O Dr. Sherman Leis, pioneiro em cirurgias de readequação de gênero, fez pedido enfático para que atletas trans possam estar em Tóquio
Faltam menos de 200 dias para o início dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Todavia, atletas transgêneros não sabem se poderão participar do evento devido a falta de clareza nas diretrizes definidas pelo COI. Todavia, tais critérios que definem quais transgêneros podem participar de eventos de elite “são baseadas em ideias preconcebidas sobre pessoas trans que acabam excluindo a maioria dos atletas” segundo o Dr Sherman Leis.
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As diretrizes do COI sobre o assunto foram modificadas em 2015 e perduram até hoje. Sendo assim, elas implicam que mulheres transgênero podem competir nos esportes femininos. Porém, seu nível de testosterona deve estar abaixo de 10 nano mols por litro por pelo menos um ano antes de competir e durante a competição.
Ademais, o Dr Sherman Leis, co-fundador do Centro de Cirurgias Transgênero da Filadélfia está confiante de que as autoridades do esporte estão atentas ao assunto. “A comunidade médica têm protocolos bem sucedidos sobre o tratamento de pacientes transgêneros. E essa é a minha esperança para que os organizadores façam um trabalho melhor observando essas recomendações” disse o doutor.
Por que as atletas transgêneros devem ter o direito de participar das competições?
Um dos argumentos mais usados nos debates sobre atletas transgênero é o de que sua presença em competições femininas seria injusta e deixaria em desvantagem as mulheres cisgênero. Principalmente, se afirma que elas teriam vantagens, devido ao tamanho e força desenvolvidas na puberdade.
Os cientistas ainda não entraram em um consenso sobre como criar uma maneira justa de incluir as trans nos esportes. “A diminuição de testosterona por pelo menos um ano teve efeito suficiente na redução de massa muscular, força e energia. E isso pode ser uma evidência de justiça até mesmo para quem não tem conhecimentos sobre medicina, baseado na baixa frequência de transgêneros campeões no esporte” disse Sherman Leis. “Nós só precisamos observar se o COI pode reconhecer a humanidade dos atletas transgêneros e desejar que eles consigam se preparar pontualmente para os jogos em Tóquio” finalizou o doutor.
Por que as mulheres transgênero não deveriam disputar em competições femininas?
Como foi dito anteriormente, as diretrizes do COI, formuladas em 2015, permitem a presença de atletas trans em categorias femininas. No entanto, seu nível de testosterona tem que se manter abaixo de 10 nano mols por litro por pelo menos um ano. Entretanto, esta norma é questionada pelo Instituto Karolinska da Suíça. Ao passo que seus estudos mostram que a diminuição nos níveis de testosterona tem um efeito muito pequeno na redução de massa muscular em mulheres transgênero. Portanto, isso indicaria que as atletas trans teriam vantagens adquiridas em suas puberdades que perdurariam mesmo após os tratamentos.
Opiniões de algumas atletas sobre o assunto
Varias atletas como Sharron Davies, nadadora aposentada, e Ana Paula, ex jogadora de vôlei, já falaram sobre possíveis prejuízos para as mulheres quando enfrentam atletas trans. Sendo assim, a medalhista de ouro nas Olimpíadas de 1980, Sharron Davies acredita que “Há uma diferença fundamental entre o sexo binário com o qual você nasce e o gênero que você se identifica. Para se proteger as mulheres, as atletas que tem vantagens masculinas não devem competir na categoria feminina” disse Davies.
Já Ana Paula pontuou sobre a possibilidade de perda de espaço das mulheres no esporte. “O ponto perigoso é que essa inclusão, por mais floreada que coloque nessa palavra, no esporte essa inclusão significa exclusão de mulheres. Incluir atleta trans no esporte feminino, que para o esporte são homens biológicos? A vida tem limites. Eu acho que não existe campo mais inclusivo que esporte. Não olha raça, posição política, religião, nem nada disso…Esporte é baseado em homens em mulheres e países competindo entre si. Em momento algum atletas trans estão sendo excluídas do ambiente esportivo. São muito bem vindas como técnicas, psicólogas, estatísticas…” afirmou a ex-atleta no programa Grande Círculo da SporTv, do dia 28/12/2019.
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