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Seleção Olímpica joga bem, vence o Uruguai sem dificuldades, mas ainda precisa de ajustes na defesa; entenda

Equipe comandada por André Jardine mostrou bom jogo coletivo na vitória por 3 a 1 sobre a Celeste

Por Luiz Ferreira em 23/01/2020 11:04 - Atualizado há 10 meses

Lucas Figueiredo / CBF

Equipe comandada por André Jardine mostrou bom jogo coletivo na vitória por 3 a 1 sobre a Celeste

Quem viu a estreia da Seleção Brasileira Sub-23 no Pré-Olímpico da Colômbia diante do Peru e assistiu à vitória relativamente tranquila sobre o Uruguai nesta quarta-feira (22) pôde perceber uma sensível melhora da equipe de André Jardine. Não somente pelo retorno do atacante Matheus Cunha (um dos destaques do escrete canarinho), mas por todo o conjunto e por tudo que eu e você vimos Estádio Hernán Ramírez Villegas. O Brasil teve mais consistência no ataque, foi envolvente nas trocas de passe e muito mais objetivo nas conclusões a gol. Vale destacar aqui as boas atuações de Pedrinho, Bruno Guimarães, Matheus Henrique e do já citado Matheus Cunha. O grande problema segue sendo o sistema defensivo do escrete canarinho. Não foram poucas as vezes em que a dupla de zaga formada por Nino e Robson Bambu ficou exposta. O resultado foi excelente. Ainda mais nesse início de competição. Mas a equipe de André Jardine precisa de ajustes para a sequência do Pré-Olímpico.

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A única mudança na Seleção Brasileira foi a entrada de Matheus Cunha no lugar de Yuri Alberto no comando de ataque. No mais, o time comandado por André Jardine manteve a postura ofensiva e a formação usual no 4-2-3-1 preferido de seu treinador, mas com algumas diferenças. Matheus Henrique e Bruno Guimarães se revezavam no papel de “regista” da equipe, se alternando no apoio ao ataque e na organização da saída de bola entre os zagueiros da Seleção Olímpica. Os laterais Guga e Caio Henrique jogavam mais por dentro para ajudar na armação das jogadas e os pontas Paulinho e Antony abriam o campo. Foi dessa maneira que saiu o primeiro gol brasileiro. E justamente numa jogada treinada à exaustão por André Jardine. Defesa uruguaia aberta, Matheus Cunha puxou a marcação do zagueiro e Pedrinho atacou o espaço vazio e completou o belo cruzamento de Antony. A Seleção Olímpica abria o placar poucos minutos depois de quase ser vazada num vacilo da defesa.

Antony e Paulinho (fora da imagem) abrem o campo, Matheus Cunha abre espaços e Pedrinho parte sem marcação para abrir o placar. Mais atrás, Matheus Henrique e Bruno Guimarães se revezavam na organização da saída de bola junto com os laterais e no apoio ao ataque. Organização e intensidade. Foto: Reprodução / SporTV.

Além da intensidade na troca de passes e na movimentação do time em campo, essa Seleção Olímpica também mostrou outra marca importante: a marcação sob pressão. André Jardine sabe que tem um elenco com características ofensivas em mãos e conseguiu encaixar bem os talentos e características de cada jogador na vitória sobre o Uruguai. Pouco antes de Matheus Cunha sofrer o pênalti que ele mesmo converteu (com uma “meia” paradinha), todo o time brasileiro se posicionou na intermediária ofensiva de modo a cortar as linhas de passe do adversário e dificultar ao máximo a saída de bola. Até mesmo os laterais participavam da marcação chegando por dentro e pressionando os volantes uruguaios. A pressão deu certo e o segundo gol da Seleção Olímpica saiu de mais um conceito implementado por André Jardine durante os treinamentos. Aliás, vale lembrar que sempre que a equipe Sub-23 sempre teve superioridade sobre seus oponentes quando forçou o erro e colocou intensidade na marcação.

O segundo gol da Seleção Olímpica saiu da pressão em cima do portador da bola na intermediária ofensiva. Matheus Cunha roubou a bola do zagueiro uruguaio e sofreu o pênalti que ele mesmo converteu sem dificuldades. A imagem mostra como o posicionamento dos jogadores brasileiros cortava as linhas de passe do Uruguai. Foto: Reprodução / SporTV

Outro ponto positivo da equipe comandada por André Jardine na vitória sobre o Uruguai foi a transição ofensiva. Já com Bruno Tabata e Pepê nos lugares de Antony e Paulinho, a Seleção Olímpica manteve seu 4-2-3-1 com pontas “invertidos” (um canhoto na direita e um destro na esquerda) e aproveitou bem os espaços deixados pelo seu adversário. A equipe brasileira seguia desperdiçando várias chances de ampliar o placar (outro ponto que merece atenção dos jogadores e de André Jardine nos próximos dias), mas sempre saía para o ataque com passes curtos e aproximação entre os setores. Prova disso é posicionamento do ataque brasileiro quando Matheus Henrique recebeu a bola no meio-campo e deu o passe que resultaria no gol de Pepê, o terceiro da Seleção Olímpica na partida. Seja com os laterais chegando por dentro, com os pontas abrindo o campo ou com os jogadores de referência no ataque, o escrete canarinho mantém o padrão de sair com a bola no chão usando passes curtos. Boa atuação.

Matheus Henrique recebe a bola no meio-campo e Pepê, Bruno Tabata e Matheus Cunha se lançam no espaço vazio para receber o passe em profundidade. O passe saiu de gremista para gremista e a Seleção Olímpica faria seu terceiro gol na partida em mais um conceito implementado por André Jardine. Foto: Reprodução / SporTV

Mas nem tudo são flores. Como fala o título desta análise, a Seleção Olímpica precisa de ajustes no seu sistema defensivo. Muito por conta de dois fatores importantes: o primeiro está no entrosamento da dupla de zaga. Nino e Robson Bambu não jogaram juntos antes do início do Pré-Olímpico e mostram uma certa hesitação em determinados momentos. E o segundo está na própria essência da Seleção Sub-23: o estilo adotado por André Jardine é bastante ofensivo e requer atenção redobrada nos contra-ataques adversários. Se o escrete canarinho se complicou diante do Peru, as coisas só não desandaram contra o Uruguai por conta de pura sorte. Se Ramírez tivesse marcado logo aos três minutos de jogo para o Uruguai, as coisas poderiam ter ficado ainda mais complicadas. E vale destacar também os problemas no posicionamento defensivo nas bolas paradas. André Jardine até chegou a dedicar parte do treinamento para isso, mas o Brasil foi vazado pela primeira vez num lance originado de uma cobrança de escanteio.

O saldo das duas partidas da Seleção Brasileira é bastante positivo apesar dos problemas apontados por este que escreve. No entanto, é preciso ter bastante atenção e aproveitar o período sem jogos para descansar e corrigir os erros. A tendência é o grau de dificuldade da competição ir aumentado jogo a jogo. E qualquer vacilo pode ser fatal.

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