem contar o dinheiro que já é pago no acordo atual aos demais participantes.

No fim das contas, tudo isso pode acelerar o “carro” dos clubes em um caminho que levará ao fim dos estaduais como conhecemos hoje. Afinal, a Globo não necessariamente precisa aceitar pagar proporcionalmente ao Brasileiro pelo tempo de disputa dos estaduais, que não despertam o mesmo interesse na maior parte da competição (audiência só cresce no mata-mata, formato que dá muito mais Ibope que pontos corridos).

A propósito, parece que o presidente do Flamengo finalmente se pronunciou na questão dos direitos de transmissão sobre algo que realmente mudaria cenários:

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Esse foi exatamente o tema da minha coluna na semana passada. Só assim haveria de fato uma “revolução” nos direitos de TV neste país.

Allan Simon é jornalista esportivo desde 2011, tendo passado por redações como o R7, Abril.com, UOL Esporte e Torcedores. Participou das coberturas de duas Copas do Mundo, duas Olimpíadas, dois Pans, e diversos outros momentos históricos do esporte brasileiro nesta década. Criador do Prêmio Torcedores de Mídia Esportiva. Atualmente comanda o Blog do Allan Simon, é colaborador do UOL e colunista do Torcedores, tendo também um canal no YouTube com análises, histórias e estatísticas de mídia esportiva e futebol em geral.

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