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Aira Bonfim: Cristiane, você está feliz? A pergunta correta para uma atleta que almeja ser profissional

Mercado da bola é sempre assunto em janeiro, mas dessa vez o futebol feminino também virou notícia

Por Aira Bonfim em 18/01/2020 06:13 - Atualizado há 10 meses

Mercado da bola é sempre assunto em janeiro, mas dessa vez o futebol feminino também virou notícia

Até que se prove o contrário, o futebol praticado entre jogadores e jogadoras representantes dos clubes nacionais e internacionais é trabalho e pronto. Mas entre trabalhar e ser profissional existe uma lacuna gigantesca. E dito isso, amor e paixão a gente mantém entre torcedores e seus dirigentes, e só.

Abrem-se as janelas!

O ano mal tinha começado e curiosamente – e  talvez pelo primeira vez na vida da minha timeline – a “janela de transferência” de jogadoras brasileiras virou notícia nos veículos tradicionais de esporte.

Insisto na surpresa porque euzinha, que tenho acompanhado a modalidade há algum tempo, observo a produção de notícias dessa natureza a princípio quando jogadoras fechavam contratos com times estrangeiros e ainda assim, a partir de um bolha de informações destinadas e especializadas para quem curte a modalidade feminina.

Pois é… mas o mundo está mudando e com o boom positivo que o futebol de mulheres tem construído a cada oportunidade, vem também o desafios de um futuro assim… ou “igual” ao futebol masculino, ou quem sabe… diferente, e por isso oportunamente próprio, potente, feminista, humano e por que não, profissional?

Então já deixo a pulga para vocês aqui:

Qual o futuro do futebol feminino que realmente desejamos?

(mas péra, lá! vamos pensar e responder com muita, mas muita calma…..)

O Mercado ou… Mercenárias? Oi??

Entre as primeiras notícias sobre as janelas de venda de jogadoras, me chamou a atenção as acusações de trairagem entre torcedores a respeito da saída da meia Ary Borges, que foi camisa 10 do São Paulo FC, junto com Ottilia, também ex-tricolor – ambas para a equipe do Palmeiras.

Essas jogadoras estão no inícios dos seus 20 poucos anos e talvez seja uma grande oportunidade e novidade a oferta de uma proposta de salário e perspectivas de trabalho melhor. Todo mundo que já passou por isso sabe como é a sensação. ( é boa né!?)

Curiosamente, o futebol de mulheres, por viver tantas décadas de migalhas de investimento, coloca na conta dessas atletas, o peso do retrocesso de um esporte tão estigmatizado pelo machismo.

Vejam comigo.

É um mercado esportivo, certo? (vulgo, um emprego melhor)

A garota cumpriu com as obrigações dela ao longo da temporada de 2019: se apresentou, se destacou, fez gols, ganhou visibilidade e naturalmente………..recebeu outras propostas de trabalho!!

Pois é, mas nesse caso parece que uma camisa pesada como a do SPFC, pesou demais da conta. O que deveria ser um projeto de trabalho, ficou parecendo um projeto de caridade. E para as jovens oportunamente reveladas, fica o “elefante clubístico” de não poder procurar outros caminhos melhores do que os oferecidos pelo time tricolor.

“Ah mas ela é declaradamente uma torcedora e bla bla bla….”

Nei vou comentar sobre isso… perda de tempo pra mim e para vocês….

Vai ser feliz Cristiane!

Ainda na cena tricolor, Cristiane Rozeira – uma das melhores do mundo e outra contratada da temporada 2019 – também ressurgiu nos burburinhos de quem fica ou saí do SPFC.

Cris teve uma temporada lesionada, fato que a manteve por diversas ocasiões fora de campo (quem nunca futebol masculino? Oi Neymar?). O fato foi contornado com muita propaganda e visibilidade da marca tricolor vestida pela maior artilheira dos Jogos Olímpicos e babadeira de gols na última Copa do Mundo.

Pois é.

Mas como se diz na minha terra, Cris é “macaca velha”, e sabe que não está jogando por migalhas e por caridade. Ela deseja, tanto pessoalmente, como coletivamente, uma melhor qualificação do futebol de mulheres no Brasil. Em outras palavras, ela não estava feliz no São Paulo!

Perto dos outros exemplos de clubes conhecidos ao longo do ano passado, o SPFC pareceu não ter fôlego para realmente faz jus à expectativas das atletas e fãs da modalidade. E reitero isso porque há anos reivindicamos um futebol feminino que seja profissional e responsável coma trajetória e formação dessas mulheres.

Ser atleta é um trem que passa assim, vrum! Voando!

Mas a Cris não era profissional lá no SPFC Aira?

No baby, profissionalismo é carteira assinada, vale alimentação, saúde e a coisa toda!

Aliás, muitos jogadores homens também não são registrados apesar de seus significativos salários…

Cristiane foi cobrada por uma fictícia fidelização num clube de futebol. Queriam dela amor, dedicação, saúde total mas… e uma carteira registrada? E os projetos de futuro do clube?

Profissionalismo é uma vertente de duas mãos, no caso, dos clubes com as jogadoras e vice e versa. É como ambos demonstram sua seriedade a respeito do trabalho.

Carteira assinada

Santos e Corinthians abriram a temporada de 2020 com a carteira registrada de suas funcionárias jogadoras. Além do tratamento como profissional, atletas desejam e necessitam de contratos profissionais, CLT mesmo!

O futebol feminino não é uma vertente do masculino. A profissionalização em curso, tem nos dias atuais a oportunidade de desenvolvimento de uma modalidade sem os mesmos vícios corruptíveis e charlatanismos vivenciados pelo futebol dos homens.

Jogar é trabalho e com essa simples afirmação aprimoram-se todas as relações e convivências dentro de um ambiente de clube.

Direitos e Deveres.

Abusos e Obrigações.

Regras e limites.

Cristiane anunciou na quinta-feira o seu retorno para o Santos, clube que a projetou nos campeonatos nacionais e internacionais de anos atrás e que se vê hoje com condições de oferecer contratos mais dignos às suas atletas.

Cito a amiga e jornalista Lu Castro que tem batido na tecla para que as jogadoras tenham cada vez mais clareza sobre sua condição de classe nesse mundo.

Quem trabalha é trabalhador.

Ser estrela não prescinde de saber o seu lugar nessa cadeia social.

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