Contra o Manchester United, na Copa da Liga, o City surpreendeu Solskjaer com um sistema sem centroavante
O dérbi de Manchester é a grande atração da semifinal da Copa da Liga Inglesa na atual temporada. Embora seja o torneio nacional de menor relevância, a rivalidade já muda o tamanho do confronto. E a própria situação da Premier League modifica a maneira de olhar para as possibilidades de taças nas copas.
A vitória do United no clássico de dezembro, pelo campeonato, era outro elemento importante. Solskjaer conseguiu o melhor desempenho de sua equipe justamente em estratégias específicas para encarar os rivais Liverpool e Man City.
Só que, por mais que cada jogo seja uma história diferente, há sempre uma bagagem carregada de duelos anteriores. E Guardiola soube explorar as lições da derrota para se adaptar.
Se o United tentaria novamente encaixar a marcação e impor um ritmo alto na marcação, coube ao City mexer no tabuleiro. Com Aguero e Gabriel Jesus no banco, a escalação surpreendeu. E não foi Sterling quem atuou centralizado no ataque, função que chegou a desequilibrar clássico nos tempos de Mourinho.
Guardiola optou por um meio preenchido por meias que se movimentavam incansavelmente, sempre criando opções de passe e gerando superioridade numérica contra os volantes do United. Se Lingard tinha a função de pressionar Rodri, outros três ou quatro jogadores circulavam no setor de Andreas Pereira e Fred.
Bernardo Silva era o jogador mais adiantado. Quem mais se aproximava do espaço esperado por um camisa 9, mas muito distante da referência que um centroavante representaria. O português, que chegou a jogar como falso 9 pela seleção sub-21 no Europeu da categoria em 2015, tinha liberdade para aparecer não só pelos lados, mas também próximo dos volantes na saída de bola.
Kevin de Bruyne era outro que partia da posição de um segundo atacante mas não tinha espaço fixo. Com Mahrez e Sterling nas pontas, os quatro jogadores mais avançados trocavam posições constantemente.
O golaço de Bernardo Silva, o grande destaque individual da partida, abriu caminho para um primeiro tempo de enorme superioridade. O Manchester City chegou a abrir 3 a 0 e poderia ter feito mais. No fim, o 3 a 1 saiu barato para o United, que só conseguiu reagir na segunda etapa, colocando Matic para proteger melhor o meio.
Não foi exatamente a vitória do falso 9 na figura de apenas um jogador. Foi a execução do conceito do falso 9, muito explorado por Guardiola nos tempos de Barcelona com a figura de Lionel Messi. Agora, com um trabalho coletivo, a ideia se mostrou útil mais uma vez. Preencher o meio com mobilidade e opções de passe serviu para quebrar os encaixes de marcação. Além dos volantes adversários sobrecarregados, a zaga ficou sem referência na marcação e sofreu com as projeções de diferentes jogadores.