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Rubro Negro exige maior cota alegando apresentar números de audiência superiores aos de seus rivais durante o Estadual do Rio
Na noite de quinta-feira, durante o evento de lançamento do Campeonato Carioca, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, deu uma declaração impactante. O mandatário rubro-negro argumentou que os índices de audiência seriam a razão pela qual o clube não fechou contrato com a Rede Globo para televisionamento de seus jogos no Estadual
-O percentual proposto pelo contrato é igual aos dos outros três grandes times, quando o Flamengo sozinho é maior, em termos de demanda, do que os três somados – alegou.
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As palavras de Landim repercutiram, tanto nas redes sociais quanto no meio jornalístico. E alimentaram um debate a respeito do quanto as audiências do Flamengo seriam maiores do que a de seus rivais estaduais.
Por se tratar de um torneio de tiro curto, não é apropriado utilizar apenas uma edição como parâmetro. O Campeonato Carioca de 2019, por exemplo, simplesmente não teve partidas do Botafogo veiculadas em TV aberta. Flamengo e Vasco tiveram oito jogos cada, e o Fluminense cinco. Adicionalmente, os clubes que chegam às finais (ano passado, Flamengo e Vasco) sempre apresentam números melhores. Por fim, questões relacionadas ao dia da semana e ao porte das partidas (clássicos ou não) podem beneficiar ou prejudicar alguns times.
Por conta disto, soa apropriado agregar algumas edições do torneio. Conjugando os Cariocas de 2017, 2018 e 2019, tem-se um panorama mais claro. No período, Flamengo e Vasco chegaram a duas finais, enquanto Fluminense e Botafogo decidiram uma vez.
O somatório das três edições mostra que o Flamengo teve 22 partidas em TV aberta, contra 18 do Vasco, 16 do Fluminense e 12 do Botafogo. A distribuição entre clássicos e jogos pequenos é perfeita nos casos flamenguista (11 de cada) e vascaíno (9 de cada), beneficiando a análise. Tricolores foram um pouco mais veiculados em clássicos (9 contra 7), enquanto botafoguenses apareceram na TV quase sempre contra seus principais rivais (9 a 3), o que enviesa seus números.
Na amostra total, o Flamengo apresentou audiências entre 18 e 20% superiores às dos rivais. Em clássicos, a supremacia rubro-negra alternou de 11% a 22%. A principal discrepância é verificada em jogos de grandes contra pequenos, quando o Fla supera Vasco, Flu e Bota em magnitudes que variam de 25% a 45%. Não à toa, o excesso de partidas de baixo apelo se tornou uma das principais bandeiras da TV Globo contra os estaduais.
Tendo os clássicos como tábua de salvação, torna-se imperativo analisá-los em separado. Até porque estes jogos também possuem “puxadores de audiência” – que no caso pode ser o próprio Flamengo. Segue o perfil dos clássicos dos últimos três Campeonatos Cariocas:
De 19 confrontos televisionados entre rivais, 11 (58%) envolveram o Flamengo e 8 (42%) ficaram sem ele. A audiência média com o Rubro-Negro foi de 34 pontos e 57% de participação. Quando os jogos não o envolviam, 26 pontos com 48%. A diferença a favor do clube da Gávea, nesta circunstância, foi de 31%.
O problema é que todos estes números se referem apenas ao mercado do Rio de Janeiro, onde Vasco, Fluminense e Botafogo somam mais de 35% da torcida. Estes números não encontram paralelo em nenhuma outra praça. E o Campeonato Carioca, em condições normais, é transmitido para mais de 15 estados – este ano podendo chegar a 16. Com este elemento em mãos, é provável que as audiências a favor do Flamengo sejam ainda maiores nacionalmente.
Mas existe uma última questão: as negociações com a Globo envolvem todas as plataformas, não apenas TV aberta. Neste bolo entram, portanto, vendas de pay per view, já que os pacotes das operadoras de TV por assinatura incluem estaduais e Brasileirão no mesmo preço. Neste caso, o Flamengo realmente aparece bem à frente dos adversários somados.
Resumindo: em termos mercadológicos, o Flamengo vende e proporciona maiores audiências do que Vasco, Fluminense e Botafogo. A questão gira em torno de quanto mais o Rubro Negro pode conseguir. Se é que a compradora dos direitos estará disposta a abrir um precedente, individualizando valores pagos a nível estadual.
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