Colunista do Torcedores.com avalia o começo de ano do São Paulo
São poucas partidas, oficiais e não oficiais, até agora. Mas o São Paulo, diferentemente de seus rivais, por exemplo, manteve o treinador, seu time-base e praticamente todo elenco em relação à temporada passada. Sendo assim, seus primeiros sinais em 2020 são significativos, sim.
Para responder logo a pergunta, antes de entrar na análise, o time de Fernando Diniz nem progrediu e nem regrediu para mim. Digamos que esteja “estacionado”, o que não deixa de ser um sintoma preocupante.
Se esperava, depois da pré-temporada e da disseminação das ideias do treinador, que houvesse um progresso; nem que fosse mínimo. Mas as qualidades e os defeitos que a equipe apresentou na reta final da temporada passada estão ali mantidos, quase intactos.
O São Paulo deste ano continua sendo um time difícil de ser vazado. Tem um goleiro e uma linha de defesa sólidos. Mais que isso (e aí ponto para Fernando Diniz): a parte do controle de jogo, o meio com Tchê Tchê, Dani Alves (como armador) e Vítor Bueno (auxiliando na construção) se solidificou.
Mas as mazelas principais de 2019 ainda incomodam demais. O São Paulo continua sendo um time sem agressividade. E aí estamos falando do aspecto ofensivo (uma equipe pouco criativa, aguda ou profunda) e também da postura. O São Paulo de Diniz não parece ter a fome de um time que vive um jejum incômodo de títulos. O São Paulo não incomoda e parece não se incomodar. Falta, digamos, alma.
Talvez seja um reflexo do comando maior, algo como o “Flamengo-Banana” de anos atrás, de pouca cobrança e desconforto, que esteja acima e contagia negativamente treinadores e jogadores.
Mas voltando para dentro do campo. Diniz cometeu um erro no início do ano ao tentar simular o time que terminou razoavelmente bem o ano passado. Em vez de buscar alternativas num elenco que as oferece, apenas elegeu os substitutos de Igor Gomes e Antony (na seleção pré-olímpica) e insistiu na formação.
Pois Hernanes ainda não se mostrou capaz de assumir o posto de titular absoluto, ao lado de Daniel Alves, e Helinho, com a mesma canhota e parte da habilidade de Antony, não tem 1/10 da competitividade do titular. A lesão de Helinho e a sequência de jogos, que impõe a preservação de alguns jogadores, fará com que Diniz mexa na equipe e em parte daqueles conceitos enraizados.
Ele vai ter mais algumas chances de acertar. Mas o técnico do São Paulo joga contra o tempo. O grupo do São Paulo na Libertadores não permite que Diniz e seus comandados sigam estacionados ou evoluindo a passos de cágado.
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